Em novo espetáculo, a atriz Karla Karenina, criadora da personagem Meirinha, combina humor, música e poesia
Meirinha e Karla, não necessariamente nessa ordem. Duas facetas da mesma carreira. Uma faz humor; a outra, teatro, música e até poesia. Uma é ficção; a outra, a mulher que a cria. É da primeira, porém, a efeméride que inspirou o espetáculo "Colcha de Retalhos - 25 anos de amor e riso", que a atriz cearense Karla Karenina estreia, amanhã, no Ideal Clube. A produção marca os 25 anos de criação de Meirinha, personagem de humor que tornou a artista conhecida não apenas nos palcos do Ceará, mas nacionalmente, na tela da TV.
A moça é uma doméstica deveras vaidosa, apesar do gosto duvidoso para roupas e acessórios. Tem um cuidado especial com o linguajar, que, no entanto, termina invariavelmente com palavras soletradas erradas. Sem falar na voz nasalada e o sotaque nordestino be carregado. Misto de ingenuidade e comicidade, o jeito de Meirinha conquista o público de cara.
A primeira apresentação oficial foi em 1988. Mas Meirinha já costumava aparecer antes, em festas de família e amigos. "Gostava de inventar vozes, Foi daí que surgiu Meirinha", recorda Karla. Além dos shows ao vivo, a personagem participou de programas humorísticos da televisão brasileira, como "Escolinha do Professor Raimundo" e "Chico Total", comandados na TV Globo pelo seu mestre e amigo Chico Anysio.
Plural
Mas nem só de humor vive a carreira de Karla, que também trabalha como atriz, cantora e poetisa. Na TV, integrou o elenco de novelas como "Andando nas Nuvens" (Globo, 1999) e "Morde & Assopra" (Globo, 2010/2011).
O talento também sobrou para o cinema, em filmes como "Onde anda você" (Sérgio Rezende. 2004), "cilada.com" (José Alvarenga Júnior. 2011), "Área Q" (Gerson Sanginitto, 2011) e o novíssimo "Cine Holliúdy" (Halder Gomes), que estreia em agosto deste ano.
Nesse mesmo mês, aliás, Karla estreia o espetáculo O Morto e a Donzela, com texto de Caroline Treigher, em que faz a esposa de um coveiro. Mais para frente, aparecerá ainda em "Folia de Reis", longa de Rosemberg Cariry ainda em fase de produção.
Planos futuros incluem ainda o lançamento de um livro de poemas. "Estou revendo esse material, deve ser para 2014", adianta a artista, que também atua como terapeuta. Sou muito inquieta, não consigo ficar parada", brinca.
Nos últimos dias, porém, boa parte dos esforços foram direcionados para "Colcha de Retalhos", que pretende justamente revelar ao público essas outras facetas de Karla.
No palco, a artista explora suas diferentes vertentes. A parte do humor, claro, fica a cargo da personagem Meirinha. "A expressão ´colcha de retalhos´ define muito bem o que é minha carreira, por isso o nome", explica. "Nesse show tem de tudo um pouquinho. Basicamente, conto minha carreira por meio da música, de textos e de poemas", resume.
A maneira de articular esses elementos no palco é "surpresa", diz ela. Mas adianta que a música é um elemento condutor importante. "É a base do show, que ajuda muito na transição entre Meirinha e Karla, não necessariamente nessa ordem", brinca.
Na montagem, destacam-se o piano de Edson Távora e a percussão de Otto Jr. O cenário, segundo Karla, é "aconchegante", com um rádio dos anos 1940, um biombo e uma poltrona em patchwork. "Algo que remete à colcha de retalhos, à sala de casa", esmiuça a artista. Parte do cenário e o figurino são assinados por Cabeto Carvalho.
Formação
Na formação de Karla, a dança e a música cumpriram papel fundamental. "Comecei a fazer dança com Dora Andrade, Rosana Pucci", recorda.
"Já a música foi mais informal. Na época da escola, formamos um grupo, chamado Canto Nascente. O Marcus Caffé, por exemplo, fazia parte. A gente se reunia para ensaiar arranjos vocais, tudo ainda na década de 180", conta Karla. "Foi quando comecei a inventar vozes", complementa a artista. "Claro que em determinadas épocas você se concentra mais em um ou outro projeto. Mas, ao longo da carreira, nunca deixei de fazer outras atividades além do humor. Era concomitante", recorda.
Ao longo da carreira, Karla também emprestou sua imagem para campanhas de interesse social, como o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase - Morhan, do qual também participaram artistas como Elke Maravilha e o cantor Ney Matogrosso.
Mais informações
Colcha de Retalhos, com Karla Karenina. Amanhã, às 20h, no Ideal Clube (Av. Monsenhor Tabosa, 1381, Meireles) Ingresso: R$ 50. Contato: (85) 3248.1055
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