Aos três anos, Gustavo Monte mal conseguia ficar parado na fila antes de assistir Minions em sua primeira ida a um cinema. Ao seu lado, a bibliotecária Patrícia, não se punha tão diferente. “Eu queria ver como ficou o (Cineteatro) São Luiz”, confessa a mãe de Gustavo. Com programação regular aberta desde o último dia 2 de julho, o maior e mais antigo cinema em atividade na Capital hoje se divide entre o teatro, a música e a sétima arte. E o fortalezense vai, timidamente, redescobrindo os encantos do lugar.
“O São Luiz terá um papel importante na formação de público e na iniciação nas artes. Muitas pessoas que não tinham contato com as produções artísticas agora poderão ter”, defende Rachel Gadelha, diretora do equipamento, gerido pela Secretaria da Cultura do Estado (Secult). Segundo ela, o período é ainda de conhecimento do público para que, em breve, “a população ocupe este espaço, e diga que ‘isso é nosso’”.
Para a secretária Jardênia Araújo, 23 anos, o São Luiz tem um outro atrativo que nenhum outro cinema da Cidade tem: o preço. Para assistir a uma matinê, pagou R$ 6 pela inteira e apenas R$ 3 para as crianças e estudantes do grupo. O valor bem abaixo do cobrado pelas salas de shoppings também pesou na escolha do operador de telemarketing Eudázio Freitas, 24, em assistir o blockbuster Jurassic World no São Luiz. “Aqui tem a vantagem de ser mais próximo para mim e ainda com um preço barato”, diz, defendendo a escolha por assistir a superprodução no Centro de Fortaleza. Para ele, a única queixa é a falta da pipoca e do refrigerante dentro da sala - o equipamento não possui guichê de vendas de alimentos e é vedada a entrada desse tipo de produto no espaço.
A maioria dos visitantes do Cineteatro é ainda de estreantes ou gente que resolveu conferir o resultado dos anos de reformas e reparos do prédio. Segundo Rachel Gadelha, porém, o espaço vem sendo adotado pelo público. “Exemplo disso é o Café com Curtas, que começou com um público pequeno e agora vem num crescente mesmo”, aponta. Até agora, o cineteatro teve seus 1.070 lugares ocupados em algumas sessões especiais, como a de Cinema Paradiso, no dia da reabertura, a maratona Mad Max, a sessão de Help, com um tributo aos Beatles e em algumas apresentações de teatro gratuitas na terça-feira, como Cabaré das Travestidas.
A maioria do público pode estar, aos poucos, se reconectando a um gigante que adormeceu por quase meia década. Mas, ao final de grande parte das sessões, seja do infantil Minions (2015) ou do clássico Casablanca (1942), exibidos no último final de semana, a reverência sempre volta em forma de palmas. Não aos diretores dos filmes, mas ao Cineteatro São Luiz, novamente presente para os transeuntes da Praça do Ferreira. “(É) uma das coisas mais bonitas que temos visto no São Luiz. É o reflexo da relação com o São Luiz, que extrapola, revela o encantamento, demonstra a identificação do público dizendo sim ao que estamos oferecendo de opção cultural”, comemora a diretora.
SERVIÇO
Cineteatro São Luiz
Onde: Rua Major Facundo,500 - Centro
Veja a programação em:
http://goo.gl/hJ5Hgb
SAIBA MAIS
Hoje conhecido como Cineteatro, o São Luiz começou a ser construído em 1939 pelo grupo Severiano Ribeiro. O prédio foi tombado em 1991 pela Coordenadoria do Patrimônio Artístico, Histórico e Cultural do Governo do Ceará.
Depois de mais de quatro anos fechado, o Cineteatro reabriu em dezembro do ano passado com duas sessões de Anastacia, a Princesa Esquecida (1956) - justamente o primeiro filme exibido no equipamento, em 1958. Após a primeira reinauguração, o cineteatro ficou mais seis meses fechado, até a reabertura no último 2 de julho.
|
