Mais de 40 pessoas, entre representantes de equipamentos culturais do Centro e estudantes e usuários compareceram à reunião que aconteceu na manhã de ontem com o secretário adjunto da Secretaria Regional do Centro, Ricardo Sales. O empresário Régis Dias, gestor da pasta, acabou não podendo comparecer.
Durante a fala de Ricardo, pode-se perceber uma série de proposições futuras, mas poucas medidas "para agora".
Os prazos dados vão de seis meses a um ano, mas quase todos os projetos estão atrelados à finalização de obras: como a reforma da Praça José de Alencar, ligada ao término do Metrofor; e a reforma da Praça da Estação, relacionada à construção da Pinacoteca do Estado.
Os temas mais recorrentes foram: sensação de insegurança, falta de mobilidade urbana e os poucos esforços em arborizar o Centro e em habitá-lo, investindo em políticas de moradia.
Tanto a insegurança quanto a falta de mobilidade foram postas na conta do comércio ambulante. Segundo Ricardo, um processo de mapeamento dos ambulantes do Centro e de investigação, para saber quantos pontos cada ambulante detém, vem sendo feito.
Para ele, assim que as principais praças e galerias do bairro estiverem reformadas e requalificadas (ou seja, sem ambulantes), a questão da insegurança estará praticamente resolvida.
Propostas
O secretário adjunto exemplificou a eficiência da Regional com as últimas operações de reordenamento da feira da Rua José Avelino e com a retirada dos vendedores informais da Praça da Estação.
"No momento em que fecharmos a praça para reforma, os ambulantes terão que sair. E quando essa praça for entregue, ela já estará requalificada. E vamos instalar fiscais para garantir a manutenção dessa ação. O mais importante agora é pensar para onde vão essas pessoas. Estamos vendo alguns prédios que poderiam ser reformados para abrigar esse comércio", detalhou o adjunto, sobre a Praça José de Alencar.
O que, no entanto, causou desgosto dos gestores foi a afirmação de Ricardo de que, de acordo com os planos do Governo do Estado, a Praça José de Alencar seria coberta com granito. Adelaide Gonçalves, em sua apresentação, se posicionou completamente contra e foi apoiada por boa parte dos representantes.
"Queremos um Centro para o povo, não um Centro de granito", afirmou a professora. Márcio Porto, gestor do Arquivo Público também concordou. "É preocupante esse discurso de criminalização do Centro, de higienização. Não é isso o que queremos para esse espaço. Queremos urbanização e ordenamento, mas não queremos expulsar ninguém", completou Porto.
Uma das propostas mais concretas do adjunto, que intenta garantir maior fluxo de pessoas no Centro em todos os horários, é incentivar a instalação de instituições de ensino.
Segundo ele, as faculdades Maurício de Nassau, Fanor, Fatene e Fatece estão cotadas. Quanto à moradia, quem tem interesse em morar no Centro, atualmente, já possui isenção de IPTU. Contudo, isso - nem de longe - vem sendo o suficiente para atrair moradores.
Arborização
De acordo com os números apresentados por Ricardo, das 32 praças da Regional, 15 já foram adotadas pelo sistema de adoção de áreas verdes. "Antes, quem adotava uma praça não podia consertar um meio fio ou um banco. Agora essas empresas também podem fazer isso", explicou o secretário adjunto.
Finalizando a reunião, Izabel Gurgel reforçou a importância de se investir mais em jardins e menos em estacionamentos como forma de requalificar o Centro e garantir a atração de pessoas ao bairro.
"Apenas 20% da população de Fortaleza possui transportes particulares. Outros 80% se locomove por transportes públicos. Então, eu prefiro falar e garantir direitos para 80% do que para 20%".
"Se não existe mais um respeito pelas pessoas, porque isso nós temos perdido mesmo, infelizmente, que tenhamos pelo menos respeito por esses oitis centenários que estão aí, na Praça José de Alencar, na nossa frente", arrematou.
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