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Notícias

07/08/2013 

Entrevista com Bruno Wainer: As (velhas) pelejas do cinema nacional

À frente de uma distribuidora voltada ao cinema brasileiro, Bruno Wainer fala de "Cine Holliúdy" e do mercado da sétima arte no País

O fato de Cine Holliúdy ter carregado em referências locais não seria um impedimento para seu lançamento em outros mercados?

Eu acho que o universo que o "Cine Holliúdy" traz não tem razão nenhuma para não agradar fora do eixo do Nordeste. O que acontece é que "Cine Holliúdy" é um filme particular na sua linguagem, então ao mesmo tempo em que busca uma comunicação popular, também é um filme de autor. Você não pode negar a autoralidade do filme. Se ele fosse apenas de perfil comercial, seria ótimo de ser lançado fora do Nordeste. Pelo seu aspecto autoral, essa é uma coisa que a gente vai descobrir. O que eu posso dizer é o seguinte: o material é um sucesso. A gente colocou o trailer nas cópias de "Minha Mãe é uma Peça", a gente monitora o público. A reação no Rio e em São Paulo é um sucesso, o público vai abaixo. A graça foi justamente a de ter usado o truque de colocar legenda.

É por isso que a estratégia de divulgação e exibição do filme se inicia aqui no Ceará e depois parte para o resto do mercado?

Tudo que já aconteceu com "Cine Holliúdy", mesmo antes de ele ser lançado, já é uma grande vitória para o cinema feito aqui no Ceará e para o próprio projeto, que originalmente é feito com baixo orçamento (o longa venceu um edital para produção de filmes de baixo orçamento do Ministério da Cultura). Quase a totalidade dos filmes feitos nesses moldes não acontecem, não vão para lugar nenhum, vários ficam pelo caminho. O filme teve uma repercussão tamanha que, mesmo que ele não venda nenhum ingresso, eu penso que ele já teve uma carreira vitoriosa.

Vocês estão contando também com a divulgação popular para alcançar mais público também?

O filme teve um aparato de lançamento em Fortaleza. Aqui é um microcosmo, se você considerar o Brasil inteiro, mas nesse microcosmo a gente está fazendo tudo que um grande filme tem a seu dispor para sua divulgação. Tanto divulgação espontânea, quanto assessoria de imprensa, quanto mídia comprada, promoção, exibição de trailer... é um lançamento classe A que a gente está dando para o filme. Se for bem em Fortaleza, vai facilitar muito nas outras praças.

Os diretores nacionais reclamam da dificuldade de colocar seus filmes nas salas de cinema. Qual a razão disso?

Para lançar um filme no circuito comercial, você precisa que esse filme tenha o mínimo de valor de produção. Você está disputando com o melhor da cinematografia mundial e brasileira. Os filmes não chegam porque o público não quer vê-los. Fazer filme, por incrível que pareça, é bem mais fácil do que lançar o filme. Se você for pensar, o filme quando fica pronto e vai para um shopping, ele vai disputar de igual para igual o interesse do público com as maiores produções internacionais. Então o filme tem que se habilitar, porque, no final das contas, a última palavra é do público.

É difícil "emplacar" no mercado brasileiro quando se foge da comédia ou do que é baseado na realidade social brasileira?

Quais são os gêneros que já foram testados e bem sucedidos no cinema brasileiro? A comédia, obviamente; os filmes baseados na realidade brasileira, em que você pode incluir "Carandiru", "Cidade de Deus" e mesmo "Tropa de Elite"; as biografias musicais, como "Gonzaga", "2 Filhos de Francisco" e "Cazuza"; e o gênero infantil, que desde Xuxa e Renato Aragão a gente perdeu um pouco a mão. O outro gênero que falta, dos clássicos, é o filme de terror, esse a gente não tem no Brasil. Mas, com esses, você está falando dos principais gêneros do cinema mundial. Obviamente, por uma questão de recursos, a gente também não tem aqui a ficção científica, que é baseado totalmente nisso. Os outros filmes conseguimos produzir porque são baseados mais em roteiro, você não precisa de tanto dinheiro para os efeitos especiais. Por isso há muitas comédias, pois são mais fáceis de ser produzidas. Além do orçamento ser mais enxuto, você tem uma grande quantidade de talentos que estão militando em outras áreas, como o teatro e a TV, por isso que a gente está tendo esse boom da comédia.

O mercado de cinema tem mudado bastante, a julgar pela programação das salas de cinema. Mesmo os blockbusters têm passado pouco tempo em exibição, ainda que com uma presença massiva nas salas. Quem monta esta estratégia, os exibidores ou os distribuidores?

Quem avalia isso é o mercado, é o público. Na verdade, faltam salas de cinema no Brasil. A relação de cinemas por número de habitantes é muito baixa. Então, tem vezes você tem a sensação de que o filme poderia continuar no circuito e ele sai porque há uma quantidade muito maior de filmes do que de cinemas disponíveis. Se tivéssemos mais salas de cinema, os filmes poderiam permanecer mais tempo em cartaz. Mas dentro da realidade que a gente tem, o que mantém um longa em cartaz é a sua própria popularidade, isto é, se ele atinge semanalmente a média de frequência daquela sala.

E quanto à época de lançamento, também segue a mesma lógica? "Cine Holliúdy" poderia fazer mais sucesso se tivesse sido lançado nas férias?

O período das férias é igual ao time de futebol que quer jogar na primeira divisão. Você tem o melhor estádio, o melhor campo, o gramado mais bem cuidado. No entanto, você tem que ter nível de primeira divisão. E o que acontece é que o período das férias é o da mais alta temporada nos cinemas, onde realmente o espaço diminuiu muito, e não só o espaço. Você tem muitos lançamentos do verão americano, os grandes blockbusters são lançados durante o mês de julho, que só tem quatro semanas. Então, para você conseguir não só obter espaço no circuito, mas se manter nele, precisa estar com o nível de competitividade lá em cima. A gente precisa respeitar e nós distribuidores precisamos ter a sensibilidade para saber se a vamos conseguir o circuito que a gente almeja para aquele filme. Mas essa questão da data é relativa. Quando o filme é bom, toda época é boa.

As continuações também têm ganhado espaço nos cinemas. Há quem torça o nariz para ela. Este processo é maléfico?

Mas a maior parte do público adora! Por exemplo, "Se eu Fosse Você" fez 3 milhões de ingressos. "Se eu Fosse Você 2", 6 milhões. O primeiro "De Pernas Pro Ar" chegou em 3,5 milhões de ingressos; a sequência bateu em 5 milhões. Toda cinematografia para atingir o nível de indústria que a gente tanto busca no cinema brasileiro tem um gênero franquia. A franquia faz parte da consolidação e do amadurecimento de uma indústria cinematográfica. Então ter franquias é um sinal de saúde para a cinematografia brasileira.

A Downtown Filmes é uma distribuidora exclusiva de produções nacionais. Por que essa decisão?

No primeiro ano, a Downtown estava estruturada como as outras distribuidoras, lançando produções estrangeiras e nacionais. Mas eu rapidamente saquei que se continuasse nesse caminho, seria só mais um distribuidor. Não ia fazer diferença. E vi que as condições políticas do cinema brasileiro já permitiam a aposta numa distribuidora 100% dedicada ao filme nacional. Na verdade, vi um espaço que nenhum concorrente meu viu.

Como você avalia as políticas de fomento nacionais para incentivo à produção cinematográfica?

Já faz alguns anos que o Estado e a própria sociedade evoluíram o entendimento do que é a indústria do cinema. Pra mim, o cinema é antes de tudo entretenimento e indústria. A responsabilidade que a gente tem para estar nessa indústria é realmente conquistar o público. Ainda estamos em um processo permanente de mudanças, mas o que acho que mudou de uns anos para cá é que essa compreensão se disseminou. Obviamente, qualquer cinematografia precisa ter uma vanguarda, ali vão surgir os novos talentos, as novas ideias, as novas linguagens. Mas para que haja uma vanguarda forte é preciso haver um cinema popular, comercial, que fale com o maior número de espectadores possível.

Fonte: Diário do Nordeste
Última atualização: 07/08/2013 às 08:41:10
 
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