Nesta semana, chega à Caixa Cultural Fortaleza a exposição gratuita “Direitos Humanos - O Brasil em Imagens”
A partir de amanhã, na caixa Cultura, está aberta ao público a exposição “Direitos Humanos – Imagens do Brasil”. Composta por 60 imagens e pinturas de diversos fotógrafos e artistas plásticos, a mostra reconta as conquistas cívicas e os avanços da sociedade brasileira.
Inaugurada em Belo Horizonte, no dia internacional da luta pelos Direitos Humanos, 10 de dezembro de 2010, a mostra é baseada em um livro homônimo, lançado na mesma ocasião, com apresentação do então Ministro da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, Paulo Vannuchi. Tem curadoria de Denise Carvalho e textos do jornalista Gilberto Maringoni. Já esteve também no Rio de Janeiro, Salvador, Aracaju, Curitiba, Brasília, Recife, Porto Alegre e Vitória.
Aspectos
O acervo é conduzido por três aspectos: colonização portuguesa, escravidão e ditadura. Coube a Denise Carvalho transpor a obra homônima – com 150 imagens – para o formato de exposição, reduzindo a quantidade de registros, mas mantendo a cronologia e o sentido. “A mostra fala do Brasil do ponto de vista da construção da história civilizatória. Abordamos não só as vitórias na conquista pelos Direitos Humanos, mas também a parte ruim, das dizimações, prisões, da repressão. E tudo isso em imagens, então é bastante comovente”, afirma Denise.
Apresenta-se, portanto, desde a conquista do território brasileiro por parte dos portugueses, a dominação e o extermínio de inúmeros povos indígenas; a escravidão negra, com a provável chegada das primeiras levas de africanos, em 1502; até a total libertação da escravatura, com destaque para a história marcante do Quilombo dos Palmares. Nela, pode-se também revisitar o massacre de Canudos, a Revolta da Vacina e da Chibata, e as lutas por melhores condições de trabalho, as primeiras greves, o tenentismo, a Revolução de Trinta e outros importantes capítulos da história cívica nacional recente, como a “Lei Maria da Penha”.
“Engana-se quem acha que nossas lutas pelos Direitos Humanos não foram episódios violentos. A cultura do brasileiro está muito ligada à violência. Temos uma elite truculenta e alguns marcos nacionais, como a própria ditadura, nos dizem isso”, acrescenta Denise Carvalho.
Obras
Entre as imagens, destaca-se “Tiradentes Supliciado”, de Pedro Américo, que revela o fim dado à Inconfidência Mineira, movimento inspirado pelo iluminismo francês. A reprodução de “Zumbi”, de Antônio Parreiras, que simboliza o Quilombo dos Palmares, expressão do inconformismo dos escravos. E a ilustração “O Milagre”, que retrata a expansão econômica dos anos 1970, comandada pelo presidente Médici, no período que registrou a fase mais dura e repressiva da ditadura militar.
Diante da recente polêmica sobre a posse do Deputado Marco Feliciano (PSC), pastor evangélico conservador, à Comissão dos Direitos Humanos, a curadora afirma que o caso poderia, sim, ser acrescentado posteriormente à mostra.
“A exposição já aborda, por exemplo, as paradas gays. Nessa situação, penso que Marco Feliciano representaria o atraso que os Direitos Humanos sofrem no País. Mas certamente essa luta pela visibilidade LGBT e o direito à união estável entrariam, sim”, comenta.
“Direitos Humanos – Imagens do Brasil” tem entrada franca e fica em cartaz até o dia 12 de maio deste ano, das 10h às 20h.
FIQUE POR DENTRO
Tratados de Direitos Humanos
Embora a tentativa de defender o indivíduo contra abusos de diversos tipos de poder seja antiga, o conceito sobre o que seriam tais direitos é relativamente novo. Sua formulação se dá com o Iluminismo, no século XVII, e amadurece com a Revolução Francesa. Mas é no período após a Segunda Guerra Mundial, que os Direitos Humanos assumem características próximas às atuais, com a aprovação da “Declaração Universal dos Direitos do Homem”, em 1948, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Conforme esta lei, “todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos” e devem “gozar os direitos e as liberdades estabelecidos na Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição”. O Brasil é signatário dos mais importantes tratados internacionais de direitos humanos, tanto na esfera da ONU quanto da Organização dos Estados Americanos (OEA). Entre os tratados estão o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos; o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais; a Convenção Contra Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes; e a Convenção Americana sobre os Direitos Humanos.
Mais informações:
Exposição “Direitos Humanos – Imagens do Brasil”. De 17 de abril a 12 de maio de 2013 (de terça-feira a domingo), das 10h às 20h. Galeria da Caixa Cultural Fortaleza (Av. Pessoa Anta, 287). Gratuito. Contato: (85) 3453.2770.
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