Um em cada três empregados da Caixa Econômica Federal diz ter apresentado algum problema de saúde em decorrência do trabalho nos últimos 12 meses. Entre os que tiveram algum problema, 10,6% relataram depressão. Doenças causadas por estresse e doenças psicológicas representam 60,5% dos casos. Entre os que tiveram problemas, 53% precisaram recorrer a algum medicamento. Os remédios mais usados foram os antidepressivos e ansiolíticos (35,3%), anti-inflamatórios (14,3%) e analgésicos (7,6%).
Esses são alguns dos dados evidenciados na Pesquisa Saúde do Trabalhador da Caixa, encomendada pela Fenae. O estudo é inédito e revela o quanto o modelo de gestão do banco, a sobrecarga de trabalho e a ausência de uma política de saúde do trabalhador estão prejudicando a vida de milhares de pessoas e provocando um verdadeiro quadro de adoecimento crônico na categoria.
O estudo foi apresentado ao Ministério Público do Trabalho, que no momento analisa os dados e avalia providências as serem tomadas. A Fenae também já forneceu o material à Comissão de Executiva de Empregados da Caixa (CEE/Caixa) para que o assunto seja pautado na mesa de negociação permanente.
O cenário preocupante se torna ainda mais grave no momento em que o governo federal deseja reduzir o direito dos trabalhadores à assistência médica por meio das resoluções CGPAR. Com as mudanças propostas, o Saúde Caixa, assim como as demais autogestões de saúde, se tornará inviável.
A pesquisa, realizada pelo Instituto FSB Pesquisa, ouviu 2.000 empregados da Caixa entre os dias 2 e 30 de maio. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.
Sobrecarga, estresse laboral e vida pessoal
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58% Se dizem sobrecarregados em seu trabalho
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16,3% Insatisfeitos com a falta de pessoal
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16% Insatisfeitos com cobrança excessiva por metas
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15% Fazem horas extras com frequência, principalmente os mais jovens e os que trabalham em agências
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26,3% Empregados apresentam um nível de estresse entre 7 e 10
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27,1% O grau de interferência negativa do trabalho na vida pessoal é classificado entre 7 e 10
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36,4% Tiveram problemas de saúde relacionados ao trabalho nos últimos 12 meses nas agências.
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3,5% É a ocorrência de emissão de CAT, com subnotificação maior nas agências
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41,2% Dos que trabalham em áreas meio se dizem sobrecarregados
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66,2% Dos que atuam em agências se disseram sobrecarregados
Mais da metade já sofreu assédio moral
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86,5% Avaliam positivamente a relação com seus chefes imediatos
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27,2% Reclamam de pressão excessiva por metas.
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53,6% Disseram ter passado assédio moral na relação com a chefia direta, tais como demanda excessiva por trabalho, pressão, atribuição indevida de erros, ameaças, gritos etc
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81,3% Situações como essa também ocorrem com outros colegas de trabalho.
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51,7% Conhecem colegas que passaram por sofrimento contínuo em virtude do trabalho.
Política de gestão piora o ambiente de trabalho
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4 em cada 10 funcionários se dizem pouco ou nada informados sobre a política de controle de produção por meritocracia Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP)
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42,6% Acham o plano de metas desafiador e estimulante
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42,5% O plano de metas é visto abusivo e prejudicial
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37,3% Disseram que o ambiente de trabalho piorou ou piorou muito com GDP
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15,9% Disseram que ficou melhor ou muito melhor com GDP
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