Após um ano de impasses, a previsão é que o equipamento seja reaberto no segundo semestre deste ano
Inauguradas em janeiro de 1999, as duas salas de cinema do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC) colocaram Fortaleza no importante circuito de exibição da cinematografia independente e de arte. Após um ano de incertezas, depois do encerramento da parceria entre o instituto e o Espaço Unibanco de Cinema (atualmente Espaço Itaú de Cinema, desde a fusão dos bancos em 2008), a direção do centro acena mais uma vez para a reabertura dos equipamentos. Esta, contudo, só deve acontecer no segundo semestre deste ano.
A restauração das salas de cinema ainda caminha a passos lentos. A reforma deveria ter começado em janeiro, conforme estabelecido em contrato assinado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), em dezembro do ano passado. O longo trâmite burocrático, porém, atrasou o início das obras. "O processo é a publicação da liberação dos recursos e deve ser concluído até a amanhã", esclareceu Bete Jaguaribe, Diretora de Formação e Criação do Instituto de Arte e Cultura do Ceará (IACC), responsável pela gestão do Dragão do Mar. "Acreditamos que as obras nas salas de cinema serão iniciadas antes do fim de abril, pois o projeto já está pronto", afirmou.
A diretora é cautelosa ao falar sobre a data de reabertura das salas. No início de janeiro, o IACC chegou a garantir a reinauguração do cinema em abril. "Estabelecer tempo é sempre meio polêmico. Pelo contrato, a ideia é entregar em dois meses. Imaginamos que no início de junho as obras físicas estarão construídas". Bete Jaguaribe ressalta também que o prazo de entrega e a instalação dos novos equipamentos cinematográficos, que são importados, é entre 60 e 90 dias.
Fundaj
Após a reforma estrutural das salas, o equipamento será entregue a curadoria da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), sediada em Recife. O "Cinema da Fundação", como é conhecido na capital pernambucana, é uma referência nacional em cinema de arte. A parceria de trabalho entre a atual gestão do CDMAC e a Fundaj foi firmada em novembro do ano passado.
Ajustes estruturais
A restauração física do equipamento vai aumentar o conforto do público, além de promover a acessibilidade. "O cinema vai passar por uma estrutura para criar acesso para cadeirantes e também ampliar a capacidade das duas salas", afirmou a diretora do IACC.
A Sala 1, que tem atualmente 81 lugares, passará a comportar 154 pessoas. Já a sala 2, que tem 111 poltronas, ganhará mais 104. Após a reforma, a capacidade total dos cinemas aumenta de 192 para 369 vagas, de acordo com Bete Jaguaribe. A restauração também inclui a troca do piso e a criação de rampas.
Além da estrutura física, a reforma incorpora a renovação do material cinematográfico. Segundo Bete, a Cinemateca Brasileira e a Fundaj analisaram, em outubro de 2012, os equipamentos do cinema do Dragão do Mar. Um novo sistema de projeção será instalado, seguindo o padrão das salas mais modernas. De acordo com a diretora, o investimento em equipamentos imobiliários das duas salas de cinema CDMAC é de R$ 1,5 milhão. Já a ordem de serviço da restauração física, incluindo o teatro do centro cultural, é de R$ 983 mil.
Público
Ao longo dos 13 anos sob administração do Espaço Unibanco de Cinema, o Dragão do Mar se consolidou por sua programação alternativa e variada, exibindo filmes fora do circuito das salas comerciais. Enquanto o cinema continua fechado, o público aguarda ansiosamente a reabertura das salas do instituto.
Para a universitária Carolina Esmeraldo, 22, a ausência do cinema do CDMAC dificulta o acesso do espectadores aos filmes de arte. "Lá era o local mais adequado pra ver filmes de qualidade, com horários convenientes e preços acessíveis. Acabo baixando os filmes porque os cinemas da Capital resolveram não colocá-los na lista de exibição".
Entre maio e agosto do ano passado, o empresário João Soares Neto assumiu o cinema do centro cultural, abrindo uma das salas para filmes estilo blockbuster. A empreitada, porém, não agradou a plateia. "Acho que a visão comercial não funciona porque o público que ia pro cinema do Dragão ia porque era um espaço diferenciado", opina o ator Arimatéia Moura Filho, 22.
Mas os apaixonados por filmes de arte podem comemorar. A proposta do IACC é retomar a exibição de produções afastadas do mainstream, segundo Bete Jaguaribe. "A ideia do Paulo Linhares (presidente do IACC) é transformar os dois cinemas em uma grande referência brasileira em uma cinematografia não comercial".
Parceria
A parceria entre o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e a Fundação Joaquim Nabuco foi assinada pelo presidente da FJN, Fernando José Freire, e o presidente do IACC, Paulo Linhares.
O acordo prevê estimular o debate a partir da exibição de filmes, apresentando uma programação que deve valorizar a diversidade a atender ao forte consumo cultural da cidade.
Os cinemas terão a chancela "Cines Dragão do Mar / Cinema da Fundaj".
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