Com R$ 20,8 bilhões em operações de crédito realizadas ao longo do ano passado - sendo R$ 9,2 bilhões só de recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) -, o Banco do Nordeste, finalmente, vai poder contar com uma operação de crédito suplementar de R$ 10 bilhões do Tesouro Nacional. O pedido, feito em público pelo presidente da instituição financeira, Roberto Smith, ao presidente Lula da Silva, foi prontamente atendido.
"Faço este apelo, senhor presidente, porque ando correndo de um lado para o outro. Vou ao Mantega (Guido Mantega, ministro da Fazenda) e ele me manda ir ao Luciano (Coutinho, presidente do BNDES)", disse Smith, acrescentando que o BNB, hoje o 8º maior banco nacional e detentor de 65% da carteira de crédito de longo prazo do Brasil, precisa de R$ 10 bilhões para conseguir elevar seus financiamentos a R$ 30 bilhões até o fim deste ano, atendendo a toda a demanda do Nordeste, sendo R$ 6 bilhões para obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
"Pense num cabra inteligente esse Roberto Smith. Com um nome desses, eu seria presidente do Banco Central Americano. Eu venho aqui, ele me pede R$ 10 bilhões, me dá uma ´facada´ dessas e me entrega uma plaquinha", brincou Lula, iniciando seu discurso na solenidade que marcou os cinco anos do Agroamigo, o programa de microcrédito orientado do BNB. O presidente disse isso se referindo ao pedido de empréstimo do BNB e à placa que recebeu por sua contribuição à agricultura familiar. Lula lembrou que essa é a última vez que vem ao BNB como presidente. E destacou que não há investimento mais barato que fazer empréstimo para os pequenos produtores.
"Em qualquer circunstância, as camadas mais pobres da população dão menos calote que as mais ricas", disse, refletindo sobre a informação dada por Smith de que a inadimplência do BNB caiu de 37,5% para 3,3% em sua gestão. "Quem lida com a honra e com o nome como patrimônios tem medo de dever", frisou.
Estímulo a empréstimo
Para Lula, o que aconteceu com os bancos públicos - como BNB, a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil e o BNDES - deve servir de estímulo para que o próximo governo empreste ainda mais. "Antes, a gente emprestava pouco dinheiro para muitos e muito dinheiro para poucos", falou Lula.
O presidente lembrou que, em março de 2003, o volume de crédito disponível no Brasil era de R$ 380 bilhões. "Éramos um país de economia capitalista sem capital". Hoje, o crédito no País chega a R$ 1,5 trilhão, graças ao desempenho de bancos públicos. "E o que vai acontecer é que o BNB vai ter os seus R$ 10 bilhões por esse efeito inusitado de o crédito estar crescendo do Nordeste, para grandes e médios empreendimentos e para a agricultura familiar".
"Se a gente continuar neste ritmo, pode passar pelo Nordeste nos próximos dez anos e perceber uma revolução que não estava contada nos livros de história", completou.
Fonte: Diário do Nordeste |