Quem é a maldita “Geni” e o que existe por trás de sua história? E quem seria a mãe do “Meu guri”, o garoto com cara de fome? E “Rita”, a mulher que levou o sorriso do poeta? Essas canções de Chico Buarque originam alguns dos personagens que guiam o espetáculo As Faces de Chico. Com texto do dramaturgo Eurico Bivar, o musical da companhia Boca de Cena será apresentado hoje e no dia 22 de fevereiro no Teatro Sesc Emiliano Queiroz.
A montagem conta a história de Julinho da Adelaide, pseudônimo criado por Chico, em 1975, e utilizado durante dois anos pelo cantor para burlar a ditadura militar. Na peça, o personagem Julinho retorna à sua cidade natal, Vila do Meio-Dia, após passar 40 anos fazendo sucesso como cantor na cidade grande. “O protagonista volta à Vila do Meio-Dia para compor um samba, mas lá só encontra dor e sofrimento”, conta o diretor, Lucivan Moura.
Para Lucivan, “fazer musical no Ceará é difícil e As Faces de Chico exige ainda mais coragem por mexer com a obra de Chico Buarque”. O espetáculo, apesar do desafio, tem dado certo. Montado pela primeira vez em 2010, o musical foi recorde de público pagante no ano de 2012, em Fortaleza. Na ocasião, a peça também esteve em cartaz no Teatro Emiliano Queiroz.
O texto faz parte da trilogia de Eurico Bivar, com as peças As meninas em flor de idade e Uma valsa com sabor de loucura. Dos três espetáculos baseados na obra de Chico, para Lucivan, As faces de Chico é o “texto mais forte e mais dramático”. Além das histórias das canções de Chico, o musical também exibe a alegria do samba enredo “Chico Buarque da Mangueira”, composto quando a escola de samba carioca Estação primeira de Mangueira homenageou o cantor em 1998.
Personagens
O musical narra as desventuras de personagens encontrados na obra de Chico. “São pessoas que estacionaram no tempo. Julinho se depara com pessoas que há 40 anos eram marginais e continuam sendo, eram analfabetas e continuam sendo”, conta o diretor. O espetáculo mostra, principalmente, o sofrimento de mulheres batalhadoras, que acabaram perdendo a batalha contra a infelicidade.
As Faces de Chico aborda a história de vários personagens e é apresentado, também, em esquetes teatrais separadas. A esquete “Meu Guri”, por exemplo, foi apresentada no evento católico Halleluya, sendo premiada no festival de artes do evento. Com a esquete “Geni”, Lucivan ganhou o prêmio de melhor diretor, em 2012, no festival de teatro Fesfort.
Boca de Cena
Em 18 anos de existência, a companhia montou cerca de 20 espetáculos, como a comédia A história encantada de Preta das Neves, texto do Tarcísio Silva que satiriza contos de fadas. Outra comédia encenada foi Banheiro Irreverente, que mostra cenas inusitadas dentro de um banheiro. “Em 2013, vamos voltar com Banheiro Irreverente, já estamos em trabalho de leitura”, avisa Lucivan.
SERVIÇO
As Faces de Chico
Onde: Teatro Sesc Emiliano Queiroz (Avenida Duque de Caxias, 1701)
Quando: 15 e 22 de fevereiro, 20h
Quanto: R$10,00 (inteira)
Outras informações: (85) 3464.9347
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