A despeito das facilidades da internet em relação à difusão de conteúdo musical, nada como a boa e velha presença no palco para fortalecer estratégias de divulgação. Na rede mundial virtual, a competição é grande: incontáveis links e uma quantidade monstruosa de material disputam a atenção do internauta.
O power trio pernambucano Wassab: música instrumental em formato eletrônico, com referências tão diversas quanto rock e ritmos de origem afro. Afinidades e vontade de construir um trabalho próprio levaram à criação da banda
Apresentações ao vivo, por outro lado, podem se destacar na agenda cultural de uma cidade e despertar a curiosidade de potenciais fãs, que ainda não conhecem aquele trabalho. Certamente é o caso do power trio instrumental Wassab, que comparece hoje ao Amici´s Bar, em show gratuito.
O grupo pernambucano faz jus à denominação de "trio poderoso". Uma rápida pesquisa na internet (olha ela aí de novo, mas pelo caminho inverso) revela o extraordinário nível dos integrantes - o baixista Hugo Linns, o percussionista Gilú Amaral e o guitarrista Juliano Holanda -, que impressionam não apenas pela habilidade, mas pela inventividade em seus respectivos instrumentos.
O som é uma mistura de diferentes influências, do jazz ao rock, passando por trip hop e ritmos afros. Destaca-se o uso intenso de pedais de efeitos, tanto no baixo como na guitarra, que conferem às composições uma sonoridade inusitada, ora sofisticada e contemplativa, ora mais dançante - muitas vezes com esses momentos distintos na mesma faixa.
Experiência
Gilú, Juliano e Hugo conheciam-se desde antes de formarem a Wassab, no final de 2008. No circuito pernambucano de música, já eram figuras tarimbadas, por atuarem na produção, direção ou acompanharem diversos artistas, entre eles, Renata Rosa, Tonino Arcoverde, Geraldo Maia, Zeh Rocha e Orquestra Contemporânea de Olinda.
Com a experiência acumulada, sentiram a necessidade de investir em um som próprio, paralelamente aos trabalhos individuais de cada um. A ideia vingou e, em 2012, lançaram o primeiro disco, que levou o nome da banda, gravado no estúdio Fábrica.
Na cidade natal, já se apresentaram em vários espaços, como Arraial Instrumental, Festival Chinelo no Pé, Porto Musical, Sesc Instrumental, Festival de Inverno de Garanhuns, Espaço Clássico, Festival no Ar, Coquetel Molotov e Pátio Sonoro.
No último dia 20, iniciaram sua primeira turnê pelo Nordeste, começando por Maceió (AL) e seguindo por João Pessoa (PB) e Recife. Fortaleza é a parada da vez. Daqui, a banda segue para Salvador (BA), onde encerra o roteiro.
A turnê é realizada através do Funcultura - Fundo de Cultura do Governo do Estado de Pernambuco, Secretaria de Cultura e Fundarpe.
Plural
Para Hugo Lins, a principal vantagem da turnê é poder mostrar ao público as nuances da banda ao vivo. "Pela internet, chegamos nas casas das pessoas, mas não é o ´real´. Muita coisa nossa é construída na hora, por isso cada show é diferente", ressalta. "É outra coisa você ver o artista tocar presencialmente, vê-lo criar no palco", complementa.
Segundo ele, a recepção pelas cidades que já passaram foi ótima. "Deu uma galera boa nos shows. Pensamos até que teríamos dificuldade, pelo fato de tocarmos música instrumental, mas tem muita gente prestando atenção a esse gênero, ele tem crescido muito no País, em especial em Recife, nesse formato elétrico", avalia o baixista.
Ainda assim, Hugo atribui parte do sucesso das apresentações às peculiaridades do com construído pela banda. "Fazemos um instrumental diferente. Tem jazz, mas não é exatamente como o jazz, em que você improvisa sobre um tema. Também tem um pouco de eletrônico; tem a energia do rock, mas não é rock; é experimental, mas sem aquela ´viagem´ interminável dos arranjos", tenta explicar.
"Nem a gente mesmo consegue categorizar nosso som. Costumamos brincar nos shows dizendo para o público ´quando vocês identificarem, avisem pra nós´", revela.
Atualmente, os integrantes da Wassab dividem-se entre os compromissos da banda e os trabalhos pessoais. Gilú, por exemplo, fundou a Orquestra Contemporânea de Olinda e nela toca atualmente, junto com Juliano. Para Hugo, além da amizade de longa data, a afinidade musical foi outro fator que levou à criação da Wassab. "Gostamos das mesmas coisas. Além disso, um curte o trabalho do outro, os timbres, o tipo de som. Daí a vontade de construir algo juntos. Na Wassab é bom porque não há tanta cobrança. A gente se diverte", avalia o baixista.
Assim como Juliano, Hugo tem formação institucional em música. Passou pelo Conservatório Pernambucano de Música e se formou em Licenciatura em música pela UFPE.
Já a formação de Gilú em percussão foi "da vivência mesmo. Ele sempre participou de grupos de maracatu, de cultura popular, ao mesmo tempo em que era antenado com a música do mundo", explica o colega Hugo.
Mais informações
Show da banda Wassab. Hoje, às 21h, no Buoni Amici´s Sport Bar
(R. Dragão do Mar, 80, Praia de Iracema). Gratuita.
Contato: (85) 3219.5454
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