Grande favorito ao Oscar 2014, “12 Anos de Escravidão”, de Steve McQueen, evidencia o tema de forma contundente
Depois de uma enxurrada de filmes "mais do mesmo", deparar-se com "12 anos de Escravidão" é algo, no mínimo necessário, não só para a Academia de Cinema e para norte-americanos, mas para o mundo. O longa, de Steve McQueen, é, de fato, uma pancada no estômago, afinal, o objetivo não é ser agravável, mas sim incomodar, fazer refletir.
Concorrendo à estatueta em nove categorias, incluindo a de melhor filme, na qual é o grande favorito, a história real baseia-se no livro de memórias de Solomon Northup escrito em 1853. Escravo liberto, Northup (Chiwetel Ejiofor) vive uma vida confortável em Nova York até ser covardemente sequestrado e vendido como escravo, sendo obrigado a ficar longe da família, que nem sabe se ele está vivo.
Embora inicialmente propriedade de um senhor de "boa índole", problemas financeiros o levam a trabalhar em uma plantação de algodão do mau caráter Edwin Epps (Michael Fassbender), na região de Louisiana, nos Estados Unidos. Sua vida não será nada fácil, afinal, Northup é um negro letrado e que toca violino, o que vai despertar a fúria de muita gente.
Em meio a vida difícil, ele tenta sobreviver da melhor maneira possível, escondendo suas habilidades. Ainda assim, cria laços com outros que estão na mesma situação, como Patsey (Lupita Nyong'o), até conseguir ser resgatado apenas doze anos mais tarde, com a ajuda de um forasteiro, o advogado revolucionário Bass (Brad Pitt).
Dramático
Um filme duro e realista, "12 anos de escravidão" se destaca entre as atuais produções por mexer em uma velha ferida: a escravidão. Desperta um olhar atual sobre a perda da liberdade em tempos não tão distantes, afinal os resquícios dessa realidade continuam na forma de preconceito e pobreza.
Além da temática instigante, o filme, produzido por Brad Pitt e escrito por John Ridley, é feito de grandes cenas de forte carga dramática e atuações memoráveis de atores nem tão conhecidos assim, sob a condução inteligente de McQueen.
Qualquer coisa para sobreviver
Outro concorrente ao Oscar a estrear hoje nos cinemas brasileiros é "Clube de Compras Dallas", do canadense Jean-Marc Vallée, mesmo diretor do inesquecível "C.R.A.Z.Y. - loucos de amor".
Também baseado em uma história real, o destaque do filme vai mesmo para as atuações marcantes de Matthew McConaughey e Jared Leto, ambos fortes concorrentes à estatueta de melhor ator e melhor ator coadjuvante, respectivamente.
A trama se passa em 1986, quando o eletricista é também caubói texano Ron Woodroof (McConaughey) é diagnosticado com AIDS. Vivendo uma vida de sexo e drogas sem limites, Ron é um homem nada agradável e não conserva muitos amigos, principalmente após saber da doença, na época marcada essencialmente pela ligação a homossexuais e viciados em drogas.
O que poderia ser uma sentença de morte para Ron, (lhe é dado apenas um mês de vida) passa a ser um modo de fazer acordá-lo para a vida. Decidido a permanecer vivo, ele busca medicamentos não legalizados para combater o avanço da doença.
Nesse momento, ele encontra um aliado improvável, o carismático transexual Rayon (Leto), e logo começa uma batalha contra a indústria farmacêutica, contrabandeando drogas ilegais do México no chamado "Clube de Compras Dallas".
Incrivelmente inseridos em seus personagens, McConaughey e Leto surpreendem a crítica. Para o longa, ambos tiveram de mudar bastantes fisicamente, inclusive perdendo bastante peso. Afora os personagens intensos, a trama em si" não empolga tanto como o esperado, não sendo forte concorrente para melhor filme.
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