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30/08/2010 |
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Edição Nº 1149 de 30 de Agosto a 04 de Setembro de 2010 |
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| QUALIFICAÇÃO |
Dieese conquista sua faculdade para a formação de cientistas do trabalho |
O resultado de um sonho se concretiza agora. Depois de 55 anos de sua criação, o Departamento Sindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) conseguiu, neste ano, formar sua escola de nível superior. O objetivo do curso é a formação de cientistas do trabalho, buscando o fortalecimento e qualificação da mobilização dos trabalhadores.
O local da escola já está assegurado. As aulas serão realizadas em um prédio disponibilizado pela União por dez anos, localizado na Rua Aurora, região central de São Paulo. Para o início das aulas, o Dieese está esperando apenas a liberação do Ministério da Educação, que vai realizar uma visita de checagem das instalações e da biblioteca. As aulas estão previstas para iniciar no segundo semestre de 2010. O intuito é que a escola se expanda para outras regiões do Brasil. É o caso da Universidade Federal da Bahia, que já demonstrou interesse em realizar intercâmbio de conhecimentos e pesquisas. “Mas isso vai ficar tudo na dependência de ver como funciona a primeira, que é um piloto”, pondera o supervisor técnico do Dieese no Ceará, Reginaldo Aguiar.
Para Aguiar, um diferencial do curso será sua composição, que contará com metodologia e um corpo de profissionais próprios do Departamento. “Nós desenvolvemos uma metodologia própria, que hoje é objeto de estudo da USP [Universidade de São Paulo], e nós temos todo um método de trabalho, junto ao movimento sindical, que é patrimônio nosso”.
Na avaliação do supervisor técnico, a criação da escola é um marco tanto quanto a própria criação do Dieese. O curso superior é um passo importante na consolidação da instituição na “geração de conhecimento como forma de poder para a classe trabalhadora”, explica Aguiar. “Num período em que o País começa a crescer novamente, pós-governo Lula, em um ritmo bem mais acelerado, vai exigir uma nova postura do movimento sindical. Nesse momento, renasce o Dieese mais fortalecido com a faculdade de Ciência do Trabalho”, explica.
INTERDISCIPLINARIDADE – Em suas bases de estudo e análise, o Dieese busca transcender a técnica. É com esta ótica que a escola está fundamentada, aliando a técnica ao estudo integrado de outras áreas do conhecimento. “O que caracteriza a metodologia dieesiana é essa interdisciplinaridade. Essa faculdade do Dieese não é de economia e com relação a isso ela tem que abranger história, sociologia, antropologia, economia, relação de trabalho, tudo isso deve está colocado nessa linha de conhecimento [Ciência do Trabalho], uma linha de conhecimento muito plural”, explica Aguiar. A interdisciplinaridade do curso possibilitará que pessoas com outras formações possam ampliar seus conhecimentos na área do mundo do trabalho.
O acesso à Escola Dieese de Ensino Superior será feito através de exame vestibular e o candidato terá que ter o Ensino Médio concluído. Inicialmente serão ofertados cursos de graduação e extensão, o último tendo um foco na formação de dirigentes sindicais, mas o objetivo é que, futuramente, a escola ofereça cursos de pós-graduação. Ainda não está definido de que forma a faculdade será custeada.
CREDIBILIDADE – O Dieese foi criado em 1950 por dirigentes sindicais que estavam inconformados com índices oficiais de inflação, que, muitas vezes apresentavam resultados errôneos e tendenciosos. A criação de um departamento não significou apenas a formulação de pesquisas sobre a situação do trabalho no País, mas também contribuiu para munir os sindicatos com dados respaldados na mesa de negociação.
É com essa trajetória que o Dieese conquistou credibilidade nacional e internacional. Atuando nas áreas de assessoria, pesquisa e educação, o Dieese trabalha com os eixos temáticos do emprego, renda, negociação coletiva, desenvolvimento e políticas públicas. O Dieese é subsidiado pelas centrais reconhecidas pelo Ministério do Trabalho. |
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