O processo de venda da Nossa Caixa para o Banco do Brasil avançou mais um passo ontem, mas ainda não foi concluído. A operação foi discutida em reunião no Palácio do Planalto entre o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva; o ministro da Fazenda, Guido Mantega; e o governador de São Paulo, José Serra. Depois de cerca de duas horas de discussões, Mantega deixou claro que a operação será concluída, no entanto, não detalhou o negócio.
A decisão de fazer uma fusão, uma aquisição, já foi tomada no passado – disse o ministro da Fazenda. Era uma referência ao fato relevante de 21 de maio, no qual foi comunicada ao mercado a proposta do Banco do Brasil ao governo paulista de realizar a incorporação da Nossa Caixa. – Falta definir o valor geral, as condições em que vai ser feito, quais os ativos que permanecem – disse Mantega.
Segundo Mantega, o tema está sendo discutido no nível técnico, entre especialistas do BB, da Nossa Caixa, da Fazenda estadual e da Fazenda federal. O ministro evitou falar se será mantida a proposta de incorporação, conforme anunciado originalmente e única alternativa viável em maio, quando do início das tratativas, ou se o Banco do Brasil irá comprar diretamente a Nossa Caixa, conforme passou a ser permitido depois da edição da Medida Provisória 443. Essa MP permite que BB e a Caixa Econômica Federal comprem outras instituições financeiras, mas ainda depende de aprovação do Congresso Nacional. Ou seja, a decisão está em vigor, mas pode sofrer alguma alteração durante os trâmites no Legislativo.
A diferença prática é que se a opção for pela incorporação o processo seria mais demorado, porque necessita de medidas como assembléia de acionistas dos dois bancos, emissão de novas ações pelo BB, entre outras e o governo paulista receberia ações do BB em troca do repasse da Nossa Caixa. Pelo novo mecanismo da aquisição, seria possível colocar dinheiro vivo no caixa paulista.
Cauteloso, ao mencionar a operação, Mantega citou sempre em conjunto as palavras "fusão" e "aquisição". Recentemente, na negociação que resultou na incorporação do Banco do Estado do Piauí (BEP), já sob a vigência da MP 443, o BB acabou aplicando o mecanismo da incorporação.
Ontem os discursos trataram de evidenciar que o debate está na esfera técnica. "É uma questão que não está sendo levada para o plano político. É assunto sempre delicado que envolve mercado de ações, envolve CVM (Comissão de Valores Mobiliários)", ressaltou o governador José Serra ao final da reunião.
|