Trajetória do líder sul-africano Nelson Mandela é tema de novo filme, "Long Walk to Freedom"
Personalidade exemplar, Nelson Mandela sai da cena da vida deixando uma história de sacrifício, fé, determinação e amor à sua nação e ao continente explorado e humilhado por colonizadores brancos, mas deixa um legado marcante na História da Civilização. Líder nato, lutou, em desigualdade, contra a exploração, a intolerância e o racismo do sistema opressor colonialista inglês implantado durante quase 60 anos em sua terra, a África do Sul.
A luta pela liberdade e o fim do regime segregacionista chamado "apartheid" - sistema racista implantado pelo governo britânico em 1948 - o levou à prisão por 27 anos e sete meses, mas, em resposta, o elevou a condição de herói de toda uma raça, a humana, nascida na mãe África. Uma vida quase totalmente dedicada a uma única causa.Raras vezes o cinema dedicou suas obras a pessoas ilustres ainda vivas. Nelson Rolihlahla Mandela é uma delas. Geralmente, é a televisão que encarrega-se de destacar as personalidades que se sobressaem na sociedade por suas posturas em prol da liberdade, da ciência, defesa dos direitos humanos e do progresso da civilização em construção pelo homem, mas é o cinema que as engrandece.
Sim, porque o filme se apropria da História e se encarrega de levar as façanhas de homens e mulheres que se empenharam em lutar pelo progresso e a liberdade - como Oskar Schindler, Gandhi, Cristóvão Colombo, Joana D´Arc, Irineu Evangelista de Souza e Galileu Galilei -, para os palcos de cinema do mundo. A História não para e não perdoa: registra tudo.
O cinema já fez diversos registros da história de Nelson Mandela. Aparentemente, o mais importante deles, "Mandela: Long Walk from Freedom" acaba de sair. A produção, que custou US$ 25 milhões, segundo o produtor Anant Singh, teve concluídas as filmagens no Cabo Oriental na África do Sul, cidade natal de Mandela, Johannesburgo e Capetown. O filme acaba de ter pré-estreia em Londres (com a presença das duas filhas caçulas de Mandela) e ocupar quatro cinemas dedicados aos filmes de arte nos EUA - cujo circuito deve ser ampliado. Em três de janeiro será lançado no Reino Unido e na África do Sul. Adquirido por uma distribuidora brasileira, até agora não tem data de lançamento por aqui.
Autobiografia
O filme se origina da autobiografia de Mandela, escrita durante os 27 anos de prisão na Ilha de Robben e lançada com o título de "Long Walk to Freedom" em 1994 (editado no Brasil em 2002 pela Nossa Cultura com o título de "Mandela - Longa Caminhada até a Liberdade", com prefácio de Fernando Henrique Cardoso).
A adaptação cinematográfica, a cargo do roteirista e escritor William Nicholson, roteirista de "Nell" (1994), "Gladiador" (2000), "Elizabeth: a Era de Ouro" (2007) e "Os Miseráveis" (2012), conta a sua história a partir da infância, passando pelos conflitos pessoais, a vida na clandestinidade, a luta armada, a liderança política, a prisão e a libertação que o conduziu à presidência da África do Sul. A direção é de Justin Chadwik, realizador de "A Outra" (2008). Idris Elba, o Heimdall, da série "Thor", vive Mandela.
Já o livro, Mandela começou a escrevê-lo em 1974, quando estava preso em Robben Island (ilha da África do Sul ocupada pelo governo inglês para abrigar criminosos e presos políticos e desativada em 1996, após a sua saída) e a concluiu após a sua total libertação em 1990. Singh comprou os direitos de filmagem logo após o livro chegar às livrarias e orgulha-se de dizer que obteve a autorização do próprio Mandela e da fundação que leva o seu nome.
Outras adaptações
Mas, a vida de Mandela está registrada em diversas produções para o Cinema e em documentários, a maioria direcionada para a televisão e canais por assinatura. A sua imagem também foi indevidamente usada em um caso célebre, ocorrido no Brasil, pelo Partido dos Trabalhadores, em 2010, na campanha presencial da então candidata Dilma Roussef. Obviamente, a comparação não cabia e o procurador Roberto Gurgel tratou de denunciá-la.
Na verdade, a vida de Nelson Mandela só despertou interesse da mídia e do Cinema quando de sua libertação, em 1990, e a posterior candidatura à presidência da África do Sul, ocorrida quatro anos depois.
Realizado em 1987, "Mandela", produção britânica feita para a televisão com direção de Phillip Saville, teve Danny Glover no papel de Mandela. Realizado na época em Mandela ainda estava na prisão, conta a história da luta política contra o governo inglês de 1948 a 1987, marcando o 25º ano de prisão de Mandela. O drama descreve com os colonizadores se utilizaram de álibis e subterfúgios, inclusive religiosos, para controlar o país e impor a supremacia branca.
Naquele mesmo ano, um filme biográfico, "Um Grito de Liberdade" (Cry for Freedom), de Richard Attenborough, causou grande impacto e comoção internacional ao contar a trágica história de outro líder da resistência sul-africana contra o apartheid, Steve Birko (1946-77), interpretado por Denzel Washington.
O segundo filme sobre a vida de Nelson Mandela, "Death of Apartheid", data de 1995 e também foi feito para a televisão. Produção britânica do Discovery Channel e com direção de Allister Sparks, registra a história secreta das negociações entre o Congresso Nacional Africano e o então presidente Frederick Le Klerk, as quais levaram à libertação de Mandela. Ambos, Mandela e Le Klerk, conquistaram o Prêmio Nobel da Paz.
O terceiro, "Mandela" (1996), é um documentário produzido por Jonathan Demme e dirigido por Angus Gibson e Jo Menell, que conquistou indicação ao Oscar por fazer um retrato vibrante e emocionalmente carregado da trajetória de Mandela de sua infância até a libertação como preso político em 1990 e a consequente eleição à presidência da África do Sul.
Em 2007, surgiu outro drama feito para a televisão, "Mandela and De Klerk", dirigido por Joseph Sargent, novamente com o estadunidense Sidney Poitier no papel de Mandela e o inglês Michael Caine interpretando o último presidente sul africano branco. A trama se centra na relação entre os dois líderes, fazendo um apanhado dos acontecimentos de 12 de junho de 1964, até a libertação de Mandela, ocorrida em 11 de fevereiro de 1990. No elenco, Tina Lifford vive Winnie e Gerry Maritz interpreta Peter Botha, um dos presidentes mais violentos do apartheid.
Em 1988 surgiu um documentário de curta-metragem, igualmente feito para a televisão canadense, "Remember Mandela!". Produzido e dirigido por Peter Davis, o filme, com 30 minutos de duração, enfoca exclusivamente o líder da resistência como uma vítima do regime segregacionista e como símbolo da violência contra os direitos humanos.
Em 1999, o canal estadunidense PBS realizou o documentário "The Long Walk of Nelson Mandela" para a série Frontline, a qual enfoca grandes personalidades da atualidade. A produção, levada a efeito entre EUA e Canadá, em 120 minutos registra a vida do líder africano a partir de sua infância, enfocando a sua educação tribal, passando pelo revolucionário, o prisioneiro político e o homem traído pela mulher que ele julgava fiel.
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