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21/12/2009 |
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Edição Nº 1115 de Retrospectiva 2009 |
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Ano é marcado por recorde de ações de bandidos contra bancos no Ceará |
2009 ficou marcado para a história como o ano de maior número de assaltos a banco no Ceará. No total, foram 17 ações contra agências bancárias, mais do que o dobro de 2008. Com um sistema de segurança mais falho, as unidades do interior do Estado foram os alvos preferidos dos criminosos, em especial as do Banco do Brasil, em que 12 assaltos foram contabilizados. No entanto, não basta apenas enumerar, porque mais do que levar altas quantias em dinheiro, os bandidos criaram traumas físicos e principalmente psicológicos em clientes, funcionários e até em transeuntes.
O ano já começou “inspirado”. Apenas nos dois primeiros meses, foram registrados nove ações contra agências bancárias ou funcionários em exercício de seu trabalho. O maior deles ocorreu em Quixadá, no dia 16/2, em que um túnel foi escavado até o cofre da unidade do BB, imitando o milionário roubo ao Banco Central de Fortaleza em julho de 2006. Segundo as primeiras estimativas divulgadas pela Polícia Federal, a quadrilha pode ter levado cerca de R$ 1 milhão.
Em 9 de fevereiro, uma coincidência lamentável aconteceu: o mesmo tipo de ocorrência foi praticado por bandos de criminosos em duas ações diferentes. Dois táxis que transportavam malotes das agências do Bradesco de Tauá e Iguatu foram interceptados, respectivamente, por um trio e uma dupla de delinqüentes, que roubaram no total R$ 90 mil. Três bancários que faziam o transporte irregular foram rendidos, e um deles foi amarrado e trancado no porta-malas do carro. Assim como na maioria das ações, ninguém foi preso.
Em Novo Oriente, os limites da insegurança também ultrapassaram os muros dos bancos. Uma quadrilha invadiu a casa de dois bancários do BB, fez as famílias dos trabalhadores de reféns e sequestrou ambos. Eles foram levados a unidade da cidade e obrigados a abrirem a sala da tesouraria. Entretanto, os bandidos tiveram que fugir às pressas sem levar qualquer quantia porque o alarme da agência disparou.
No dia 6/4, em Jijoca de Jericoacoara, no Litoral Noroeste do Ceará, cinco homens fortemente armados assaltaram a agência do Banco do Brasil. Depois de renderem vigilantes e funcionários e recolherem todo o dinheiro do cofre, o bando tentou fugir, mas enfrentou a resistência da Polícia. Resultado: um PM e uma mulher que transitava na parte de fora da agência foram baleados.
Já no fim do mês, os bandidos não tiveram tanta sorte. Em uma tentativa de assalto a um carro-forte, dois criminosos foram mortos e outro foi baleado e preso em frente ao BB da Aerolândia, em Fortaleza. Em Granjeiro, uma situa-ção humilhante aconteceu. Três homens encapuzados e fortemente armados invadiram o Bradesco, mas como não havia dinheiro nos caixas, o gerente foi forçado a sacar, de sua própria conta, R$ 600, que seria usado na fuga da quadrilha.
Durante o resto do ano, os criminosos continuaram a agir contra as agências bancárias. Em 16/11, pela 6ª vez, o posto do Santander, na Faculdade Grande Fortaleza, foi assaltado. A ação durou apenas quatro minutos, tempo suficiente para que dois homens, que chegaram numa moto, levassem todo o dinheiro do caixa. Na ocasião, os diretores do Sindicato dos Bancários do Ceará, Eugênio Silva e Bosco Motta, visitaram o local e destacaram que o posto do Santander é bastante vulnerável devido a sua localização e à falta de equipamentos de segurança. Não há porta giratória e apenas um vigilante fica de plantão.
“O Sindicato dos Bancários tem cobrado do Estado uma segurança pública eficaz e das direções dos bancos, mais medidas de segurança, mas não parece que isso gere preocupação para eles. Enquanto isso, bancários e população vivem aterrorizados”, ressaltou o diretor do Sindicato, Bosco Mota. E completa: “no entanto, nós vamos continuar cobrando do poder público que tome providências urgentes para garantir a segurança de funcionários, clientes e da população”.
RISCO AOS CLIENTES – Outras modalidades de crime contra clientes de bancos que se tornaram bastante comum em 2009 foram as “saidinhas” e as “chegadinhas” bancárias. De acordo com dados da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), foram contabilizados de janeiro a maio deste ano 149 ações deste tipo, tendo sido levado pelos criminosos cerca de R$ 1 milhão. Fortaleza é o grande alvo dos assaltantes, mais especificamente alguns bairros, como: Aldeota, Centro, Meireles, Montese, Parangaba, Fátima, Benfica, Aerolândia e Messejana (dados da DRF).
Devido ao grande número de “saidinhas” e “chegadinhas” e às diferentes quantias roubadas, a DRF não possui os números totais do ano, mas os responsáveis pela estatística na Delegacia especulam que cerca de cinco ações destas modalidades aconteçam semanalmente na Capital. Em um dos casos mais marcantes de 2009, um italiano e um suíço sofreram uma “saidinha”, sendo o primeiro baleado com dois tiros, um no abdômen e outro na coxa.
Para o inspetor-chefe do 2º Distrito Policial, Evaldo Coelho, as pessoas devem evitar sacar altas quantias em dinheiro em agências bancárias. “É recomendável fazer a transação através de uma transferência eletrônica, porque é bem mais seguro”, acrescenta. O inspetor-chefe explica ainda que, normalmente, os criminosos agem em trio. “Um dos bandidos fica dentro da agência apenas observando quem saca muito dinheiro e, depois, liga para os dois comparsas fora da unidade informando as características físicas de quem fez o saque”. Caso uma grande quantia precise ser sacada ou depositada, outra dica dada pelos policiais é fazer a transação de maneira gradual, para que, se algo aconteça, o prejuízo seja menor. |
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