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Notícias

25/07/2013 

Livro com entrevistas de Hilda Hilst traz histórias inusitadas

Toda a obra de Hilda Hilst é um esforço deliberado para que suas inquietações literárias fossem compreendidas. A angústia que tanto massacrou a paulista de Jaú, falecida em 2004 aos 74 anos, durante a vida escorre pelas 20 entrevistas compiladas em Fico besta quando me entendem (Editora Globo), título organizado por Cristiano Diniz.

Justapostas no volume, as conversas travadas com jornalistas, professores e leitores, entre 1952 e 2003, revelam uma artista que vai, aos poucos, abandonando a ansiedade da juventude em favor de uma certa resignação: a esperança de ser digerida dá lugar à satisfação de uma vida coerente.

Em outras palavras, fica ainda mais expressivo ao longo do tempo seu autorreconhecimento. “Estou ficando velha. Mas me considero uma velha muito interessante, e continuo brilhante”, disse, em 1994, à revista Interview.

Ela reforça seu valor quase como uma forma de defesa contra uma recepção senão hostil, pelo menos francamente indiferente até os anos 1990. Com a idade, o ânimo diminui, e as palavras vão ficando cada vez mais econômicas, embora a desinibição seja maior.

Tanto as oito peças que escreveu entre 1967 e 1969 quanto os romances de conteúdo erótico – como O caderno Rosa de Lori Lamby (1990) e Cartas de um sedutor (1991) – foram um exercício de aproximação.

“É um absurdo você fazer obras-primas como eu faço e guardar tudo na gaveta, esperando que daqui a 50 anos as pessoas falem de você”, afirmou em abril de 1991 a Hussein Rimi.

Se a dramaturgia pouca repercussão lhe trouxe, sua pornografia deliciosa ganhou ressonância negativa. “No mundo literário, eu me sinto como se vivesse na época vitoriana”, reclamou ao mesmo Rimi.

Esses trabalhos contribuíram para aferrar à personalidade já controversa e cheia de adjetivos – louca, por conversar com espíritos, e hermética, por uma literatura densa – a pecha de pornográfica.

Mas, afastado o cipoal de qualificativos, quem era, afinal, a mulher que, aos 33 anos, sob a influência de Carta a El Greco, romance do grego Níkos Kazantzákis, abandonou a vida da alta burguesia paulistana para se dedicar integralmente à literatura no sítio Casa do Sol, a alguns quilômetros de Campinas, cercada de cachorros, vinhos e livros?

Antes de retratar um ser humano assombrado por fantasmas mentais, a compilação é uma pintura das melhores obsessões dela. Por exemplo, as experiências captando vozes de mortos através de aparelhos eletrônicos; uma metafísica da Morte.

Ou a influência do pai, o inteligentíssimo Apolônio de Almeida Prado Hilst, diagnosticado com esquizofrenia, uma “figura trágica”. E também seus questionamentos espirituais genuínos com aquilo que raramente se pode chamar de Deus.

“O que existe é que eu escrevo movida por uma compulsão ética, a meu ver a única importante para qualquer escritor: a de não pactuar”, defendeu Hilda, em 1980, ao crítico Léo Gilson Ribeiro. “O escritor é o que diz ‘Não’, ‘Não participo do engodo armado para ludibriar as pessoas’”, completa.

Não apenas às voltas com a literatura, Hilda discorre também sobre as aventuras amorosas. Comenta dos amigos. Critica os políticos brasileiros. Escracha em especial os editores - muitos que não quiseram publicá-la ou os que fizeram pouco caso para divulgá-la.

Embora repetitivo (são 51 anos de perguntas que pouco variam em forma e conteúdo), o livro é uma espécie de testamento literário. “Penso que é a última coisa que se devia pedir a um escritor: novelinhas para ler no bonde, no carro, no avião”, avalia para O Estado de S. Paulo em 1975. “Histórias, para quê? Os jornais estão cheios delas, para que, então, procurá-las nos livros?”, questiona-se.

O quê

ENTENDA A NOTÍCIA

Fico besta quando me entendem reúne entrevistas com Hilda Hilst ao longo de 50 anos, feitas em diversas ocasiões, como o lançamento de um de seus títulos, a estreia de uma de suas peças ou, mais tarde, em uma homenagem.

SERVIÇO

Fico besta quando me entendem
Organizador: Cristiano Diniz

Editora: Editora Globo
Preço: R$ 44,90

Na primeira visita a Paris, em 1957, a escritora paulista Hilda Hilst se aproximou do ator Dean Martin para chegar ao preferido Marlon Brando, que rodava Os Deuses Vencidos na cidade. “Me vi obrigada a aguentar Dean bêbado vários dias e, como ele não me apresentava o Marlon, resolvi ir ao hotel dele”, contou em 1993 à revista Nicolau.

Essa é uma das histórias inusitadas que a própria Hilda conta no livro de entrevistas Fico besta quando me entendem, recém-publicado pela Editora Globo.

Para entrar, subornou o porteiro e inventou que era jornalista. Brando, que veio à porta com um robe de seda, estava acompanhado do francês Christian Marquand – amante dele na época. Hilda não sabia o que perguntar.

“Ele achou graça, foi educadíssimo, mas eu não consegui entrar no quarto e dormir com ele. Fiquei decepcionadíssima”, lamenta com um inevitável tom de pilhéria.

Outro relato relembra o escritor gaúcho Caio Fernando Abreu, atualmente pop nas redes sociais. Já debilitado por conta da Aids, o amigo combinou com Hilda: iria visitá-la na Casa do Sol depois de morrer. E assim o fez, segundo ela disse aos pesquisadores dos Cadernos de Literatura Brasileira.

No cachecol que ele usava ao redor do pescoço, uma fita vermelha era a senha pactuada entre os dois para sugerir que tudo estava bem. “Eu abracei o Caio, muito, e disse: ‘Nossa, como você está bonito! Está jovem!’”. O encontro foi às 22 horas; ele havia falecido no início da tarde daquele mesmo dia.

“Mas ninguém acredita. Falam: ‘A Hilda é uma bêbada, uma alcoólatra, está sempre louca.’ É assim que falam”, destaca em 1999.

Fonte: O Povo
Última atualização: 25/07/2013 às 11:40:58
 
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