Uma lata de filme antiga, um projetor meio capenga e uma plateia tão ingênua quanto exigente. Em Cine Holiúdy - O Astista Contra o Caba do Mal, curta-metragem do cearense Halder Gomes, lançado em 2004, o enredo já não cabia em seus 14 minutos de duração. Incentivado por críticos e muitos dos espectadores, a história do incansável exibidor Francisgleydisson (Edmilson Filho) e seus “filmes de peia” virou longa-metragem que estreia nos cinemas de Fortaleza nessa sexta, 9.
Anunciado como o “primeiro filme nacional falado em ‘cearensês’”, o longa amplia o enredo do curta e retrata os cinemas mambembes que, na década de 1970, circulavam pelo Interior cearense. Enquanto corria na contramão da avassaladora chegada da televisão por ali, Francisgleydisson, herói desta saga, sustenta o sonho de manter viva a tradição do cinema, munido de um tanto de criatividade e do natural humor cearense.
A ideia de produzir o longa-metragem surgiu com o sucesso do curta na Internet. “Eu sabia que ele era um pequeno recorte de muita coisa que eu queria contar, mas obviamente eu não tinha os recursos para fazer”, revela Halder Gomes, também produtor e roteirista do projeto.
Para ampliar o enredo de 14 para 98 minutos, a história foi preenchida com boas doses de drama, mais locações e novos personagens, como é o caso de Maria das Graças, a Graciosa de Francisgleydisson, interpretada pela atriz carioca Miriam Freeland, talvez a personagem que mais destoe do núcleo central da trama. Os humoristas João Netto, Karla Karenina e Marcondes Falcão, os atores Roberto Bomtempo e Ari Shelock também estão no elenco. Destaque para o menino Joel Gomes, que interpreta Francisgleydisson Filho e, com muito primor e naturalidade, contracena com o personagem principal.
Edmilson Filho, reconhecido como a grande revelação deste projeto, tem na verdade uma longa e experiente carreira. Iniciou como comediante aos 17, em Fortaleza, e há 13 anos mora em Los Angeles. Em Cine Holliúdy, além de atuar, foi produtor associado e coreógrafo das cenas de luta, um traço de seus mais de 20 anos como tricampeão brasileiro de Taekwondo. “Como protagonista de um filme, você está no set praticamente todos os dias. Trabalhava às vezes 12, 14, 16 horas por dia. A parte da coreografia eu já tinha feito bem antes, trabalhei nela por meses. E a parte de produção é o que eu faço até hoje”, afirma Edmilson.
Tanto curta quanto longa-metragem foram produzidos com recursos oriundos do Ministério da Cultura (Minc). O primeiro recebeu R$ 50 mil. O último venceu o primeiro lugar do Edital de Longas-Metragens de Baixo Orçamento /2009, com o prêmio de R$ 1 milhão. Exibido na edição 2012 do Cine Ceará, Cine Holliúdy já circulou por festivais de Brasília e São Paulo, além do 10º World Bangkok Film Festival e 4º FESTin Lisboa.
“Posso dizer que poucos diretores vão ter a oportunidade na vida de fazer um filme onde você tem total liberdade. Um filme autoral, onde pude correr riscos e ousar. Ele foi extremamente autêntico e fiel ao que eu queria contar, até onde meu orçamento permitiu. É sinal de que o cinema pode ser autoral, sim, pode ser popular também, tudo depende como você conta essa história, como você expressa”, finaliza Halder Gomes.
SERVIÇO
Cine Holliúdy, filme de Halder Gomes
Quando: A partir de sexta, 9
Onde: Vários cinemas da Capital.
Veja programação no Buchicho Guia da próxima sexta-feira
Outras informações: www.facebook.com/CineHolliudy
Multimídia
Veja o traier de Cine Holliúdy em
http://migre.me/fGgvu
Reveja o curta Cine Holiúdy - O Astista contra o caba do mal (2004)
http://migre.me/fGgwY
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