Após uma das mais graves crises financeiras da história, os executivos de bancos de investimento no Brasil deverão ganhar neste ano bônus em média 30% acima dos obtidos no início de 2009, segundo relatam banqueiros. Mesmo os dirigentes de instituições financeiras internacionais com presença no Brasil deverão aferir seus ganhos de acordo com os lucros no país: não serão afetados pelo corte nos bônus a nível mundial.
Apesar de superiores aos pagos no início de 2009, os bônus deste ano não deverão superar os recebidos em janeiro ou fevereiro de 2008, após o recorde no mercado de emissão de ações de 2007 ter proporcionado ganhos sem precedentes para os bancos de investimento no país: US$ 2 bilhões em comissões somente com a atividade.
Em 2007, foram captados US$ 37 bilhões com ações, na comparação com US$ 25,5 bilhões no total de 2009. Os ganhos dos bancos com a atividade em 2009 devem ficar entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão.
Apesar disso, dependendo da posição ocupada e do banco, há casos em que a remuneração superou a de 2007, segundo presidente de banco estrangeiro.
Lá fora, a tendência geral tem sido de remunerações em alta, diante da recuperação dos resultados das instituições em relação às perdas generalizadas de 2008.
Isso tem desagradado a população dos países ricos. Afinal, os pacotes de ajuda trilionários que fizeram estourar o déficit público nos Estados Unidos e Europa engordaram mais os ganhos dos dirigentes dos bancos do que melhoraram a situação da população, que continua envolta em um mundo de desemprego crescente, crédito em retração e falência de empresas e bancos.
No Brasil, com pouca tradição de pagamento de bônus por meio de ações, os bancos nacionais, como o Bradesco BBI e o Itaú BBA, tenderão a dar a seus executivos parcela maior em dinheiro. No BTG Pactual, os bônus foram "mais para o padrão Pactual do que para o padrão UBS", diz um executivo, referindo-se à maior agressividade no pagamento.
Fonte: Valor Econômico |