A licitação que tinha o objetivo de escolher bar, café ou restaurante para ocupar por um período de no mínimo cinco anos o Estoril, na Praia de Iracema, acabou sem selecionados. Nenhum empresário do ramo se inscreveu. Eles alegam que a infraestrutura do bairro ainda não é atrativa comercialmente.
O secretário da Cultura de Fortaleza, Magela Lima, reuniu donos de restaurante no início de julho para explicar as exigências do edital. Mas o tema que dominou o encontro foi a Praia de Iracema. Eles reclamaram da falta de segurança, iluminação e estacionamento. Requeriam também maior agilidade na aprovação de alvarás para reformas e construções.
“O Estoril precisa ser ativado, porém, ativar agora é um tiro no pé”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-Ce), Ivan Assunção. “Do jeito que está hoje é um risco muito grande para quem vai fazer investimento naquela área”. A ausência de inscrições foi espontânea, de acordo com ele.
“Precisa ver quais pontos comerciais que já estão estabelecidos têm condição de permanecer na área”, diz a proprietária do restaurante Colher de Pau, Ana Campos. A convite da Prefeitura, ela ocupou o Estoril nas últimas duas semanas de junho. “Devido à falta de segurança, não tem condição de habitar aquilo”. Ela também recusou participar do concurso.
Após a pressão, uma reunião com o prefeito Roberto Cláudio (PSB) conseguiu garantias, recebidas positivamente pela categoria: foram cinco pontos de revitalização do bairro. Em nota, a Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor) afirma que há um projeto de requalificação de toda a orla da Praia, cujos recursos oriundos dos cofres municipais e federais se encontram, no momento, sob análise da Caixa Econômica Federal.
Pela proposta, “algumas vias (entre elas, a avenida Almirante Barroso e a Rua dos Tabajaras) terão seus passeios refeitos e receberão intervenções de pavimentação, drenagem e inserção de ciclovias”. Além disso, deve haver “a construção do Largo dos Tremembés, Passeio das Artes e do Instituto Cultural Iracema”.
“A ideia é fazer a abertura de cinco a 10 casas de nome de Fortaleza que vão chamar outras para o local e consequentemente o fluxo de pessoas – não apenas fortalezenses, mas também turistas – volte ao lugar”, avalia Ivan Assunção. De acordo com ele, isso deve acontecer já a partir de junho de 2014, data quando ocorre a Copa do Mundo.
Na reunião com o prefeito, também estiveram presentes representantes da Secretaria Executiva Regional II (Ser II), da Secretaria de Turismo de Fortaleza (Setfor) e da Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma).
Uma comissão, formada por Rodolfo Trindade (Pirata), Cláudio Ary (Cais Bar), Antônio Aloísio (Pulcinella) e Augusto Mesquita (Boteco), deve se reunir com arquitetos e outros empresários da Praia de Iracema para discutir a possibilidade de viabilizar espaço para estacionamento e outras propostas urbanísticas.
“Pode-se abrir sem todos os alvarás e depois vai conseguindo. Mas segurança, iluminação e estacionamento tem que estar pronto antes para começar alguma reforma”, pontua Mesquita. A previsão é de que a proposta seja concluída e encaminha à Seuma em 20 dias.
Licitação
A concorrência pública do tipo maior oferta foi finalizada na segunda-feira, dia 22 de julho. Para utilizar os 491,20 m² do lugar com serviços exclusivamente gastronômicos, os proponentes deveriam pagar um aluguel à Prefeitura cujo lance inicial era de R$ 6.220.
O contrato pontua que uma programação cultural seria gerida ou estimulada pelo Executivo municipal. Pela lei, um novo certame terá de ser aberto pela Comissão de Licitação da Prefeitura.
Com a saída de Ana Campos do Estoril, o ex-diretor de operações da Oboé Cultural, Fred Portela, esteve responsável pelo espaço até ontem. A Secultfor ainda estuda se, diante das indefinições, Portela continuará administrando o lugar. Eventos culturais, como a Feira da Música e exposições, devem seguir acontecendo no pequeno prédio que já serviu de cassino aos oficiais americanos da Segunda Guerra.
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
Licitação deserta é o termo utilizado para situações de desinteresse total de proponentes em determinado edital. Nestes casos, a lei exige que um novo certame seja divulgado pela Comissão de Licitação da Prefeitura.
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