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19/11/2010 |
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Sexta-feira, 19 de novembro de 2010 |
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52% dos negros estão na informalidade |
Maioria no mercado de trabalho da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), a população negra e parda tem 52,1% do seu contingente trabalhando na informalidade, de acordo com a Pesquisa do Emprego e Desemprego (PED) realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Ceará (Dieese-CE).
A base de cálculo para esta estimativa foram indicadores de 2009. Já o dado acima foi destacado pelo coordenador da PED, Ediran Teixeira, e corresponde à soma dos percentuais de negros e pardos ocupados no Setor Privado sem carteira de trabalho (14,2%) com o dos Autônomos (27,3%) e dos Empregados Domésticos (10,6%).
De acordo com Ediran, os números evidenciam que a população negra é maioria também nos serviços que demandam maior trabalho braçal. Na PED, da população ativa lotada na Construção Civil (5,9% considerando negros e não-negros), a população negra masculina registra maior ocupação no setor (11,6%) frente ao contingente não-negro (8,3%) masculino.
Resultado semelhante é encontrado também no setor de Serviços Domésticos, onde, segundo a PED, a população negra tem quase o dobro da não-negra empregado no setor: 21,3% versus 12,2%.
Jornada x salário
"Quando os negros e os pardos pressionam o mercado de trabalho e não encontram ocupação, eles tendem a se precarizar, ou seja, submetem-se a grandes jornadas e a baixos salários", analisa o coordenador da PED. Na análise da jornada versus salário, outra desigualdade foi apontada pela pesquisa: mesmo nos serviços onde os negros e pardos têm mais presença, o salário deles é menor que os dos não-negros ocupados no setor.
Este contraste foi apontado tanto na Construção Civil, onde a média do salário do negro é de R$ 587 e dos não-negros R$ 775, como em Serviços ( R$ 909 x R$ 1,280), Comércio (R$ 661 x R$ 792) e Indústria (R$ 645 x R$ 879). A surpresa, de acordo com Ediran, foi o setor Serviços Domésticos, onde a diferença entre as remunerações foi "quase igual": R$ 339 x R$ 349.
Para o especialista, a desvantagem que a população negra enfrenta para conseguir emprego "remete a questões anteriores a questões da inserção, onde o ensino é precário e as condições de vida são mais severas se comparadas ao não-negro".
"Ninguém contesta que as políticas públicas tenham ajudado, mas os esforços não estão sendo respondidos pelo mercado de trabalho", finaliza.
Fonte: Diário do Nordeste |
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