Apenas nos cinco primeiros meses do ano, 611 acidentes com ciclistas foram registrados em Fortaleza pela Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania (AMC). O número representa uma diminuição de 9,8% em relação ao mesmo período de 2008, mas evidencia que a Cidade ainda precisa melhorar a convivência com as bicicletas. Também até maio, 13 pessoas morreram em acidentes envolvendo essa alternativa de transporte cada vez mais defendida nacional e globalmente. No ano passado, um ciclista foi ferido a cada 6 horas e 30 minutos em Fortaleza.
De acordo com os órgãos de trânsito, os próprios ciclistas precisam prestar mais atenção à sinalização e investir nos itens de segurança. Para a diretora de Planejamento do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-CE), Lorena Moreira, não dá para culpar apenas os motoristas ou a quantidade insuficiente de ciclovias pelos acidentes. ``Os ciclistas insistem em não usar as ciclovias. Onde não há ciclovias, eles devem se conduzir na mesma mão do carro. Mas o que nós vemos é o contrário``.
Nas ciclovias de Fortaleza por onde O POVO passou foi mais fácil encontrar as bicicletas disputando espaço nas vias com os carros. Como justificativa, os buracos, a dificuldade de acesso e o medo dos assaltos. No entanto, para Lorena, o que aparece muitas vezes é o descaso em relação aos equipamentos, semelhante ao dos pedestres com as passarelas.
Ciclistas, aliás, também são considerados pedestres quando estão desmontados, levando a bicicleta de lado. É o que estabelece o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Já trafegando na via, a bicicleta é mais um veículo. A chefe da Divisão de Educação para a Cidadania no Trânsito da AMC, Raphaela Alves, acredita ser preciso que os ciclistas tenham essa consciência e passem a obedecer a sinalização, as preferências entre as ruas e a distância em relação aos carros. Um outro alerta é para a falta de itens de proteção, principalmente no perfil de quem usa a bicicleta como meio de transporte. Quem faz ciclismo como esporte costuma se proteger mais. Apesar de o capacete não ser obrigatório para ciclistas no CTB, ela reforça a importância dele diante da fragilidade de quem anda de bicicleta em caso de acidente. Os motoristas, segundo ela, também precisam aprender um princípio que deveria nortear sua conduta em relação a quem anda de bicicleta ou a pé. ``O maior tem que ter cuidado e zelo com o menor``, afirma.
Cláudio Silva, arquiteto do Programa Bicicleta Brasil, do Ministério das Cidades, aconselha os ciclistas a trafegarem com mais segurança nas vias secundárias, de menor movimento. E reforça que falta de estrutura específica não deve ser motivo para deixar de andar de bicicleta. Pelo contrário: ``Quanto mais ciclistas nas ruas, mais os gestores vão perceber essa questão``, diz.
NÚMEROS
ACIDENTES COM CICLISTAS EM FORTALEZA
> 2008 (janeiro a maio): 678
> 2009 (janeiro a maio): 611
NOS ÚLTIMOS TRÊS ANOS:
> 2006: 2051
> 2007: 1599
> 2008: 1552
>Em 2008, as mortes de ciclistas representaram 17,6% do total de mortes em acidentes de trânsito em Fortaleza.
E-MAIS
DICAS PARA ANDAR DE BICICLETA COM TRANQUILIDADE
> Mantenha-se à direita
> Evite ruas movimentadas
> Faça-se visível, nas atitudes e nas roupas
> Não responda provocações
> Ande no mesmo sentido do tráfego. Os motoristas poderão vê-lo a uma distância suficiente que lhes permita desviar de você.
O QUE DIZ O CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO:
Art. 58: Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores.
Art. 105: Itens de segurança: campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e espelho retrovisor do lado esquerdo.
Art. 21: Compete aos órgãos e entidades executivos rodoviários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição:(...) II - planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsito de veículos, de pedestres e de animais, e promover o desenvolvimento da circulação e da segurança de ciclistas.
Fonte: Jornal O Povo |