Prestes a completar 50 anos, Humberto Gessinger lança o álbum, "Insular", dando início oficial à sua carreira solo. Em entrevista, o músico fala sobre a nova fase e do show que faz, hoje, no "Mundo Unifor"
Somado a outros trabalhos ao longo da highway, "Insular" é o 20º disco de Humberto Gessinger e o primeiro só com inéditas em quase 10 anos. O novo trabalho é marcado por uma atmosfera rica em detalhes com camadas e referências à própria história do músico e escritor.
"Insular" reúne 12 faixas inéditas com a participação dos gaúchos Bebeto Alves, Rodrigo Tavares, Luís Carlos Borges, Franco Solari e Nico Nicolaiewsky. Com toda essa bagagem e muitos fãs em Fortaleza, Gessinger é a principal atração do encerramento do "Mundo Unifor". Antes, o artista fala um pouco do que vai rolar.
Insular é o seu primeiro disco solo. O que veio primeiro: a ideia de realizar parcerias ou as canções?
Foram as canções que me guiaram. Elas me mostraram o caminho. Só fui entender o que tinha acontecido no fim do disco. Sem querer, acabei traçando um painel do que acho mais interessante da música do RS, do som mais regionalista ao mais universal. Também tive o prazer de reencontrar parceiros de duas formações dos Engenheiros do Hawaii. Foi fantástico construir estas pontes. O nome Insular remete à ideia de ilha. Acho que todo artista, com sua arte, cria um mundo próprio, uma ilha. O grande lance é unir estas ilhas, sem que cada um perca o que tem de mais pessoal e particular.
O início da carreira solo encerra todas as suas atividades como ´Engenheiros´ e ´Pouca Vogal´?
É possível que eu volte a, pontualmente, me expressar como Engenheiros ou Pouca Vogal. Mas, hoje, me sinto mais coerente assumindo meu nome. Não por vaidade nem por mudança de estilo. As músicas do ´Insular´ poderiam estar num disco dos Engenheiros ou do Pouca vogal. Foi o fato de não gravar com uma banda fixa que me fez assumir o formato solo. Talvez a vida esteja me levando, de forma sutil, ao lugar onde eu deveria estar há mais tempo, não sei… Na real, penso muito pouco no nome, meu foco total é na música.
Insular pode virar DVD ao vivo?
Sim, já estamos trabalhando no projeto. Fortaleza está entre as possíveis locações. Quero muito registrar este momento e as parcerias em áudio e imagem.
Para os fãs, ver você subir aos palcos como powertrio e assumindo o baixo é algo especial. Voltar a esse formato te agrada? O baixo é seu instrumento preferido?
É o instrumento que mais gosto de tocar. Desenvolvi uma maneira muito pessoal de tocar, instintiva. Isso é muito importante na música, na arte em geral, o que temos de mais pessoal e singular é que define nossa contribuição à cena.
Você mantem alguns canais virtuais e interage com o público. Às vezes não surge aquela vontade de dizer ´tchau radar´?
Sim, às vezes fico com vontade de ficar quieto no meu canto. Mas a sensação de que ainda não fiz toda música que devo fazer e o enorme carinho de quem acompanha meu trabalho me mantém na estrada.
Você já publicou alguns livros e recentemente lançou ´Seis Segundos de Atenção´. Gessinger é antes de tudo um homem de letras?
A palavra escrita é anterior à palavra cantada, na minha vida. Escrevo desde sempre. Mas gosto mesmo é da zona nebulosa entre música e literatura, me sinto à vontade nesta convergência. A palavra é importante na minha música assim como o ritmo é importante no meu texto.
Dentro da trajetória dos Engenheiros do Hawaii, existe um álbum preferido?
A Revolta dos Dândis e Dançando No Campo Minado. Dois momentos diferentes, dois pontos altos.
Você já regravou alguns nordestinos como Fagner e Belchior. Existe intenção de manter essa atmosfera num próximo disco e quem sabe com músicos daqui?
Sim. Há muitas semelhanças entre sul e nordeste. Só que vocês estão anos luz na nossa frente no diálogo entre regional e pop. Nós gaúchos temos muito a aprender com a música nordestina, desde Gonzaga, passando pelos baianos… um dia chegaremos lá!
Mais informações
Mundo Unifor
Show com Humberto Gessinger, hoje, a partir das 19h, na Praça Central da Unifor. Evento gratuito. Para ter acesso é preciso fazer inscrição online e doar um quilo de alimento ou um brinquedo.
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