Em “300:A ascensão do império”, o ator Rodrigo Santoro retorna ao papel de Xerxes, tema central da sequência
A carreira cinematográfica de Rodrigo Santoro está pontuada por momentos marcantes - de "Bicho de sete cabeças" (2001), de Laís Bodanzky, seu filme de estreia, que lhe deu inúmeros prêmios e visibilidade para ganhar convites para trabalhar no exterior, a "Heleno" (2011), de José Henrique Fonseca, em que estreou como produtor.
Mas o ator petropolitano de 38 anos confessa que o divisor de águas de sua trajetória profissional é mesmo "300" (2006), o épico de inspiração pop dirigido por Zack Snyder sobre a tentativa de conquista da Grécia pelos persas, em 480 a.C., e no qual interpretava Xerxes, rei de aparência exótica, com três metros de altura e voz de trovão.
"Logo depois de '300', fiz os filmes sobre o Che Guevara, do Steven Soderbergh, nos quais eu contracenei com Benício Del Toro, e 'Cinturão Vermelho', do David Mamet, em um mesmo ano. Pensei comigo mesmo: 'Tem algo diferente acontecendo. Acabei de trabalhar com artistas pelos quais tenho grande admiração. Acho que essa aventura de fazer filmes no exterior está começando a ficar interessante", diz Santoro, que retoma o papel de Xerxes, o semideus persa, em "300: A ascensão do império", dirigido pelo israelense Noam Murro, sequência do sucesso protagonizado por Gerard Butler, que estreia no Brasil em 7 de março.
Meio bilhão
Adaptação da graphic novel homônima de Frank Miller, "300" consumiu cerca de US$ 65 milhões para recriar a batalha entre Xerxes e as tropas gregas, formada por guerreiros de Esparta. A produção, que abusava de programas de computador para reproduzir a textura dos quadrinhos, faturou US$ 456 milhões e abriu possibilidade para uma sequência.
O projeto ficou à espera de Miller cumprir a promessa de escrever um novo capítulo para a saga grega, que se concentraria no personagem Xerxes, até hoje não concluída. Impacientes, os estúdios Warner Brothers, detentores dos direitos de adaptação da HQ, encomendaram um roteiro inspirado nos personagens criados pelo quadrinista, que vai para além dos domínios do todo-poderoso rei persa de aparência andrógina.
Com a antecipação dos planos da Warner, Santoro perdeu a chance de ser o protagonista do novo capítulo, mas não pensou duas vezes ao aceitar a oferta de voltar ao personagem que lhe deu visibilidade no mundo inteiro.
Nem mesmo a lembrança do penoso processo de caracterização, que inclui raspagem de todos os pêlos do corpo, aplicação de maquiagem e de piercings e que consumia, no primeiro filme, cerca de seis horas, tirou-lhe o ânimo.
Havia também o solitário processo de filmagem, que o obrigava a ficar em um estúdio de som vazio, contra um fundo azul, dizendo suas falas na direção de uma marcação no chão feita com fita crepe - para a sequência que chega agora aos cinemas, o truque evoluiu para uma bola de tênis, manipulada por um contrarregra. Acima de tudo isso estava o desafio inédito de poder revisitar um personagem.
"Voltar a ele não foi a mesma coisa, porque sou uma pessoa diferente do que era seis anos atrás, portanto, uma nova abordagem seria diferente da primeira", explica o ator, que foi para o set de "A ascensão do império" cheio de curiosidade sobre o personagem que causara tanto estranhamento e admiração no primeiro filme.
"A primeira história gerou muitas reações e, para minha surpresa, o Xerxes teve um impacto muito grande sobre o público. Quem é esse cara? De onde ele veio? Por que aquela voz? Como o novo filme se propõe a contar as origens de Xerxes, seu passado e suas motivações, foi interessante porque tive a chance de trazer um pouco de humanidade para ele, entendê-lo. No primeiro, não havia espaço para isso".
A trama de "300: A ascensão do império", acontece quase que em paralelo à batalha de Termópilas, mostrada no primeiro longa-metragem. Após a massacrante vitória sobre a pequena tropa do rei Leônidas (Butler), o exército persa, sob o comando do monarca Xerxes, marcha agora em direção às cidades-estados gregas.
Atenas, a primeira no caminho do inimigo, é defendida pela esquadra do general Temístocles (interpretado pelo australiano Sullivan Stapleton), que se vê obrigado a tentar uma aliança com seus tradicionais rivais, os espartanos.
As forças inimigas, no entanto, têm o reforço da vingativa e manipuladora rainha Artemísia (Eva Green), que convence Xerxes a unir sua frota em uma definitiva batalha naval contra os gregos.
Direção
Envolvido com "O Homem de Aço" (2013), reboot da franquia de Superman, também da Warner, Snyder preferiu assumir a produção e o roteiro (coescrito com Kurt Johnstad) de "A ascensão do império" e delegar a direção do filme a Murro. Embora conhecido apenas pela inofensiva comédia romântica "Vivendo e aprendendo" (2008), com Dennis Quaid e Sarah Jessica Parker, o israelense demonstrou segurança na manutenção do universo mitológico desenvolvido por Frank Miller.
"Embora não estivesse conosco no dia a dia, Zack sempre esteve muito próximo do desenvolvimento de todo o filme, do início ao fim. Claro, Noam é um diretor completamente diferente do Zack. É formado em música, vem de uma outra cultura e tem um conceito diferente de trabalho. Mas sabia que eu tinha participado do primeiro "300", era uma espécie de link entre as duas histórias", comenta Santoro, mais uma vez saboreando o poder de seu personagem.
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