Mesmo sem brilhantismo, "Muita calma nessa hora 2" se sobressai entre as novas produções do gênero
Definitivamente, "Muita calma nessa hora 2" (2014) não é um filme para se priorizar numa ida ao cinema. No entanto, não é tão feio como alguns pintam. Querendo ou não, criamos, a partir de uma longa lista de filmes horrorosos, claro, um preconceito com as novas comédias brasileiras, sobretudo as produzidas pela Globo Filmes. Mas, o primeiro filme, de 2010, é sim um dos exemplares mais divertidos da safra recente.
A continuação aproveita a popularidade e a simpatia do primeiro filme para trazer de volta as quatro amigas, que agora se encontram no Rio de Janeiro, em um festival de rock. Bom, o festival é de rock, mas tinha que ter também show do Chiclete com Banana, para fazer piada com o personagem chicleteiro de Lúcio Mauro Filho, que tem um timing para comédia muito bom, como comprovou em "Vai que dá certo" (2013). Seu papel em "Muita calma nessa hora 2" é muito pequeno, mas bem divertido. Marcelo Adnet, por outro lado, está mais presente. Ele reprisa uma cena engraçada do primeiro filme. Afinal, fazer comédia lida com a repetição.Quatro amigas
Quanto às quatro amigas, nem todas recebem subtramas interessantes. A mais bela, mas não necessariamente a mais valorizada pela beleza, a morena "mignon" Andréia Horta acaba não ganhando uma trama interessante, servindo mais de escada para as demais, ainda que ela apareça bastante em cena. Quem assistiu à minissérie "Alice" (2008), da HBO, certamente não esqueceu mais desta moça, que infelizmente não tem feito muito cinema.
Já Gianne Albertoni é vendida como a mais bela das quatro. Até por ser mais alta e mais vistosa. A subtrama dela é interessante, pois lida com um grupo que brinca com o Los Hermanos, que no filme são quatro barbudos chamados de Los Cunhados. Convenhamos que não chega a ser um humor fino, mas a brincadeira com a banda, até por mostrá-los simpáticos e afáveis, não chega a ofender.
Menos sorte tem a loirinha Fernanda Souza, que ganha uma subtrama bem ruim, envolvendo uma mulher que prevê seu futuro (Heloísa Périssé) e diz que, em vez de um namorado, vê para ela uma tal Maria, o que faz com que a moça fique logo cismada com a possibilidade de se apaixonar por outra mulher.
Já a subtrama envolvendo Débora Lamm é uma das melhores do filme. Seu pai argentino (que fala um portunhol fajuto) está montando um hotel, já contando com a herança que ele supostamente receberá da avó da garota. O problema é que Estrela, a personagem de Débora, chega apenas com uma samambaia num vaso como herança. A planta que ela leva para todos os lugares foi também sua marca registrada no primeiro filme, que brinca bem mais com as referências à maconha.
"Muita calma nessa hora 2" é bem mais careta, nesse sentido, certamente para diminuir a classificação indicativa e aproveitar a boa popularidade do primeiro filme entre a plateia mais jovem a fim de faturar muito mais. Por enquanto, é o filme brasileiro que, junto com "Confissões de Adolescente", tem mais chances de capitalizar bem nas bilheterias neste início de ano. O cinema brasileiro comercial, esse das comédias, anda tão popular que briga sem problemas com as produções hollywoodianas.
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Mais informações:
Muita calma nessa hora 2 (Brasil, 2014), de Felipe Joffily. Com Andréia Horta, Débora Lamm, Gianne Albertoni, Fernanda Souza, Marcelo Adnet, Lúcio Mauro Filho e Bruno Mazzeo. 90 minutos. 12 anos.
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