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14/12/2009 |
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Edição Nº 1114 de 14 a 19 dezembro de 2009 |
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Em Fortaleza, Hospital trata doença com muita humanização |
A unidade de oncologia do Hospital Infantil Albert Sabin é referência no tratamento do câncer infantil, em especial da leucemia, o câncer que mais atinge crianças. Ali ficam internados pacientes de 0 a 19 anos, de Fortaleza ou do interior – como é o caso da maioria.
O tipo de leucemia que mais acomete os pequenos é a linfóide, considerada mais branda e com bom índice de possibilidades de cura – em torno 70%, de acordo com Izabel Monteiro, coordenadora da unidade de oncologia. Entretanto, há também muitos óbitos entre as crianças com câncer. Somente no mês de novembro, dez faleceram. Em julho, treze. Há meses em que não há óbitos, e há meses em que o número é baixo.
Com tantas incertezas, a criança e a família precisam de cuidados, e o Hospital disponibiliza duas psicólogas e uma estagiária, o que ainda não é o suficiente, devido ao número de pacientes. Para a coordenadora da unidade, o ideal seria que até os cuidadores tivessem acesso a esse serviço. “Olha, aqui é pesado, viu. Tem criança que a gente se apega, que dá vontade de levar para casa. Aí você constrói toda uma relação e depois a criança pode falecer. O cuidador também precisa de cuidados”.
Diante de uma realidade tão delicada, a equipe da unidade de oncologia preocupa-se com a humanização. “São pequenos gestos. Esses dias um médico liberou uma criança para ir a uma festinha aqui na Associação Peter Pan. Não custou nada, foi só colocar a máscara, mas a felicidade do menino foi tão grande. Isso foi tão importante pra ele!”, conta a enfermeira Lúcia de Fátima, no hospital há dois anos. No dia em que visitamos o local, uma menina, em estado terminal, recebeu autorização do médico para que, além da mãe, o pai a acompanhasse nesses dias incertos. Havia ainda uma menininha de 6 meses de idade, quatro deles passados no hospital.
As enfermeiras ressaltam que muito do tratamento depende da família. “Se for estruturada, é mais fácil, o pai e a mãe podem revezar os cuidados, sem se cansar tanto”. Como a maioria das crianças vem do Interior, o acompanhante passa a praticamente morar no hospital, dormindo em cadeiras “preguiçosas” nada confortáveis. É o caso de Maria Lucenir, de Quixadá. Há quatro meses acompanha o filho de 12 anos, com leucemia. A mãe deixou quatro meninas em casa, a espera de sua volta. “Fico preocupada, né, eu podia tá lá, cuidando das minhas coisas. Mas aqui é muito bom, não tenho do que reclamar”, diz. Assim como Lucenir, há outros 25 acompanhantes – a maioria mães – na enfermaria e nos leitos de isolamento do hospital.
ESTRUTURA – O Hospital conta com oito médicos. Durante o dia, sempre há um oncologista para atender, além de quatro enfermeiras e quatro auxiliares por dia. Um fisioterapeuta, dois assistentes sociais, dois psicólogos e um nutricionista fecham o quadro de profissionais disponíveis.
“Vêm crianças da rede particular também, pois os remédios são caros e os planos de saúde não cobrem as despesas”, conta Izabel. Alguns remédios são ministrados em ampolas, que podem chegar a custar 800 reais. Se a criança for tomar uma ampola por dia, durante dez dias, por exemplo, o tratamento vai custar cerca de 8 mil reais.
Apesar dos altos preços, a coordenadora destaca que nunca houve falta de medicamentos. “Olha, eu estou há 12 anos aqui e nunca faltou remédio para as crianças com câncer. A não ser que se esteja iniciando um novo tratamento, aí tem uma demora mesmo para começar a chegar aquele remédio.” E completa: “falta mais é material, como luva, álcool, essas coisas pequenas”.
Entretanto, se não faltam medicamentos, falta estrutura. Há apenas quatro leitos de isolamento – destinados a crianças que estão com a imunidade muito baixa e precisam ficar protegidas. Só um acompanhante – na grande maioria das vezes, a mãe – pode entrar. Segundo Izabel, não são todas as crianças que precisam de leito de isolamento e conseguem uma vaga. “Às vezes, quando está cheio, a gente tem que colocar junto dos outros”. Além disso, o Ministério da Saúde prevê que deveriam ser só dois pacientes por enfermaria, mas são poucos leitos no Hospital Albert Sabin e por isso há três crianças em cada enfermaria, uma a mais que o permitido. Os leitos de UTI também são insuficientes. Izabel sonha com o novo hospital, quando acredita que a UTI será “para evitar que a situação do paciente se agrave, e não para quando ele for morrer”.
A inauguração do Centro Pediátrico do Câncer está marcada para 4 de abril de 2010. O dinheiro para a construção do prédio é todo advindo de doações para a Associação Peter Pan – onde atualmente é feita a quimioterapia sequencial e há o hospital-dia. O estado do Ceará é o responsável pela folha de pagamento dos funcionários, que serão transferidos do Albert Sabin, e pelos medicamentos. No novo hospital deverá haver sete leitos de UTI, oito leitos de isolamento e enfermaria.
TIPOS DE LEUCEMIA
LEUCEMIA: desenvolve-se na "fábrica de sangue" que fica na medula óssea (tutano dos ossos do corpo). Existem tipos diferentes de leucemia.
LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA (L.L.A): é a mais comum na infância
LEUCEMIA MIELÓIDE AGUDA (L.M.A): é a mais agressiva
LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA (L.M.C): é o tipo mais raro na infância
LEUCEMIA BIFENOTÍPICA tem aspecto do tipo linfóide e da mielóide aguda. É também um tipo muito raro
SINTOMAS: Dor, perda de peso, desânimo (cansaço), caroços e manchas roxas no corpo são alguns sinais de alerta da doença.
Fonte: Nossa Cartilha - Conhecendo o Câncer Infanto-Juvenil, elaborada pela Associação Peter Pan e Hospital Infantil Albert Sabin
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