Philip Shenon estava à sua mesa na sucursal do New York Times, em Washington (EUA), numa tarde primaveril de 2008 quando um importante advogado de Nova York lhe telefonou. Após a conversa, o repórter teve certeza de que seria o autor do furo do ano.
O advogado contou que no início da carreira trabalhou na Comissão Warren, grupo criado pelo recém-empossado presidente americano Lyndon Johnson (1908-1973) para investigar a morte do antecessor, John F. Kennedy. A pedido de Johnson, os trabalhos da comissão seriam conduzidos pelo então presidente da suprema corte dos EUA, Earl Warren (1891 - 1974).
Kennedy foi morto a tiros durante um desfile em carro aberto em Dallas, no Estado do Texas, em 22 de novembro de 1963. As razões e os detalhes da morte do presidente, aos 46 anos, eram - e continuam sendo - um dos grandes mistérios da história.
O advogado disse que lera o primeiro livro de Shenon, "A Comissão", sobre o grupo que investigou os atentados do 11 de Setembro, e achou que o jornalista poderia escrever uma obra semelhante.
Shenon, 53, teve acesso aos outros investigadores que trabalharam na comissão e começou o próprio trabalho de apuração. De repente, o que seria um furo de reportagem virou o projeto de um livro. Shenon conta que "outros advogados também falavam sobre provas que eles nunca viram, sobre testemunhas que nunca interrogaram e o material foi ganhando peso".
Eles se referiam à destruição de provas e à omissão de fatos importantes, mas aos quais a CIA, a agência de inteligência dos EUA, e o FBI, o departamento de investigações, fizeram vistas grossas.
Algumas das informações mal apuradas são os contatos que Lee Harvey Oswald (1939-63) --o homem a quem são atribuídos os disparos contra Kennedy-- fez nas embaixadas cubana e soviética na Cidade do México pouco tempo antes do atentado. São essas omissões, a guerra entre integrantes e a politicagem interna da comissão que compõem "Anatomia de um Assassinato: A História Secreta da Morte de JFK".
|