Pesquisa do Iphan tem o objetivo de transformar o Teatro de Bonecos do Nordeste em patrimônio cultural
A arte de dar vida a bonecos constitui uma das mais antigas formas de expressão artística difundidas mundo afora. No Nordeste brasileiro, em especial no interior ou nas periferias das cidades, bastava um canto de sala, com uma cortina, para os mestres manipuladores de bonecos encantarem os presentes com suas histórias. Algumas, baseadas em fatos relacionados à via cotidiana ou falando de reis e rainhas.
Até hoje, essa arte milenar continua no imaginário das pessoas e sendo praticada pelas novas gerações. Com o objetivo de promover a salvaguarda dessa linguagem artística, sobretudo a memória dos mestres mamulengueiros a fim de que essa arte seja preservada, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Universidade de Brasília (UnB)estão concluindo processo de registro do Teatro de Bonecos Popular do Nordeste - Mamulengo, Babau, João Redondo e Cassimiro Coco - para que se torne Patrimônio Cultural Imaterial.
Para marcar a etapa final do processo, consiste no registro minucioso da manifestação com mestres locais, acontece de hoje até sábado, o Encontro do Cassimiro Coco do Ceará. O evento será aberto logo mais, às 9h, no Salão Meireles Vista, Hotel Mareiro, Avenida Beira-Mar.
Em seguida, acontece mesa-redonda sobre o histórico do processo de registro geral e estadual, procedimentos e resultados obtidos com Izabela Brochado e Kaise Helena T. Ribeiro do Instituto de Artes da Universidade de Brasília (UnB). Após debate, será realizada a apresentação dos mestres presentes.
Os trabalhos prosseguem na parte da tarde, com roda de conversa. Das 17h30 às 19h, na Praça Mestre Boca Rica, no Theatro José de Alencar, os mestres Gilberto Calungueiro (Icapui) e Chico Bento (Trairi) realizam apresentações.
O encontro celebra, ainda, o Dia Nacional do Teatro de Bonecos, que acontece sábado, 27. As atividades serão desenvolvidas no Hotel Mareiro, Theatro José de Alencar e Casa de Juvenal Galeno. Durante três dias, o teatro de bonecos será tema de mesas- redondas, rodas de conversas e apresentações.
A finalidade é recolher e documentar informações minuciosas sobre teatro de mamulengo no Ceará, explica Maria Vitória de Freitas, atriz do Grupo Formosura e ex-presidente da Associação Cearense de Teatro de Bonecos (ACTB). Afirma que a pesquisa está sendo realizada na região Nordeste. Ceará e Pernambuco são os dois últimos estados visitados. Esclarece que o Dia Nacional do Teatro de Bonecos foi criado pela Associação Brasileira de Teatro de Bonecos (ABTB) fazendo alusão à data de fundação de entidade, em 1973. Ela faz parte da Union Internationale de la Marionnette (Unima).
No Ceará, a organização dos artistas de teatro de bonecos começou em 1987. Maria Vitória fala sobre a importância do encontro. "Irá reunir os mestres cearenses". Ressalta que a intenção do Iphan é mapear todos os mamulengueiros do Ceará. "Muitos são idosos, outros estão doentes ou já morreram", diz.
Izabel Vasconcelos, presidente da ACTB estima em 31 o número de associados, destacando que o encontro já aconteceu em quatro estados do Nordeste. "O registro é minucioso", explica, fazendo referência ao rigor do processo para tornar o mamulengo patrimônio cultural. Defende a realização de políticas para salvaguardar essas manifestações que estão morrendo, lamenta.
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De hoje até sábado acontece o Encontro do Cassimiro Coco do Ceará, no Hotel Mareiro, Theatro José de Alencar e Casa de Juvenal Galeno
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