Os correspondentes bancários já respondem por mais de 68% do total de pontos de atendimento do sistema financeiro no Brasil. As informações foram divulgadas pelo jornal O Valor Econômico, com dados do Relatório de Inclusão Financeira, do Banco Central. A maior parte dos correspondentes está nos grandes centros urbanos. Os números do relatório revelam que a maioria está no Sudeste (44%), seguido do Sul (21%) e Nordeste (20%). As regiões Centro-Oeste (7%) e Norte (4%) possuem menos quantidades desses pontos de atendimento.
De acordo com Miguel Pereira, secretário de Organização do Ramo Financeiro, da Contraf-CUT, o Banco Central regulamentou os correspondentes bancários e os bancos afirmam que tal figura é um instrumento de bancarização e cidadania. “No começo dessa história, os correspondentes só poderiam atuar nas praças onde não havia nenhuma agência bancária e prestavam apenas alguns serviços básicos. Já as atuais resoluções do BC permitem tudo, até mesmo um banco ser o correspondente de outro, prestar praticamente qualquer serviço bancário e atuar em substituição às tradicionais agências, em qualquer praça”, salienta o dirigente sindical.
Hoje os correspondentes atuam como instrumento de segmentação da clientela. “Geralmente os correspondentes atuam ao lado das agências. Os clientes com mais poder aquisitivo são atendidos nas agências, enquanto que os mais pobres são desviados para os correspondentes. Não é à toa que a maior parte dos correspondentes está localizada nos grandes centros financeiros e não nas regiões onde a população está desassistida”, afirma Miguel.
Precarização do trabalho – No Brasil, 84% dos correspondentes atuam em nome de instituições bancárias. De cada dez correspondentes, nove atendem a clientes e usuários de bancos. “Apesar de os funcionários das terceirizadas cumprirem trabalhos semelhantes aos dos bancários, ganham menos e não possuem direitos garantidos. Geralmente a remuneração destes trabalhadores comparada a dos bancários formalmente contratados equivale a um terço destes”, alerta Miguel. |