Mágicos, palhaços, emboladores e humoristas alegraram a noite de quem passava pelo Calçadão do Sesc
Mais parecia um mundo de fantasias, cheio de palhaços, mágicos, homens cuspindo fogo e saltando em pernas de pau. O calçadão do Serviço Social do Comércio (Sesc), na Avenida José Jatahy, virou um picadeiro ao ar livre durante a noite de ontem. Era o primeiro dia do Festival de Circo Mambembe. Até quem passava cansado do trabalho, parou para ver a palhaçada e sorrir. O dia ganhou um novo colorido.
Picadeiro ao ar livre animou quem passava pelo local. O festival segue até hoje, das 16h às 21h, com mais de 17 atrações de rua e oficinas Foto: Lucas de Menezes
O festival segue até hoje, das 16h às 21h com mais de 17 atrações de rua e oficinas artísticas para adultos e crianças. E tem de tudo um pouco, apresentações com palhaços, show de humor, muita "risadaria". A dona de casa, Fátima Alcântara, 32, adorou o espetáculo. "Estava até de cara feia, chateada com os problemas, mas mudou. Fiquei feliz".
Para o ator e também idealizador do projeto, Galdêncio Siqueira, o festival é um momento de dar maior visibilidade para os artistas de rua e, assim, tentar enfrentar estigmas e preconceitos que eles sofrem nas praças, becos e avenidas da Capital.
"Estamos aqui para oferecer nosso trabalho, garantir diversão e fazer com que tenham acesso à cultura, de graça e de boa qualidade. Mas ainda falta muito estímulo para a arte de rua, não há projetos e nem editais".
Festa
Apesar da dificuldade de trabalhar, do sol quente batendo no rosto, da barulheira e do pouco reconhecimento, Galdêncio Siqueira diz amar muito o que faz. "O que nos realiza é saber que conseguimos dar um pouco de alegria para as pessoas. Isso nos motiva a seguir em frente", diz.
E não faltam os motivos para cair na gargalhada. Durante esses dois dias, cerca de 22 artistas irão se reunir nesse grande picadeiro ao ar livre. Se apresentam os mágicos Goldman e Morgan; o atirador de facas Marquinho Faquir; palhaços Coloral, Neurlandio e Karim Siqueira; os humoristas Ronaldo e Cibalena; os emboladores, Marreco e Zé Calixto; ventríloquo Rodrigo do Boneco; os acrobatas Robério Polegar, Gal Perna de Pau; os artistas de sinal Fabinho do Sinal, Alisson, Luquinha, Cristian, Mel e Rainha do Sinal; além de Robertinho do Chicote, Quebra Cocos, Alex do Fogo e tantos outros.
A pequena Suelen Vieira, 6, disse nunca ter se divertido tanto. Além de assistir aos shows, pôde aprender novos saberes. Realizou um sonho: andar de perna de pau. "Eu gostei muito. Queria que aqui fosse animado todo os dias", afirma a garota.
Celebração
O artista de rua Iranildo Ferreira, mais conhecido como palhaço Cibalena, sabe bem a diferença que um festival como esse faz na vida das pessoas. "Para quem não tem dinheiro, acesso à cultura, levar diversão para o povão é uma alternativa. É tão bom ver as pessoas sorrindo", afirma.
Mas, sabe que a vida mambembe não é fácil. Apesar do sorriso frouxo, ele conta como a sua rotina é sofrida. Teve que deixar de fazer shows nas praças por perseguição. "Não deixavam mais agente trabalhar, achavam que a gente era ladrão. Um absurdo. Agora faço show em ônibus, animo a viagem, pego uns 15 transportes por dia. Canseira".
|