O Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, deixou claro aos bancos, na primeira rodada de negociação da Campanha 2013, realizada na quinta-feira, dia 8/8, em São Paulo, para discutir o tema saúde e condições de trabalho, que não será possível haver acordo este ano sem solucionar o problema das metas abusivas - apontadas por dois terços dos bancários como o principal problema existente hoje nos bancos, segundo a consulta nacional realizada pela Contraf-CUT, federações e sindicatos entre maio e julho.
"Os bancos falam muito em gestão de pessoas, mas o que se vê é apenas a gestão do lucro, o que é muito diferente. As metas abusivas, que incentivam o assédio moral, são as principais responsáveis pela epidemia de adoecimentos que existe hoje na categoria, pelo uso crescente de remédios tarja preta, pelo sofrimento e até pelas mortes que já começam a ocorrer", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional.
Fim das metas abusivas
A proposta sobre metas abusivas apresentada pelo Comando Nacional estabelece que os bancos devem garantir a participação de todos os seus trabalhadores na estipulação de metas e respectivos mecanismos de aferição, sendo obrigatoriamente de caráter coletivo (e não individual) e definidas por departamentos e agências. Deve-se ainda levar em consideração o porte da unidade, a região de localização, o número de bancários, a carteira de clientes, o perfil econômico local, a abordagem e o tempo de execução das tarefas.
Os bancários reivindicam ainda o fim da cobrança diária das metas e que elas deixem de ser mensais e passem a ser semestrais. "O problema não é a meta em si, mas a gestão das metas, o que envolve a organização do trabalho. É preciso que haja um olhar mais coletivo do processo de trabalho. A gestão atual das metas virou fator de risco para os trabalhadores", aponta Walcir Previtale, secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT.
Os negociadores da Fenaban, no entanto, alegaram que as metas seguem orientações técnicas universais para que sejam eficientes e que não é possível os sindicatos discutirem o modelo de gestão, pois é estratégico para cada banco.
O Comando ainda denunciou que a cláusula 35ª da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), que proíbe a exposição do ranking individual dos funcionários, está sendo descumprida pelos bancos. A Fenaban se comprometeu a verificar a situação, a fim de que os rankings não sejam mais tornados públicos.
A vida acima do lucro
O Comando também abriu os debates sobre segurança bancária, focando o conceito da proteção da vida das pessoas e apresentando as principais preocupações da categoria. "Verificamos um aumento dos assaltos, sequestros e arrombamentos nos últimos anos, bem como dos casos de 'saidinha de banco', mostrando a fragilidade da segurança dos estabelecimentos", destacou Ademir Wiederkehr, secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária.
No primeiro semestre deste ano, 30 pessoas foram mortas em assaltos envolvendo bancos, conforme pesquisa nacional da Contraf-CUT e Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV), com apoio do Dieese. "Um gerente do Banco do Brasil foi assassinado no Piauí", salientou o dirigente sindical.
O número de sequestros também cresceu assustadoramente. Nos últimos sete dias, segundo levantamento do Comando, dez bancários foram vítimas nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco e Pará, atingindo gerentes e tesoureiros, os que levam as chaves do banco para casa. "Precisamos acabar com a guarda das chaves pelos bancários. A abertura das agências e postos deve ser feita por empresas de segurança ou por controle remoto", disse Ademir.
"Além da prevenção contra assaltos e sequestros, precisamos garantir assistência médica, psicológica e medicamentosa, bem como estabilidade ao empregado que foi vítima dessa violência", ressaltou o diretor da Contraf-CUT. "A vida deve ser colocada acima do lucro", enfatizou.
Foi também discutido o andamento do projeto-piloto de segurança bancária em Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes. A lista das agências, onde serão instalados os equipamentos previstos, está sendo concluída e, depois, serão definidos os nomes do grupo de acompanhamento e agendada a primeira reunião de trabalho.
As negociações sobre saúde, condições de trabalho e segurança bancária continuaram na sexta-feira 9/8, às 9h30. A segunda rodada de negociação foi marcada para os dias 15 e 16, quando será tratado o tema do emprego.
Calendário de mobilização
9 - Continuidade da primeira rodada de negociação entre Comando Nacional e Fenaban
9 - Primeira rodada de negociação entre Comando Nacional e Caixa Econômica Federal
13 e 14 - Mobilização em Brasília contra PL 4330
14 - Primeira rodada de negociação entre Comando Nacional e Banco do Brasil
15 e 16 - Segunda rodada de negociação com a Fenaban sobre o tema Emprego.
22 - Dia Nacional de Luta, com passeatas dos bancários
22 - Dia Nacional de Luta dos empregados da Caixa
28 - Dia do Bancário, com atos de comemoração e de mobilização
30 - Paralisação nacional das centrais sindicais pela pauta da classe trabalhadora
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