Do diálogo de um ano e meio entre a organização da Mostra Internacional de Cinema Africano e o documentarista brasileiro radicado na França, Cesar Paes, nasceu "Multiculturalismo", tema da 7ª edição do evento que acontece de hoje a 17, em Fortaleza e Redenção.
Em seu segundo ano de parceria entre a Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (Unilab), a Mostra aponta diferentes contextos do território africano, através da exibição de filmes da produtora Laterit, sediada em Paris e fundada por Cesar Paes e Marie-Clémence.
"O diálogo com o Cesar Paes envolveu não só a produção da Laterit, mas também de parceiros deles, já que eles também distribuem outras produções. Os filmes ou são de produção da Laterit ou de parceiros distribuídos por ela", explica Túlio Muniz, professor da Unilab e membro da Comissão Coordenadora do evento.
São 13 filmes selecionados, sendo 9 deles só de parceiros da produtora francesa. "Batuque", filme de Cabo Verde, assinado por Julio Tavares, abre a Mostra, na segunda-feira, às 16h, na Casa Amarela da UFC e no sábado (15), às 15h, no anfiteatro da Unilab, em Redenção. Mote do documentário, o batuque é a mais antiga manifestação cultural cabo-verdiana.
"A África é um continente com quase 60 países e que compartilha contextos culturais diferenciados uns dos outros, mas, ao mesmo, interligados. É um povo de uma cultura riquíssima", reforça Túlio. "É uma produção pouco conhecida e de altíssima qualidade".
Quase todas as produções retratam contextos africanos, o que, na visão do professor, não será uma barreira na identificação do público cearense com o que será exibido na Mostra.
"O Brasil é um país extremamente africanizado. Se o público brasileiro assistir a um filme africano, certamente haverá vários momentos de identificação, seja pela música, organização social ou pela importância que o imaginário tem na gestão do cotidiano", acredita.
Documentarista relativamente de sucesso na Europa e ainda pouco conhecido no Brasil, Cesar Paes assina, entre outras produções exibidas no festival, "Saudades do Futuro", que relata a cultura nordestina em São Paulo. O documentário ainda é inédito nas casas de projeção do Nordeste e será exibido no último dia do evento.
No roteiro, São Paulo é contada e cantada em versos, músicas e histórias de migrantes nordestinos em busca de uma vida melhor. O nome "Saudades do Futuro" vem de um texto de Clarice Lispector e é citado nos versos da dupla de emboladores Sonhador e Peneira, personagens que pontuam o filme.
Durante a Mostra, Paes também ministrá palestras-oficinas sobre produção de documentários, na quarta e quinta-feira, no Auditório do Departamento de História da UFC.
Mais informações:
A sétima edição da Mostra Internacional de Cinema Africano acontece do dia 10 a 14 de fevereiro, na Casa Amarela da UFC e de 15 a 17 de fevereiro, em Redenção, no Campus da Unilab. A entrada é gratuita. Contato: (85) 96703264
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