O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, endossou ontem a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de mudar o comando do Banco do Brasil para provocar a redução do "spread" bancário (diferença entre a taxa a que os bancos captam dinheiro e a que cobram em financiamentos). E previu que a taxa cairá neste ano.
Questionado sobre a interpretação no mercado de que a mudança no BB foi ingerência política, ele disse que o governo tomou a decisão "adequada às necessidades do país". "O BC não faz comentários específicos sobre instituições. Evidentemente, o governo federal, controlador majoritário do Banco do Brasil, tomou a medida que seria adequada, visando garantir o funcionamento da instituição, não apenas equilibrada e lucrativa, mas sintonizado com as necessidades do país", disse.
Segundo ele, medidas tomadas pelo governo para baixar o "spread" terão efeito prático já no primeiro semestre deste ano. Meirelles citou especificamente a elevação do valor de depósitos garantidos pelo Fundo Garantidor de Crédito.
Diante da crise e do risco de quebra dos bancos menores, o BC elevou a garantia dos depósitos de R$ 60 mil para R$ 20 milhões, o que elevaria a competição no setor e reduziria taxas. Também citou a pressão dos bancos públicos no mercado, como BB, Caixa e BNDES, para "restabelecer a normalidade do crédito e do "spread" no Brasil".
Folha de S. Paulo |