Pesquisa nacional mostra que 65 pessoas foram assassinadas em assaltos envolvendo bancos em 2013, uma média de 5,4 vítimas fatais por mês, o que representa aumento de 14,04% em relação a 2012, quando foram registradas 57 mortes, totalizando um crescimento de 32,7% nos últimos dois anos. O levantamento foi realizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV), com base em notícias da imprensa e apoio técnico do Dieese.
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São Paulo (17), Rio de Janeiro (11), Bahia (7), Ceará (6), Minas Gerais (6) e Rio Grande do Sul (5) foram os estados com o maior número de casos. O estado com o maior crescimento de mortes em 2013 foi Minas, com 500% em relação ao ano anterior.
As principais ocorrências (49%) foram o crime de "saidinha de banco", que provocou 32 mortes, o assalto a correspondentes bancários (22%), que matou 14 pessoas, e o assalto a agências (12%), que tirou a vida de 8 pessoas. Houve também mortes em assaltos a caixas eletrônicos (6), abastecimento de caixas eletrônicos (3) e assaltos a postos de atendimento (2).
Mais uma vez, as maiores vítimas (55%) foram os clientes (36), seguido de vigilantes (10), transeuntes (5) e policiais (7). Dois bancários também foram mortos, além de outras cinco pessoas, muitos vítimas de balas perdidas em tiroteios.
A pesquisa também revela a faixa etária das vítimas, quase sempre identificada nas notícias da imprensa. A idade entre 31 a 40 anos é a mais visada, com 16 mortes (25%), seguida pelos idosos com mais de 60 anos, com 14 mortes (21%), e a faixa entre 41 e 50 anos, com 11 mortes (17%).
Já o gênero das vítimas é liderado pelos homens (60), o que representa 92,3% dos casos. Também foram assassinadas cinco mulheres (7,7%).
Falta de investimentos dos bancos
Para a Contraf-CUT e a CNTV, essas mortes comprovam mais uma vez a falta de investimentos dos bancos para melhorar a segurança dos estabelecimentos e garantir um atendimento seguro para os clientes e a população.
Segundo dados do Dieese, os cinco maiores bancos (Itaú, BB, Bradesco, Caixa e Santander) apresentaram lucros de R$ 42,2 bilhões de janeiro a setembro de 2013. Já as despesas com segurança e vigilância somaram R$ 2,4 bilhões, o que significa 5,6%, em média, na comparação com os lucros.
Como se não bastasse essa escassez de investimentos em segurança, os bancos vivem descumprindo a lei federal nº 7.102/83, que tem mais de 30 anos e se encontra defasada diante do crescimento da violência e da criminalidade. No ano passado, a Polícia Federal aplicou multas contra 28 bancos, no total de R$ 24,3 milhões, durante as reuniões da Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada (CCASP).
Avaliação dos bancários e vigilantes
"Essas mortes são assustadoras e revelam o descaso e a carência de investimentos dos bancos na prevenção de assaltos e sequestros e na proteção da vida de trabalhadores e clientes", afirma o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.
"Os bancos preferem gastar bilhões de reais em marketing e meios eletrônicos de pagamento a investir em equipamentos de prevenção e outros procedimentos seguros", completa. "A segurança é encarada pelos bancos como custo que pode ser reduzido para aumentar ainda mais os lucros".
"Esses números também revelam a fragilidade da segurança pública, pois faltam mais policiais e viaturas nas ruas e ações de inteligência para evitar ações criminosas", salienta Cordeiro.
"Todas essas mortes são muito preocupantes e reforçam a necessidade de atualizar a lei federal nº 7.102/83,", destaca o presidente da CNTV, José Boaventura Santos.
"Nós precisamos avançar o projeto de estatuto de segurança privada, que está em construção no Ministério da Justiça, a fim de incluir equipamentos e medidas eficazes para proteger a vida das pessoas, eliminar riscos e oferecer segurança para trabalhadores e clientes", acrescenta.
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