Um grupo de garotas tem causado encantamento na Beira Mar ao praticar uma atividade que exige equilíbrio, força e ainda promove o contato com a natureza
Elas acordam bem cedo, por volta das 5h da manhã, põem o biquini, colocam a prancha embaixo do braço e seguem para o mar. Mas essas garotas não vão exatamente descer ondas ou curtir uma alta carga de adrenalina. O que esse grupo faz quando se encontra é praticar uma nova modalidade de esporte em cima da prancha de "Stand Up Paddle" que mistura pilates, dança e posições do Yoga (chamadas asanas).
"Nós chamamos de SUP Yoga, mas nos preocupamos bastante em deixar claro que não é uma nova modalidade do Yoga. Somos apenas praticantes que quando sobem na prancha de SUP não se controlam e começam a tentar algumas posições. É quase instintivo", explica a gerente de marketing Joana Ramalho, uma das precursoras dessa prática aqui em Fortaleza.
Instagram
Foi através das fotos que Joana publica em seu Instagram que um grupo (hoje com quase 30 garotas) começou a se formar. As profissões são as mais diversas, mas os interesses se encontram quando se fala em esporte, surfe, balé, pilates, circo, Yoga ou qualquer outra atividade física.
"É mais um jeito de surfar, mas também é um jeito de remar. São as duas coisas juntas, então, na minha opinião, é isso que o torna especial. Juntou um costume meu, que era remar, com um sonho, que era o surfe", complementa a publicitária Mariana Marques, que também costuma publicar as fotos da prática em seu perfil na rede social.
A atividade envolve e exige equilíbrio, força, concentração, elasticidade e flexibilidade. "A primeira dificuldade é o equilíbrio, mas rapidamente se supera. Para fazer as posições, outra dificuldade foi aprender a conviver com o movimento da prancha e tentar compensar esse balanço natural de forma leve e imediata", revela Joana.
É fato que as atividades praticadas anteriormente pelas meninas ajuda na hora de se arriscar na prancha. Roberta foi bailarina, Mariana tinha prática em pilates e Yoga, Joana dançava jazz, Ingrid é kitesurfista e Juliana sapateava.
Passadas as dificuldades iniciais, a grande vantagem da prática no mar é que, a qualquer erro, o "tombo" é na água. "Minha alma fica leve quando levo um tombo tentando fazer uma invertida na prancha. Dou aquele mergulho e volto", comenta a arquiteta Juliana Silveira.
Encontro com a cidade
Durante o processo de tentativa e erro, principalmente no grupo que trabalha sem instrutor, é claro que as "quedas" são inevitáveis. "A gente sempre se aventura a fazer acrobacias, asanas de yoga, posturas do pilates, abdominais e um monte de outras coisas. De vez em quando um corpo pende. E a queda é na água, né? Deliciosa", reforça Mariana.
Entre um mergulho e outro, seja proposital ou inevitável, é possível curtir um outro benefício da atividade. É a contemplação da beleza da cidade por um outro ângulo. "Dou aquele mergulho e volto para a prancha, sempre apreciando as imagens da cidade que, vistas de dentro do mar, são lindas e bem diferentes", observa Juliana.
Como a atividade é feita na Beira Mar, muitas garotas da turma entraram naquelas águas pela primeira vez, atraídas pelo convite para o esporte. "Vejo o brilho nos olhos delas, perguntando: ´meu Deus, como é que isso existe há tanto tempo, moro aqui há 30 anos, e nunca tinha tomado banho nesse mar? Quando a gente menos espera, a faixa tá lotada, ocupada. Chegam curiosos e no dia seguinte outras pessoas aparecem", reflete Mariana.
As meninas defendem que todos esses momentos fazem parte de um processo de ocupação da cidade que elas acreditam como uma das alternativas para melhorar o ambiente onde vivem. "Temos uma cidade privilegiada, com lindas lagoas e um mar maravilhoso que é quentinho às 5 da manhã, por que não desfrutar?", questiona Ingrid.
Com as fotos postadas na internet, o encantamento atinge ainda mais pessoas. "A primeira vez que me deparei com uma foto de uma pessoa praticando SUP fiquei encantada com a beleza do local. E esse lugar era a nossa Beira Mar. Quase nem acreditei", revela Joana.
Para Roberta, que soube da prática através do Instagram, a hora das fotos está entre os momentos mais divertidos. "Na primeira vez que fui, fizemos uma hora de SUP praticando asanas em cima das pranchas, caindo muito, rindo muito e posando para fotos que, diga-se de passagem, é um dos melhores momentos. Afinal, hoje, postar é viver", diverte-se.
Desafios
Para quem não tem tanta prática com outras atividades físicas, mas se empolgou com a ideia, as "estripulias" no SUP não são impossíveis. "Para os iniciantes, sempre dá para fazer algum alongamento em cima da prancha", indica Joana. Ingrid aconselha primeiro somente tentar remar no SUP, curtir, ir se familiarizando com a prancha. Em paralelo, iniciar uma prática em Yoga ou pilates, para começar a tentar fazer alguma posição.
O grande desafio é mesmo se permitir e começar. "Chega lá e tenta. Se permita! Se cair, dá um mergulho e depois volta para a prancha. Se cansar, senta e fica apreciando a paisagem. O SUP é para todos", encoraja Juliana.
O grupo costuma se reunir na Beira Mar e Lagoa do Colosso, atraindo curiosos que depois também se tornam praticantes
Sem desculpas
Nem mesmo o horário é justificativa para não entrar na brincadeira. Já que, normalmente, elas se encontram antes do horário comercial ou no fim de semana. "O que me motiva é pensar que estarei perdendo um lindo visual e uma ótima energia para começar meu dia porque vou estar dormindo! Quando penso isso dou um pulo da cama", brinca Ingrid.
Além da Beira Mar, elas também costumam se encontrar na Lagoa do Colosso, outro ponto da cidade indicado para a prática. "Muitas vezes prefiro praticar na lagoa, onde não existe onda e facilita muito o início da prática", observa Joana.
Entre vantagens como contato com o mar, a ocupação da cidade, o encontro entre amigas e a sensação de bem estar, o corpo também agradece. E muito!
Mariana explica que dependendo da velocidade e força do remo, a frequência cardíaca pode subir um pouco e virar um ótimo exercício aeróbico. Sem falar que o core, a região central do corpo, que envolve o abdômen, está o tempo todo acordado, acionado, e isso ajuda muito a ter um tronco forte, definido. "A gente trabalha bastante coxa também, em isometria".
Para encorajar quem se animou, mas ainda pende para a preguiça, a publicitária lança uma proposta: "Desafio alguém a ficar por uma hora no mar, descansando, remando, pensando, meditando, pra ver se não sai muito melhor do que entrou".
Mais informações
Para segui-las no instagram: @deustavendo @joanaramalho1 @ingridquebez @rullyy @robertafgomes e @nataliarecamonde
Agradecimentos a Galdino da Kayakeria (8833.4005)
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