Festival de Dança Litoral Oeste começa amanhã reunindo grupos da Capital e do Interior em três municípios
Os corpos dos bailarinos são fustigados pelo sol cearense e pelos grãos de areia, levados aos corpos suados pelo vento, sensação de frescor tipicamente litorâneo. Enquanto isso, os personagens dos espetáculos rodopiam, caem, levantam e se tocam em coreografias montadas para levar ao espectador a reflexão sobre o corpo humano e o movimento cotidiano.
Reunindo grupos cearenses, o Festival de Dança Litoral Oeste chega à sua 6ª edição com 17 companhias que se revezam, durante nove dias, em palcos de três cidades da região litorânea que dá nome ao evento: Itapipoca, Trairi e Paracuru. A cantora Lídia Maria também se apresenta nos municípios.O evento é o ponto máximo das atividades realizadas pelas companhias com bases montadas no interior cearense e tem como um dos principais objetivos a formação de plateia para fortalecer o circuito de dança nos municípios mais afastados da Capital. O evento também acontece como uma forma de descentralizar o circuito de dança, levando espetáculos - muitos deles premiados - com entrada gratuita que nem sempre podem ser prestigiados pela população interiorana.
A distância dos grandes centros, entretanto, não é empecilho para a profissionalização dos jovens bailarinos, orientados por professores experientes da cena de formação em dança no Ceará. Para Gerson Moreno, diretor artístico do evento e bailarino com mais de 20 anos de atuação no ramo, a formação no Ceará passa por um bom momento no Estado, que abriga profissionais de outros cantos que vêm aprender com dançarinos daqui.
"Recebemos em Itapipoca, por exemplo, companhias de São Paulo e Rio de Janeiro que ficam surpresos pelo fato de nossas atividades se concentrarem no Interior e nos perguntam como fazemos isso. Se já é difícil viver de dança nas capitais, imagine nas cidades afastadas dos grandes centros? Nós mostramos que existe sim essa possibilidade e fazemos isso acontecer", relata o profissional.
Incubadora
Para Gerson, mesmo com a criação de cursos técnicos e superiores em dança no Ceará, as companhias do Interior ainda são as principais formadoras de bailarinos no Estado.
O organizador do evento ainda ressalta que a convivência dos alunos nesses grupos é fundamental para a formação mais completa deles.
"O aprendizado se dá muito com a possibilidade de estar em grupo. As experiências vão além da criação e execução de espetáculos. Não adianta você conceber o espetáculo, é preciso saber como garantir a circulação dele, ´inventar´ o mercado e pensar formas de financiamento para garantir a existência/sobrevivência do que a gente faz", argumenta Gerson Moreno.
Segundo o organizador, a existência desse circuito de dança se deve às atividades realizadas pelas numerosas companhias espalhadas em pequenos municípios cearenses e, por isso, o evento presta homenagem àqueles que se dedicaram para o sucesso e a sobrevivência desses grupos (bailarinos, produtores, diretores, etc). Ao todo, serão nove homenageados, três em cada cidade onde serão apresentados os espetáculos.
Recebem as menções honrosas: Andrea Bardawil, Flávio Sampaio, Ernesto Gadelha, David Linhares, Silvia Moura, Cláudia Pires, Valéria Pinheiro, Hugo Bianchi e Graça Martins. Os bailarinos homenageados participarão de momentos informais onde terão a oportunidade de compartilhar conhecimentos e impressões. São os encontros "Para Cafés, Danças e Afetos", que acontecem nas sedes de alguns grupos que se apresentam no evento.
A expectativa de público dos organizadores é de cerca de 800 e 1000 por noite nos palcos montados ao ar livre. "A resposta do público tem sido muito positiva", relata Gerson Moreno. "Nas edições anteriores, o número de pessoas foi maior a cada noite. Isso se deve não só a existência do festival, mas ao trabalho que fazemos o ano inteiro. As pessoas já sabem o que vamos fazer, tanto na formação e na criação", completa.
SAIBA MAIS
Programação em itapipoca
sexta-feira, dia 24
19h30 - Apresentações no Ponto de Cultura Galpão da Cena
Espetáculos:
"Escolhas" - Cia de Dança Ciclos (Tabuleiro do Norte)
"Arquiteturas instantâneas" - Cia Rebentos (Itapipoca)
"Corpo Divino" - Cia Arreios (Trairi) "Homem Lobo do Homem" - Souza Frota (Sobral)
"Transeuntes" - Cia Flex (Trairi)
E apresentações de DJs
sábado, Dia 25
19h - No Ponto de Cultura Galpão da Cena: interferência de dança "É carona" - Em Dois Cia de Dança (Fortaleza)
"A invenção do Baião Teimoso" - Cia Balé Baião (Itapipoca)
"Dois Pontos" - Paracuru Cia de Dança (Paracuru)
"Suspiros Del Alma" - Grupo Tablado (Fortaleza)
Homenagens a Andrea Bardawil, Flávio Sampaio e Ernesto Gadelha "Fullgás" - Ritmo Souto (Fortaleza) "Interdança" - BMX Crew (Itapipoca) Improvisos de Ritmo Souto e BMX Crew
Domingo, Dia 26
9h - Ponto de Cultura Galpão da Cena: encontro com artistas no "Para Cafés, Danças e Afetos"
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