Os bancos ganharam mais sete meses para retirar os correspondentes bancários que atuam dentro de agências e postos das próprias instituições financeiras. Resolução aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) prorrogou para 1º de novembro a data limite para a remoção. O prazo, que terminaria em 4 de abril, já havia sido prorrogado, uma vez que a primeira data era 2 de janeiro deste ano.
“Com esta medida, mais uma vez, o BC atua como verdadeiro sindicato dos bancos, protegendo sua estratégia de segmentação do atendimento. Os exemplos que explicitam a política de proteção dos banqueiros pelo BC não são poucos. Nesta semana a Contraf-CUT, em parceria com o Dieese, divulgou levantamento denunciando que o BC, por meio da sua política de remuneração dos compulsórios, transferiu da sociedade R$ 35 bilhões aos cofres dos bancos”, critica Miguel Pereira, secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT.
O chefe do Departamento de Normas do Banco Central, Sérgio Odilon dos Anjos, explicou que o adiamento foi necessário porque a retirada dos correspondentes está sendo mais demorada do que inicialmente previsto. “Os bancos descobriram que o processo de se desfazer dos contratos e retirar efetivamente os correspondentes é mais complexo que o imaginado”, disse.
“Quando o diretor do BC afirma que a retirada dos correspondentes bancários de dentro das agências se apresentou mais complexa, se admite toda a contradição em torno das resoluções do BC, que criaram essa figura. Os correspondentes foram criados para promover a bancarização, ou seja, chegar aos lugares onde não há atendimento bancário mas, ao contrário, são criados ao lado de agências e dentro delas”, ressalta.
Ao invés de os bancos utilizarem os correspondentes para incluir as pessoas excluídas do sistema, acabaram utilizando tal figura como uma estratégia para redução de seus custos com pessoal. “E pior, para aumentar ainda mais a lucratividade dos bancos, que ano após ano batem recordes de lucratividade. E o BC é conivente com toda esta política”, salienta Miguel.
De acordo com Miguel, há a necessidade de revogação das resoluções do BC que tratam sobre os correspondentes bancários, como é proposto pelo projeto de decreto legislativo (PDC) do deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP). “A sociedade precisa de uma nova regulamentação para o funcionamento do sistema financeiro nacional e para os bancos. Além de uma nova forma de controle social dos agentes financeiros e do próprio Banco Central”, reivindica Miguel. |