A notícia é boa, mas não é exatamente aquela que os fãs tanto esperavam. A discografia solo do ex-mutante Arnaldo Baptista acaba de ser relançada, com direito a remasterização, novas artes para capas e material inédito, tanto com registros de estúdio, como gravações ao vivo. É uma matéria-prima e tanto para uma caixa de CDs histórica para os fãs do rock brasileiro.
Acontece que o dono da bola é o Deezer, serviço de streaming líder no mundo que estreou este ano no País. E "caixa" de Arnaldo é exclusiva no formato digital, para os assinantes do serviço, que pode ser acessado por meio de aplicativos para smartphones e tablets. Não começou ainda a venda do material em formato mp3 e não há notícias sobre a possibilidade de uma edição física do pacote, seja em CD ou em vinil.
Os fãs mais hardcore de Arnaldo vão ter dificuldades em resistir a essa tentação digital. Com o irmão Sérgio Dias e a então namorada Rita Lee, o músico criou os Mutantes, power trio de rock que floresceu na cena tropicalista. Essa formação lançou cinco LPs que se tornaram clássicos do rock brasileiro.
Enquanto Rita Lee se convertia em uma estrela maior do pop brasileiro, Arnaldo Baptista mergulhava no experimentalismo e construíam uma obra digna de culto. O problema é que a indústria fonográfica nunca foi afável com ele. Seus discos saiam, circulavam poucas cópias deles e depois viravam artigos de colecionadores.
Como artista solo, Arnaldo Baptista editou apenas quatro álbuns de estúdio, entre 1974 e 2004. Acompanhado da banda Patrulha do Espaço, no mesmo período, lançou outros dois (um de estúdio, outro ao vivo). À exceção de "Loki?" (1974), seu trabalho mais conhecido, e "Let it bed" (2004), lançado pela revista Outra Coisa, de Lobão, seus trabalhos não circulavam em CD.
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Versões digitais piratas, tiradas dos vinis, circulavam em sites de download e de compartilhamento. O som não era o ideal, mas servia de consolo para os fãs que não tinham acesso aos raros bolachões.
Esse material retorna com um som limpo, à altura dos caprichos de Arnaldo Baptista no estúdio. As canções merecem este tratamento, sobretudo os clássicos - e belos - "Loki?" e "Singin´ Alone", embelezados pela melancolia que caracterizou parte dos trabalhos da fase pós-mutantes do gênio tropicalista.
Os inéditos são: "Elo Mais Que Perdido", um EP de cinco faixas, tiradas de uma velha fita K7, com material gravado com a Patrulha do Espaço; e "Shining Alone", registro de uma apresentação solo de 1981. O repertório deste traz 15 faixas. Merecem destaque "O A e o Z", dos Mutantes, uma versão de "Ovelha Negra", de Rita Lee (ex-mulher e desafeto de Arnaldo); e "Honky Tonk Women", dos Rolling Stones.
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