Em reunião da mesa permanente de negociações, ocorrida nesta quinta-feira (25), em Brasília, a Contraf/CUT, assessorada pela Comissão Executiva dos Empregados (CEE), voltou a cobrar da Caixa Econômica Federal a retomada imediata da contratação de mais empregados, protestando ainda contra o processo de desmonte da empresa e contra o ataque aos direitos dos trabalhadores. A reivindicação é por nenhum direito a menos, com exigência de mais transparência e respeito à categoria.
Na reunião com os negociadores do banco, a Contraf-CUT defendeu ainda o princípio de que seja intensificada a defesa da Caixa 100% pública e a importância do banco na execução de políticas sociais.
Foi dito também que os problemas nas unidades de todo o país se agravaram com a liberação de saques das contas inativas do FGTS. A esse respeito, a Caixa assumiu uma posição de muita intransigência: não haverá novas contratações, nem mesmo para repor os empregados que aderiram ao PDVE. Os negociadores do banco alegaram que, no lugar da reposição de trabalhadores, o compromisso é de equalização com no máximo remanejamento de empregados de uma área para outra, para suprir eventuais carências de pessoal.
A Contraf-CUT deixou claro que o lucro líquido da Caixa no primeiro trimestre de 2017, de R$ 1,5 bilhão, reforça a necessidade de explicações sobre o resultado de 2016, que foi de R$ 818 milhões. Esses números, segundo os representantes dos empregados, revelam que a empresa não está quebrada, como afirmou irresponsavelmente a agência de classificação de risco Fitch há duas semanas, e mostram a importância da manutenção da Caixa 100% pública.
Verticalização/Reestruturação
Esclarecimentos sobre o projeto de reestruturação, que prevê fechamento de agências e retirada de funções, também foram cobrados pelos representantes dos empregados na negociação da mesa permanente desta quinta-feira. Diante disso, a Caixa voltou a argumentar de que a reestruturação das filiais que havia principiado em 2016 chegou ao seu final, alegando que hoje o processo se resume a adequações em algumas filiais. Como houve fortes pressões, o banco ficou de repassar posteriormente mais detalhes a respeito do andamento de todo esse processo.
Quanto à verticalização nas agências, os representantes dos empregados manifestaram contrariedade com os estragos provocados por esse processo, que abre mão de um nicho considerado positivo para a Caixa e adota um outro, que não passa de uma grande aventura. Com a verticalização, por exemplo, e para manter suas funções, o gerente Pessoa Jurídica terá que ter uma carteira de pelo menos 300 contas qualificadas, cabendo ainda ao gerente Pessoa Física carteira com 900 contas qualificadas. Essa dinâmica tem a meta de estimular contas com clientes de alta renda, o que contraria o caráter social desempenhado pelo banco.
Sipon
A representação nacional dos empregados voltou a cobrar maior agilidade da Caixa na implantação do login único no Sistema de Ponto Eletrônico (SIpon) para os empregados das agências e demais unidades. Foi dito que os problemas relacionados à jornada são provocados pela falta de empregados para atender adequadamente as diversas demandas. Para justificar a demora em solucionar essa questão, que é uma reivindicação antiga do conjunto dos empregados, a Caixa alegou mais uma vez dificuldades tecnológicas. A Contraf/CUT esclareceu, no entanto, que a implantação do login único para os empregados do banco será uma conquista que vai melhorar as condições de trabalho e ajudar a evitar fraudes no ponto eletrônico, uma vez que o trabalhador só poderá logar em apenas uma máquina por vez. Isso, inclusive, diminuirá as chances de algum empregado trabalhar na máquina de outro colega, levando a que o bancário também tenha resguardadas no sistema as horas extras que fizer.
Também foi pedido esclarecimento sobre a retirada do aplicativo que impedia irregularidades na marcação do ponto. A Caixa, por outro lado, ficou de verificar um prazo para a instalação do login único no Sipon e resolver problemas com o temporizador.
Processos Seletivos Internos
A Caixa promoveu uma série de mudanças no Processo Seletivo Interno (PSI), sem qualquer negociação com a representação nacional dos empregados. A Contraf/CUT cobrou informações sobre a retomada dos PSIs, que são uma conquista dos empregados e cuja falta atrapalha o processo de ascensão funcional dos trabalhadores. Foi reivindicada um amplo debate sobre essa questão, para possibilitar o aprimoramento desse modelo.
Funcef
A situação da Funcef também esteve na pauta da mesa permanente, com destaque para a questão do contencioso, incorporação do REB pelo Novo Plano e a falta de pagamento aos aposentados. Os representantes dos empregados disseram que, mais do que a desvalorização de investimentos, o passivo judicial gerado por causas trabalhistas contra a Caixa é hoje um dos principais fatores de deficit na Fundação, existindo pelo menos 16 mil ações tramitando na Justiça para revisar benefícios dos participantes, situação que forçou a Funcef a provisionar R$ 2,4 bilhões em 2016.
Foi cobrada mais uma vez agilidade no processo de incorporação do REB ao Novo Plano, como forma de equiparar os direitos e benefícios desses participantes aos dos demais trabalhadores do banco. Essa questão começou a ser debatida em 2006 e foi analisada por diversas vezes até ser aprovada nas instâncias decisórias do banco e do fundo de pensão em 2014. Desde então, a proposta está engavetada, enquanto os participantes do REB acumulam uma série de prejuízos.
Dias de luta: 15 de março e 28 de abril
Os representantes dos empregados cobraram a reversão dos dias descontados no salário dos trabalhadores relativos à paralisação do dia 15 de março e à greve geral de 28 de abril, contra as reformas do governo Temer e contra o desmonte dos bancos públicos, contando com grande adesão dos empregados do banco. No Ceará, o Sindicato conseguiu limitar impedindo o desconto da greve geral.
A Caixa efetuou o desconto, apesar de o movimento sindical ter colocado pautas primordiais aos trabalhadores nesses dias e ter conseguido liminar na Justiça impedindo o procedimento, até que essa situação seja negociada com os representantes dos trabalhadores. A Contraf/CUT esclareceu, na ocasião, que a greve é prevista por lei e os bancários não podem sofrer retaliações por terem lutado por seus empregos e direitos.
Outros temas
Outros pontos da pauta foram o descomissionamento arbitrário, como o ocorrido com as bancárias em licença-maternidade, conforme previsto na nova versão do RH 184, implementada em 9 de maio, e a reivindicação pelo pagamento correto das horas extras com adicional de 100% para o trabalho aos sábados. Os representantes dos empregados contestaram veementemente o descumprimento pelo banco do compromisso de informar aos sindicatos as agências que iriam abrir no fim de semana, assumido perante às Procuradorias Regionais do Trabalho.
Também foi reivindicado o pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) pelo lucro líquido recorrente, proposta prontamente rejeitada pela Caixa, que alegou dificuldades em atendê-la, sobretudo por causa de impedimentos legais estabelecidos pelo Ministério da Fazenda.
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