Eles não cobram ingresso, não têm endereço fixo para suas apresentações, tampouco lona. São mágicos, malabaristas, palhaços, faquires, emboladores que fazem das ruas e praças seu picadeiro. Hoje e amanhã, estarão reunidos em Fortaleza, na primeira edição do Festival Sesc de Circo Mambembe, com apresentações gratuitas, oficinas e exposições de 16 horas às 21 horas.
São 17 artistas que se revezam no circo montado no Calçadão Sesc/Crasa, na Avenida José Jatahy, no bairro Farias Brito, entre as avenidas Duque de Caxias e Bezerra de Menezes. A iniciativa é da Associação dos Artistas Mambembes de Ruas e Praças e conta com o patrocínio do Sesc.
Idealizado pelos próprios artistas, o festival é parte de um conjunto de esforços para a organização e interação entre eles, além de oferecer apresentações gratuitas ao público. "Nós vamos juntar em um só lugar artistas que todos os dias se apresentam nas praças, no sinais, nos ônibus de Fortaleza. E com apresentações de manhã, de tarde e de noite", destaca Galdêncio Siqueira, coordenador da mostra. A intenção, explica, é chamar atenção para a arte feita na rua. Mostrar a diversidade e o talento dos artistas que atuam no Ceará.
Programação
Se apresentam, a partir de hoje, os mágicos Goldman e Morgan; o atirador de facas Marquinho Faquir; os palhaços Coloral, Neurlandio e Karim Siqueira (Alecrim, de apena 13 anos); os humoristas Ronaldo e Cibalena; os emboladores, Marreco e Zé Calixto; o ventríloquo Rodrigo do Boneco; os acrobatas Robério Polegar, Gal Perna de Pau; os artistas de sinal Fabinho do Sinal, Alisson, Luquinha, Cristian, Mel e Rainha do Sinal; além de Robertinho do Chicote, Quebra Cocos, Alex do Fogo.
"A gente não está preocupado em mostrar arte só para a elite. Mostramos para o povão. Nossa arte é simples, mas feita com muita riqueza", destaca o embolador Marreco, que há mais de dez anos se apresenta ao lado de Zé Calixto, na Praça José de Alencar. Os dois serão mestres de cerimônia do Festival, apresentando as atrações ao público em forma de embolada.
Além dos números no interior da tenda, nos dois dias haverão artistas fazendo apresentações nos sinais do entorno. Durante o dia, serão realizadas ainda oficinas em escolas públicas localizadas no entorno do Calçadão. Do final da tarde, até a noite, as oficinas acontecem no próprio calçadão, paralelamente às apresentações, e são abertas ao público. No total, serão ofertadas nove oficinas, sendo elas "Pernas de Pau", "Palhaços Tradicionais", "Equilibrismo em Arame", "Argolas", "Bolas", "Claves", "Diabolos", "Pau do Diabo" e "Bonecas de Pano".
"Nós temos uma função social. Estamos na rua levando alegria, levando entretenimento a um mundo onde não há gentileza. Quando fazemos uma interferência no sinal, a pessoa que contempla aquela imagem, naquele momento muda. Passa a ser uma pessoa mais leve", ressalta Galdêncio.
Associação
Fundador do Circo Social de Rua no Mundo e há mais de 30 anos trabalhando com arte de rua, Galdêncio reforça a necessidade de organização dos artistas de rua e a oportunidade que está sendo almejada com a realização do Festival. A mostra marca a oficialização da Associação dos Artistas Mambembes de Ruas e Praças e contribui para a criação de uma rede de artistas de rua no Ceará.
"Nós não temos espaço reconhecido na sociedade. Não somos reconhecidos pelo poder público. Os editais não contemplam a gente. Nada das políticas públicas nos atingem. Estamos a margem disso. Precisamos nos organizar para que possamos ocupar os espaços que são de direito nosso", reclama.
Mais informações:
Festival Sesc de Circo Mambembe. Hoje e amanhã, de 16h às 21 horas, no Calçadão Sesc/Crasa, (Avenida José Jatahy, s/n - Farias Brito). Gratuito. Contato: (85) 3452.9000.
|