Após um ano marcado por uma série de denúncias de irregularidades e disputas internas e por interferências político-partidárias, que culminaram na substituição de seu presidente, o Banco do Nordeste (BNB) retoma o curso e fecha 2012 com lucro líquido de meio bilhão de reais, mais precisamente, de R$ 508, 5 milhões, montante 61,5% maior do que os R$ 364 milhões registrados no ano anterior.
Mesmo sem uma política de desenvolvimento regional definida para o Nordeste e ainda com arestas para serem quebradas com alguns governadores da região, o BNB entra em 2013, mais sólido, financeiramente, após a conquista, no ano passado, da Lei de Conversão da MP 564, que lhe assegurou aporte de R$ 4 bilhões, do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), até 2014.
A rentabilidade sobre o Patrimônio Líquido médio passou de 13,57% ao ano, em 2011 para 20,26%, ao ano, no ano passado, mas a dependência de recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), ainda hoje o maior “funding” disparado, ou a maior fonte de recurso do banco, revela a necessidade de maior fortalecimento institucional e um olhar mais atento da União para o BNB e para a Região.
Balanço
Os números do Balanço Financeiro da instituição divulgados ontem revelam essa dependência. O relatório da Administração do BNB mostra que somente o FNE financiou R$ 11,9 bilhões, em operações, em 2012, valor 7,9% superior aos R$ 11 bilhões em operações de crédito contratadas em 2011.
Da mesma forma, mostra que houve recuos de financiamento de longo prazo em todas as demais fontes, a exemplo do BNDES (-23%), dos recursos internos (-14,30%), da Poupança Rural (-78,2%) e do FAT (-49,8%), por exemplos.
Apesar da concentração dos recursos no FNE, o balanço revela que as contratações globais do BNB, em 2012, somaram R$ 22,8 bilhões, em um total de 3,8 milhões de operações realizadas, 18,2% mais que em 2011. Esse montante representou aumento de 5% sobre o volume contratado em 2011, quando foram realizadas ,3,25 milhões de operações de crédito.
Setores
Desse total, R$ 12,5 bilhões, mais de 50%, foram destinados ao financiamento de longo prazo, por meio de 3,85 milhões de operações, e R$ 9,5 bilhões, distribuídos em 3,33 milhões de operações de curto prazo, enquanto outros R$ 807 milhões se destinaram ao mercado de capitais. Por área econômica, as operações de crédito foram distribuídas em R$ 6,13 bilhões para o setor industrial nordestino, com incremento de 21,7%, sob o montante destinado em 2011; 5,26 bilhões para o setor rural, com crescimento de 12,30%, e mais R$ 10,3 bilhões, para os segmentos de comércio e serviços, uma alta de 10,2%.
Recuo na infraestrutura
Já o setor de infraestrutura seguiu ritmo inverso, sobretudo devido à transferência das operações de crédito do setor energético do BNB para o BNDES. Dessa forma, as operações de crédito apresentaram recuo de 84,2%, caindo de R$ 1,977 bilhões, em 2011, para apenas R$ 312,5 milhões, no ano passado.
Mercado e Ceará
Do total de recursos do FNE, confirma o diretor de Negócios do BNB, Paulo Sérgio Rebouças Ferraro, quase 50%, cerca de R$ 5 bilhões, foram aplicados no mercado, somente no último trimestre do ano. Dos quase R$ 12 bilhões do Fundo, operados no ano passado, 21%, o equivalente a R$ 2,5 bilhões, foram investidos no Ceará; enquanto outros 23%, ou R$ 2,75 bilhões foram destinados a Pernambuco e R$ 2,63 bilhões, à Bahia. Para Ferraro, o desempenho do BNB em 2012, “mostrou que o banco conseguiu a dar a volta por cima”, após o pacote de 20 medidas adotadas pela nova diretoria, que tem à frente, desde agosto último, o catarinense Ary Joel de Abreu Lanzarin. Entre as metas atingidas, ele citou a construção de 27 novas agências, a contratação de R$ 3 bilhões em operações às micro e pequenas empresas e a expansão em 50%, dos recursos do Pronaf, à agricultura familiar, passando de R$ 1,3 bilhão para R$ 2 bilhões, em 2012.
|