Em entrevista ao portal da CUT, o o presidente do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Celso Napolitano falou sobre a renovação do parlamento, a necessidade de discutir temas como o voto obrigatório e fez um alerta: está diminuindo a participação dos parlamentares que tem origem no movimento sindical.
Conforme destaca o presidente do órgão, em período de eleições, além de monitorar o financiamento de campanhas dos principais candidatos, o Diap precisa redobrar a atenção para que nenhuma medida contrária à classe trabalhadora seja aprovada enquanto os movimentos sociais estão concentrados em discutir o modelo de desenvolvimento que desejam para o Brasil.
Qual é o papel do DIAP nas eleições de 2010?
Napolitano – O DIAP basicamente monitora o financiamento de campanha dos principais candidatos, além de continuar com o acompanhamento da atuação do Congresso Nacional, que se torna reduzida em função do chamado recesso branco. Mas, não descuida daqueles projetos que são de interesse do trabalhador e que no período de esforço concentrado podem sofrer algum tipo de movimentação. Além disso, alertamos também o movimento sindical sobre as representações dos trabalhadores e patronais que estão se candidatando ao parlamento.
Como você avalia a candidatura de nomes ligados à classe trabalhadora?
Napolitano – Há pouco tempo fizemos um alerta sobre a pouca participação de parlamentares que vieram das bases sindicais enquanto que a representação patronal está cada vez mais organizada e presente no Congresso Nacional.
A que você atribui a diminuição da bancada dos trabalhadores?
Napolitano – As eleições estão cada vez mais caras e fica difícil uma pessoa que vem de um movimento de trabalhadores ter condições financeiras para se eleger. Há também a diminuição de politização dos sindicatos e os representantes dos trabalhadores.
Um levantamento recente do Diap apontou que a renovação na Câmara vai a ser menor dos últimos 20 anos. Por que isso acontecerá?
Napolitano – Eu atribuo isso também ao custo de campanha somado ao que os publicitários chamam de recall daquelas pessoas que estão na cabeça dos eleitores. Por um lado os movimentos organizados como igrejas tem muito mais condições de emplacar candidatos e por outro, os eleitores lembram muito mais da atuação de quem já está no parlamento do que os outros novos que se colocam e não tem cobertura de mídia. Em São Paulo, por exemplo, um deputado federal precisa de 150 mil votos e isso faz com que o custo para a campanha seja muito alto.
O cenário para o Senado é o mesmo?
Napolitano – É semelhante, mas para o Senado, onde a eleição é majoritária, os partidos têm interesse em apresentar determinada candidatura para reeleição. Fora os que já estão lá, os que se apresentam são caciques partidários, ninguém entra em uma disputa sendo uma pessoas de pouca representatividade. |