Quando em março do ano passado a novela global das nove Fina Estampa terminou, não tinha pra Griselda ou Teodora, o personagem da novela, que ficou na memória como símbolo da trama foi Crodoaldo Valério (Marcelo Serrado), o mordomo afetado e escravizado pela madame Tereza Cristina (Christiane Torloni). O sucesso do personagem ultrapassou os oito meses do folhetim e, desde sexta-feira (29), ganhou as telonas de pelo menos 400 salas de cinema no Brasil.
Crô - o Filme chega com direção de Bruno Barreto, roteiro assinado pelo mesmo criador do personagem e autor da novela, Aguinaldo Silva, e com elenco com nomes como Alexandre Nero, Gaby Amarantos, Carolina Ferraz e Ivete Sangalo.
A trama começa com Crô rico, após receber uma bolada de herança de sua eterna rainha do Nilo. O novo milionário passa a sofrer de um vazio existencial e, para dar sentido à nova vida, busca uma perua-musa para servir, contando com a parceria de Marilda (Kátia Moraes) e do motorista ranzinza Baltazar (Alexandre Nero).
Carolina Ferraz é Vanuza, uma perversa empresária que escraviza seus funcionários. Ela entra na história como forte candidata ao cargo de nova patroa de Crô. A história ainda se volta para parte do passado do personagem. “Ele já nasceu gay’’, diz Serrado.
Da novela para o filme
Trazer um personagem de novela para os cinemas não é novidade, mas os produtores acreditam que, diferente de Giovanni Improtta – que levou 180 mil espectadores aos cinemas – Crô – O Filme promete bem mais sucesso. “O Crô tem muito apelo com o público. Agrada a todas as classes sociais e é muito querido pelas crianças’’, diz Bruno Barreto, diretor do longa, escrito pelo novelista Aguinaldo Silva.
De fato, o sucesso do protagonista na TV pode atrair bons resultados de bilheteria, mas nem sempre popularidade é garantia de êxito no cinema. “Não tem jogo ganho. Mas pesquisamos e acreditamos que Crô será bem aceito’’, aposta Bruno Wainer, diretor da distribuidora Downtown Filmes.
Baseado em outro personagem de sucesso de Aguinaldo Silva, o filme Giovanni Improtta também foi lançado neste ano, mas teve pouca repercussão. Novamente interpretado por José Wilker, o bicheiro estreou no cinema nove anos após ter conquistado a simpatia do público na novela Senhora do Destino (2004, Globo), com o jargão “felomenal’’.
Para Wilker, que também dirigiu o filme, essa demora no lançamento justifica o fracasso de bilheteria. “Nós perdemos quase três anos com a captação de recursos, o que fez com que o longa-metragem estreasse dois anos depois do que deveria. Assim, a produção perdeu sua atualidade’’, avalia o cineasta.
Paula Barreto, produtora de Crô - o Filme, disse ter tomado mais cuidado. “Nos preocupamos em lançá-lo logo, e não com tanta demora como foi feito no Giovanni Improtta. Sabíamos, também, que o roteiro teria de ser todo escrito pelo Aguinaldo Silva’’, diz ela, referindo-se novamente ao filme anterior, que contou com outro roteirista. (com agências)
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