"Tipogravando" e livro sobre Expedito Sebastião da Silva revivem a poética das antigas tipografias
João Pedro do Juazeiro traz no nome de artista a marca de suas raízes. Serve de pista para o processo de criação, que se assemelha justamente a uma raiz, com ramificações que se prendem entre si. De Juazeiro do Norte, o artista trouxe a Fortaleza uma coleção de ofícios tradicionais, que se transformam de acordo com as demandas de seu autor.
O João Pedro do Juazeiro é, a um só tempo, artista visual, poeta e editor. Divide seu tempo e energia criativa entre a xilogravura (que, por vezes, imprime em cores); a poesia do cordel; e a tipografia. Essa última paixão acaba se atando as outras duas. A exposição "Tipogravando", que ele abre, hoje, no Sesc Senac Iracema, é exatamente um manifestação deste amor pelo processo artesanal da impressão.O artista vai montar no espaço uma pequena tipografia. Não é muito diferente daquelas que mantinham a produção dos cordeis, garantindo a sobrevivência de uma expressão literária à margem do grande mercado editorial. "João Pedro vai expor uma parte da tipografia dele. Faz bastante tempo que ele reúne esse maquinário, comprado de tipografias que fecharam. Quem visitar a exposição vai ver a impressora, a caixa de tipos, acompanhar a forma de produção de um folheto, além de algumas xilogravuras", explica o pesquisador e escritor Gilmar de Carvalho, que acompanha o trabalho artístico do xilófrago desde 1997.
É com esse material em exposição no Sesc Senac Iracema, explica Gilmar, que João Pedro do Juazeiro faz seus próprios cordéis - e de outros poetas desta tradição, que confere ao impresso as marcas do oral.
Alguns dos trabalhos de João Pedro para o cordel estarão na mostra. Neles, os artista costuma combinar seus ofícios, alternando estrofes com pequenas imagens gravadas. Os xilocordéis ampliam a presença da imagem no gênero (o mais comum é que a única ilustração seja a da capa do folheto). "João Pedro é muito bom na arte da miniatura. Faz bem o trabalho do talhe em peças pequenas", avalia Gilmar, autor de obras sobre a xilogravura do Cariri.
Não é a toa que sua oficina doméstica tem sido visitada com frequência por alunos de cursos de design.
Livro
A noite no Sesc Senac será duplamente dedicada à palavra. Além de sua dimensão física, traduzida nos tipos móveis da oficina de João Pedro, os presentes poderão conhecer o novo livro de Gilmar de Carvalho, "A lira do poeta Expedito". Novo título da Coleção Juazeiro, é dedicado ao poeta Expedito Sebastião da Silva, ele mesmo um tipografo, responsável pela casa São Francisco que imprimiu, dentre outros autores, o canônico Patativa do Assaré.
Mais informações:
Exposição "Tipogravando", do artista João Pedro do Juazeiro. Abertura às 19 horas, no Sesc Senac Iracema (Rua Boris, 90 - Praia de Iracema). De segunda a sexta, das 9h às 19h; sábado e domingo, das 16h às 21h. Gratuito.
Contato: (85) 3452.1242
LIVRO
A lira do poeta Expedito
Gilmar de Carvalho
Coleção Juazeiro
2013, 176 páginas
R$ 30/ Preço no evento: R$ 20
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