Exposição “Impressões contemporâneas” propõe reflexão sobre potencial criador de técnicas gráficas
Das tintas ao off-set, técnicas de gravura em relevo mantiveram sua importância no universo da produção gráfica - pelo menos na esfera artística, na qual ainda inspira trabalhos de diferentes estilos, tradicionais ou mais modernos.
Com o tempo, porém, novos métodos de produção ampliaram as possibilidades da linguagem da gravura, em especial no que diz respeito à discussão sobre a (re)produção em massa, o valor da cópia, a democratização do acesso e temas afins.
Com essas questões em mente, o Linha Laranja - Escritório de Arte, por meio de patrocínio do Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB), realiza a exposição "Impressões Contemporâneas", como parte inicial de um projeto homônimo.
A ideia era reunir artistas contemporâneos para revisitar a gravura - no Estado, marcada fortemente pela xilografia. A linguagem precisaria ser comum a todos, aquela da impressões (daí o nome da mostra), mas passível de variações a partir da adoção de técnicas distintas, como fotocópia, fotografia, serigrafia e monotipia.
Foram selecionados nove artistas e um grupo atuantes no Ceará: Claudia Sampaio, Cris Soares, Diego de Santos, Emanuel Oliveira, Euzebio Zloccowick, Grupo Xicra, Herbert Rolim, Ingra Rabelo, Narcélio Grud e Tereza Dequinta.
Obras
Conhecido por suas esculturas sonoras e trabalhos de arte urbana, Narcélio Grud, por exemplo, apresenta duas obras. Em uma delas, reproduz uma tampa de bueiro em um material inesperado.
"Peguei a tampa e, a partir dela, fiz outra em vidro. A ideia é brincar com essa questão da resistência, da rudeza, da sujeira da peça original, que fica na rua, no asfalto, agora reproduzida em vidro, tão frágil, translúcida. Para suscitar alguns questionamentos, que deixo a cargo do espectador", adianta Grud.
A outra obra (que ilustra essa página) é uma serigrafia realizada no México, que mostra a fusão de dois corpos em um só. "Primeiro fiz um grafite. Levei a imagem dele para o México, onde participei de uma mostra. Lá há um estúdio famoso pela qualidade e o preço que oferece a quem deseja trabalhar com a técnica. Descobri, na verdade, que artistas do mundo todo vão lá para fazer suas serigrafias", conta.
"Como o mote da exposição é 'impressões', permite um leque amplo de possibilidades e técnicas para se trabalhar", complementa o artista. O Linha Laranja representa Narcélio para venda de algumas de suas peças, então o convite para participar da exposição foi algo natural.
Foi o mesmo caso com Diego de Santos, que também apresenta duas obras em "Impressões Contemporâneas". Em uma delas, "carimbou" as linhas da sola do pé em papel circular.
"Fica com a aparência de algo como a Lua. Por isso a visualização, na mostra, é feita com uma luneta", explica o artista, que aos 29 anos integra uma nova geração de realizadores cearenses.
"A outra obra brinca com conceitos de frente, verso, lembra uma imagem espelhada, algo que tem a ver com a gravura", complementa.
"O Linha Laranja me representa com alguns trabalhos, a partir do convite deles tive a oportunidade de trabalhar esse conceito de gravura expandida", comenta.
Mais informações
Exposição "Impressões contemporâneas"
Até 15 de março no Centro Cultural Banco do Nordeste (R. Conde D'eu, 560 - Centro).
Visitação: de terça a sábado, das 10h às 19h. Gratuito. Contato: (85) 3464.31
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