Pela segunda vez neste ano, Caetano Veloso traz a Fortaleza turnê do disco Abraçaço, lançado no final de 2012
Se abraço é sempre bom, avalie um "abraçaço". É o que Caetano Veloso traz hoje a Fortaleza - literalmente, com o show de seu último disco, "Abraçaço". A apresentação está marcada para as 23 horas, no Siará Hall.
Não é a primeira vez, no entanto, que o cantor traz a turnê para a capital cearense. A estreia foi em abril deste ano, com show no Centro de Eventos. Mas se for para ouvir pérolas como "Quando o galo cantou", "Estou triste" e a própria faixa que dá nome ao álbum, repetecos são bem vindos (a despeito de recentes antipatias com o público por sua posição na polêmica das biografias).Da última vez, Caetano foi elogiado pela crítica da cidade, pela excelente performance. O mesmo valeu para a qualidade da Banda Cê - trio de instrumentistas que o acompanha desde 2006, quando Caetano iniciou a trilogia de discos encerrada com "Abraçaço" (da qual fazem parte "Cê", de 2006, e "Zii e Zie", de 2009).
Em abril, o público desavisado talvez tenha sentido falta de sucessos radiofônicos e televisivos do baiano no set list, que, corretamente, privilegiou músicas de "Abraçaço". Hoje, o cantor deve apostar na mesma decisão, com espaços eventuais para outras canções da carreira.
O espaço da apresentação, por outro lado, pode não ser tão feliz quanto o primeiro. Se o Centro de Eventos vem se reafirmando como espaço adequado para shows musicais, pela acústica e climatização, o mesmo não se pode dizer do Siará Hall, que acumula críticas de espectadores. É esperar para ver.
Humores
Com quase um ano de estrada desde o lançamento, é provável que "Abraçaço" renda umas bocas a mais a cantarolar suas faixas no show de hoje. Algumas mais alto, como as animadas "Parabéns" (que também dá uma vontade doida de dançar), "Império da Lei" e "Abraçaço". Em outros momentos, o coro pode vir mais sussurrado, caso de "Estou triste" (com potencial par deixar cabisbaixo até ganhador de Mega-Sena). Já em "Vinco" e "Quando o galo cantou", bocas felizardas vão estar ocupadas beijando, não cantando.
Entre esses diferentes humores, será interessante ver (de novo ou pela primeira vez) como Caetano e a Banda Cê (Pedro Sá na guitarra, Ricardo Dias Gomes no baixo e teclados e Marcelo Callado na bateria e percussão) desenrolam ao vivo a textura sonora detalhada do disco. Repleto de "barulhinhos" - dos eletrônicos às guitarras com efeitos e distorcidas - "Abraçaço" revela pequenos tesouros ao longo de suas faixas.
Como os dois primeiros álbuns da trilogia, foi produzido a quatro mãos por Moreno Veloso e Pedro Sá. Os arranjos, segundo material de divulgação, foram todos idealizados a partir da batida de Caetano ao violão, orientados por ela.
Curiosamente, foram os produtores ingleses que, no começo dos anos 1970, que precisaram convencer Caetano a tocar violão em seus discos. Ele mesmo não confiava em sua técnica "sem técnica".
Hoje, a atuação com instrumento chega a uma espécie de ápice, com "Abraçaço" - em parte, justamente pela interação com as contribuições da banda e dos produtores. No final, os arranjos bem mais ricos, longe da possível monotonia do "banquinho".
Sem falar nas letras, belas construções que misturam pedaços autobiográficos (como em "A bossa nova é foda", homenagem à Bossa Nova e ao compositor João Gilberto, e "Um Comunista", sobre exílio e Carlos Marighella). Tudo isso aos 71 anos.
Além do site Ingressando, os ingressos estão sendo vendidos na Distrivídeo (Av. Antonio Sales, 2926) e na Casa dos Relojoeiros (North Shopping, Centro, Benfica, Aldeota).
Mais informações
Caetano Veloso - turnê Abraçaço. Hoje, às 23h, no Siará Hall (Av. Washington Soares, 3199, Edson Queiroz). Ingressos: de R$ 42 a 242 (vendas de camarote open bar, camarote 1º piso, 2º piso e mesa individual apenas na bilheteria do local). Vendas: ingressando.com.br/
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