Vanessa da Mata está em nova turnê e de volta ao Ceará. Na noite de amanhã (17), a cantora matogrossense sobe ao palco montado no Hotel Vila Galé, no Cumbuco, para emocionar os fãs com uma homenagem a um dos maiores mestres da MPB, o cantor e compositor Tom Jobim.
No repertório da turnê Viva Tom, interpretações clássicas como “Esse Seu Olhar”, “Samba de uma Nota Só”, “Eu Sei que Vou te Amar”, “Wave” e “Dindi”. A balada está marcada para ter início às 21h30min e conta a participação da banda Marajazz e do Dj Leo Teruz.
Em entrevista por e-mail ao O POVO, Vanessa conta que sempre foi influenciada pelo trabalho de Tom Jobim. “Tinha uma relação de aprendizado, carinho, muito respeito e admiração por ele”, conta. Confira o bate-papo!
O POVO - Em seu site oficial, há uma frase dizendo: “Quero mostrar o que a minha geração sente pelo Tom (...)” O que ela sente?
Vanessa da Mata - Comprei meu primeiro disco do maestro, Urubu (lançado em 1976), aos 17 anos. Nasci no Mato Grosso e gritava para espantar os animais da floresta quando havia caçadores por perto e me impressionei, não só com a grandeza da música do disco, mas também com a visão sobre a natureza que Tom mostrava ali (um urubu na capa mostra uma sabedoria, uma consciência da cadeia alimentar). Isso era uma compreensão do amor de forma grandiosa, que inclui o amor pelo planeta, pelas pequenas criaturas. Outra coisa que me tocou muito foi o romantismo da obra de Tom, a forma como falava das mulheres, sem vulgaridade. A guerra gostosa da sedução era mais bonita, havia uma consciência de que aquela mulher é algo especial. Hoje poucos fazem música assim. Estou achando tudo muito chato, muito superficial.
OP - O que lhe motivou a apresentar um show só com músicas do Jobim?
Vanessa - O convite veio da Nívea (multinacional do setor de cosméticos) e eu fiquei muito feliz com isso. Ser agraciada por um projeto como esse, nessa fase da minha vida, da minha carreira, foi uma honra. Sempre fui muito influenciada pelo trabalho dele de alguma forma. O fato do Tom Jobim ser o segundo compositor mais regravado da história, atrás apenas dos Beatles, sempre me chamou muita atenção. Acho que este projeto pode abrir os olhos do mundo para o meu trabalho.
OP - Não faz muito tempo, Maria Rita fez uma turnê em tributo à sua mãe, Elis Regina. No caso tratava-se de uma homenagem de filha para mãe. Em relação à sua turnê, qual a relação entre você e Tom Jobim?
Vanessa - Minha carreira foi trilhada de maneira solo e como compositora desde o começo. Nunca fiz parte de “turmas”. Nesse momento da minha carreira ter um convite como esse, para mim é muito especial. Um homem dessa grandiosidade como maestro, como compositor e como cantor - dessa representatividade tão grande - para mim é uma honra muito forte. Tinha uma relação de aprendizado, carinho, muito respeito e admiração por Tom. De conexão e muito gosto pelas opiniões expressas em suas ideias e ideais pessoais e musicais.
OP - Quais são as suas músicas preferidas?
Vanessa - Todas! Para mim não existe uma mais bela. É uma obra inteira bonita, preciosa. A escolha do repertório foi o mais difícil. Eu tinha selecionado 150 músicas no início do projeto. Quando Monique Gardenberg chegou com 60 selecionadas, foi um alívio. Aceitei as sugestões dela (todas as 60 músicas já estavam na minha lista de 60), e fui com Kassin (o produtor musica e multiinstrumentista Alexandre Kassin) trabalhar na escolha das vinte e poucas que entraram no show. Foi duro escolher. Fomos usando como critério os ritmos, temas, variedade para o roteiro, possibilidade de novos arranjos e o diálogo com os vídeos da Monique (que são projetados durante o show). A parceria entre Eumir ( o arranjador Eumir Deodato que trabalhou com Tom Jobim e acompanha Vanessa ao piano) e Kassin é incrível e isso pode ser visto no show. A banda deu um toque novo para o arranjo clássico e lindo do Eumir. Eu forcei para que isso acontecesse, senão, correríamos o risco de fazer o já feito. Estamos trazendo texturas, timbres e ritmos novos que se misturam aos clássicos e à Bossa Nova.
OP - Qual o principal desafio em interpretar canções de um dos maiores compositores brasileiros?
Vanessa - Tom tem uma maneira de compor que gosto muito. É primoroso e vai da extrema sofisticação à simplicidade. Não se perde no egocentrismo. Ele fala de amor, mistura natureza, harmonias sofisticadas e uma linguagem simples e direta de vocabulário que pode tocar o coração, desde um milionário até o mais humilde. Isso para mim é ser popular de maneira positiva e acessível.
OP - O público já chegou a pedir que você cantasse suas próprias canções
durante os shows?
Vanessa - O público mergulha no universo de Tom durante todo o show e ali ficamos do início ao fim. Reverenciando e cultuando esse grande mestre.
OP - Além da turnê Viva Tom, tem algum outro projeto? Um novo disco, por exemplo?
Vanessa - Estamos completamente focados nessa turnê e na divulgação do CD que acabei de lançar, Vanessa da Mata Canta Tom Jobim.
CURIOSIDADE
Vanessa Sigiane da Mata Ferreira nasceu em Alto Garças, Mato Grosso, em 10 de fevereiro de 1976. É filha de uma professora do ensino fundamental e de um caminhoneiro, que depois virou pecuarista. Carrega na veia a ascendência dos índios Xavantes, através da avó materna. Vanessa é mãe adotiva de três crianças, seus grandes amores.
Serviço
Vanessa da Mata canta Tom Jobim
Onde: Hotel Vila
Galé, Cumbuco
Quando: amanhã (17), a partir das 21h30min
Participação: Marajazz e Dj Leo Teruz
Outras informações: As vendas dos ingressos estão sendo feitas pelo site www.bilheteriavirtual.com.br ou no estande da Diagonal (rua Paula Barros, 46, esquina com avenida Abolição). O ticket VG Open Bar custa R$ 100,00, com bebidas inclusas: cerveja, coquetel, água e refrigerante.
DISCOGRAFIA
1) Vanessa da Mata (2002)
2) Essa Boneca tem Manual (2006)
3) Sim (2007)
4) Multishow ao Vivo (2009)
5) Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias (2010)
6) Vanessa da Mata canta Tom Jobim (2013)
|