Aos 85 anos, Aleksander Henrik Laks se considera um brasileiro “de corpo e alma”. Sobrevivente de Auschwitz – maior campo de concentração do regime nazista, no sul da Polônia –, ele faz questão de frisar que sua pátria é o Brasil. Acolhido por uma tia que morava no Rio de Janeiro, foi aqui que ele reconstruiu sua história após cinco anos e meio de horror vividos unicamente por conta do fato de ser judeu.
Dos 11 aos 17 anos submetido a trabalhos forçados e ao terror nazista, Aleksander só foi libertado em 1945, com o fim da 2ª Guerra Mundial. Pesava 28 Kg. Não tinha pais (mortos pelas ordens de Hitler), nem amigos, nem roupa, nem comida, nem pátria. “Assim mesmo sobrevivi. Não sei como, mas sei para quê”, enfatiza. Longe de querer ser “o coitadinho”, nas suas palavras, ele diz que sobreviveu para alertar às pessoas que histórias como a dele não podem se repetir.
E é para fazer o mesmo alerta que será aberta amanhã, às 19h30min, a exposição Do Holocausto à Libertação. A mostra fica em cartaz até 6 de outubro no Espaço Multiuso do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC). A solenidade de abertura acontece no teatro do CDMAC e conta com palestra de Aleksander. No dia seguinte, ele lança o livro O Sobrevivente, às 19h, na Livraria Cultura.
Mensagem de tolerância
Com 160 fotos e documentos oficiais do arquivo nazista, além de depoimentos de sobreviventes, a exposição retrata o período entre 1933, a partir da ascensão de Hitler na Alemanha, até 1946. Durante esse tempo, baseado em 400 leis raciais que caçavam os direitos de milhões de cidadãos, o ditador perseguiu e assassinou judeus, ciganos, testemunhas de Jeová, comunistas, homossexuais, negros, deficientes físicos e mentais. Era o chamado Holocausto, um dos capítulos mais vergonhosos da história da humanidade.
Para o curador da exposição e presidente da Sociedade Israelita do Ceará, Marcus Strozberg, além de atentar para o perigo de regimes totalitários, a mostra “é uma mensagem de tolerância com nossos semelhantes, tão diferentes”.
Segundo ele, muitos jovens ainda desconhecem o Holocausto. “Educar é a principal arma contra o racismo. Hoje temos várias populações oprimidas em diversos países e as nações ainda se calam frente à morte de civis. Esta é mais uma semente de tolerância que, esperamos, possa frutificar com as novas gerações”, pontua.
As fotografias – feitas pelo próprio exército nazista – e os documentos são apresentados em ordem cronológica, de 1933 a 1946. Aberta a todos os interessados, a exposição tem o foco nos estudantes, especialmente os do ensino médio.
SERVIÇO
Abertura da exposição “Do Holocausto à Libertação”
Quando: Amanhã, às 19h30min
Onde: Teatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (rua Dragão do Mar, 81 - Praia de Iracema)
Gratuito
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