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Notícias

13/03/2013 

Mulheres cheias de luz: homenagem a Clara Nunes

Caso não tivesse partido tão cedo, Clara Nunes teria completado 70 anos de vida em 12 de agosto de 2012. A data foi celebrada com o relançamento da biografia escrita por Vagner Fernandes e uma série no Canal Brasil. Houve também a promessa (não cumprida) do lançamento de registros inéditos e o relançamento da sua discografia. O ano acabou e muito pouco se fez para relembrar uma artista daquele tamanho.

 

Apesar da baixa estatura, Clara Nunes era uma gigante nos palcos. Dona de uma beleza (em vários sentidos) estonteante, ela dançava jogando miçangas, adereços, braços e babados de um lado para o outro, hipnotizando seu público. Com essa, ela aproximou Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais, transformando tudo, praticamente, numa coisa só.

 

Boa parte dessa força da Mineira Guerreira era desconhecida pela cantora Mariene de Castro. Nome promissor da música brasileira, apesar dos 15 anos de carreira, ela descobriu Clara, de verdade, há poucos anos, mas logo se viu envolvida na sua história. Da identificação, nasceu uma aproximação e um tributo que agora chega às lojas em CD, DVD e formato digital. Parceria da Universal Music com o Canal Brasil, Ser de Luz traz 16 grandes sucessos de Clara Nunes na voz emocionada de Mariene.

 

“Quem são as duas mulheres que você lembra quando se fala em Bahia? (...) É a Carmen Miranda e a Clara Nunes. E, curiosamente, nenhuma das duas era baiana”, comenta a cantora em entrevista por telefone. Mariene conta que, há algum tempo, vem trilhando a obra de Clara e descobrindo pontos em comum com a própria vida. Pontos, estes, que ela comenta a seguir.

 

O POVO – Como nasceu esse projeto?


Mariene – Foi um convite que recebeu do Canal Brasil, junto com o Vagner Fernandes, biógrafo da Clara. Aceitei e acho que é um projeto que homenageia uma grande artista. Uma artista que se tornou uma saudade, que cantou muito a Bahia e o Nordeste. Trouxe nesse momento que ela completaria 70 de vida e 30 anos de morte. Um momento de lembrar o quanto ela foi importante para o Brasil. Imagine ela falar em Jeje e Nagô num tempo em que havia muita intolerância religiosa.


OP – E quando você se aproximou da vida da Clara?


Mariene – Desde que li o livro (Guerreira da utopia), há uns quatro anos, fiquei muito impressionada com o desejo dela de ser mãe, de falar num discurso afrodescendente, que falava muito em fé e orixás. E ela está muito viva na memória do povo. Antes, eu já cantava “Conto de areia” e “Ijexá”, não mais que isso. Há pouco mais de um ano, fui convidada para cantar um outro projeto cantando Clara, mas ainda nada a ver com esse DVD. Ali já senti que algo de muito forte estava por vir. Em seguida conheci a canção “Um ser de luz” através de Beth (Carvalho). Depois o Diogo (Nogueira) me chamou pra cantar essa música no Sambabook (do João Nogueira).


OP – Então já tinha um tempo que a Clara Nunes te perseguia?

Mariene – Não é perseguição. Tenho na minha vida uma missão de falar para uma nova geração quem foi essa mulher. Isso acaba causando uma aproximação. Nesse tempo, conheci o Alceu Maia, que tocou com ela e trabalhou no meu DVD, e as pastoras da Portela. Esse ano desfilei pela Portela homenageando a Clara. Quando recebi o convite, estava em Minas, coincidentemente, gravando um filme.


OP – Como foi a escolha do repertório?


Mariene – É um repertório familiar. A minha missão, e do artista, é de doar a minha voz a essa obra e estar mais perto desse universo que me apresentou pra tanta gente importante. Foi tudo escolhido coletivamente. Um trabalho em família. Todos participaram de uma forma muito presente.


OP – Além da música, a Clara Nunes tinha alguns elementos que eram muito importantes, como o cabelo crespo, as roupas. Que Clara você queria mostrar nesse show?


Mariene – Não há nada que não seja meu naturalmente, da minha essência. Eu sou uma negra de cabelo crespo, adepta do candomblé. Quem me conhece, isso sempre esteve presente na minha vida. Não apenas por conta de Clara. Clara mostra isso a partir do momento em que ela canta a Bahia. Quando o Adelzon, o produtor, criou todo esse universo novo pra ela. Quem são as duas mulheres que você lembra quando se fala em Bahia?


OP – Hoje, são muitos nomes.

Mariene – Mas é a Carmen Miranda e a Clara Nunes. A figura de Clara, e da Carmen, eram muito pra Bahia. E, curiosamente, nenhuma das duas era baiana. Esse trabalho vem muito forte o meu olhar sobre Clara. É o momento de Clara ensolarado, a partir do momento em que isso chega pra ela (o encontro com a Bahia). Acho que ninguém se mostrou tão baiana como ela e Carmen. Clara trouxe essa religiosidade, da filha de Ogun com Iansã. Isso marcou uma população que era órfã. É como se ela tivesse assinado uma libertação. É tão de hoje essa intolerância, imagine há 30 anos. Não é à toa aquela comoção do enterro dela.


OP – Você também se vê nesse papel de falar desses assuntos de religiosidade, de uma cultura que ainda sofre preconceito?

Mariene – Como isso vem com muita verdade. Vem de onde eu venho, do meu dia a dia. Eu sou desse povo e por isso eu entendo tão bem. Eu entendo essa carência. Cadê o nosso pai e a nossa mãe dentro da nossa cultura, das nossas raízes? O que é ensinado pra gente é muito diferente do que a gente sente. O samba de roda sempre foi tido como um produto de quinta. Por isso o (projeto) Santo de casa. Foi o momento do canto popular ser visto. Isso tudo é uma história que, se não for contada, vai ser esquecido.


OP – Você faz uma homenagem luxuosa para alguém que tirava repertório do morro, de compositores que morreram pobres. Você também costuma vasculhar em busca de um repertório que fica à margem da indústria?


Mariene – Essa é a história que acontece na Bahia até hoje. Todos os sambistas estão morrendo no anonimato. Hoje, graças a Deus, a gente tem um leque de artistas que gravam o Roque Ferreira. Dessa maneira, a gente ouve a Bahia fazendo samba. Desde meu primeiro disco, isso ta muito presente. Gravei muita música de domínio público. É onde surge a tabaroinha. Quem já me acompanha sabe quais os caminhos que eu percorri. Por isso eu me encontro em muitas músicas da Clara. 

OP – O que os anos de Timbalada te ensinaram?


Mariene – Eu tive, especialmente, mais contato com o Carlinhos Brown. Cantei com ele uns dois anos. Com a Timbalada foi um período curto. O que eu trago ainda hoje é o contato direto com o povo, o encontro com a massa. 

 

OP – Mesmo que tenha tido muito sucesso logo no segundo disco, Clara Nunes demorou até se encontrar artisticamente. Você também teve dificuldades para encontrar seu caminho?

Mariene – De verdade, não. Desde pequeninha eu tenho esse perfil. Desde minha atitude de menina, de querer trabalhar, sempre tive um pensamento muito atento a tudo. Quando fui convidada para ir pra França, eu tinha uma coisa de como o Brasil é visto lá fora. Por isso, eu fui de longo. “Vou mostrar que o Brasil tem elegância”. Desde então eu represento minha cidade com muita dignidade. Isso sempre esteve no meu discurso, na minha postura. Eu não canto canções. Eu tenho discurso.


OP – Você já foi comparada a Edith Piaf e agora deve ser comparada a Clara Nunes. O que você mais admira nessas duas mulheres?


Mariene – Na época que eu fui comparada à Piaf, eu conhecia uma coisa ou outra dela. Mas eu entendi a comparação por que eu era muito emotiva. Eu não falava uma palavra em francês e cantava em português. Mas as pessoas se emocionavam. Já a Clara, se fosse há 15 anos, eu diria “quem é a Clara?”. Por que só fui ter contato agora.


OP – O que mais você destaca nesse seu novo trabalho?

Mariene – Foi muito importante ter os tambores do Gantois comigo. Lembrar também a Mãe Menininha, que é outra mulher muito forte que deixou uma lição importante. Trazer músicos baianos para o Rio de Janeiro, onde eles passaram um mês comigo, criando, arranjando. Quem ver esse DVD vai ver uma diferença do que é o samba da Bahia.

SERVIÇO

Ser de luz

21 faixas (DVD)

Universal Music

Preço médio: R$ 21,90 (CD) e R$ 29,90 (DVD)

Fonte: O Povo
Última atualização: 13/03/2013 às 10:27:12
 
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