Bancários já deixaram claro que para resolver campanha na mesa, proposta tem de trazer ganho real, valorização da PLR, do piso e dos vales, mudanças nas condições de trabalho para acabar com os adoecimentos, mais empregos, segurança e igualdade de oportunidades
O Comando Nacional dos Bancários volta a se reunir com a Fenaban nesta sexta 25. Será a quinta rodada de negociação, quando será apresentada pelos bancos proposta para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho da categoria.
Os trabalhadores já deixaram claro que, para resolver a campanha na mesa, tem de ter aumento real nos salários, valorização da PLR, do piso e vales, mudanças nas condições de trabalho para acabar com adoecimentos, mais empregos, segurança e igualdade de oportunidades.
E, como todo mundo sabe que para banco não tem crise, é hora de retribuir o tanto que ganham com prestação de serviços, altas taxas de juros e bancarização elevada.
Uma maneira de fazer isso é contratando mais bancários, tanto para melhorar o atendimento à população como as condições de trabalho, reduzindo assim o alto grau de adoecimento que penaliza a categoria. Ao contrário, os bancos vêm extinguindo milhares de postos de trabalho no país, mesmo vendo seus lucros cada vez mais elevados.
“Se há um setor na economia nacional com condição para isso é o financeiro”, afirma a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários que negocia com a Fenaban. “Para os bancos, não há crise. É diferente de outros setores que sofrem com juros e dólar altos, com inadimplência. Seja qual for o indicador utilizado, as instituições financeiras estão ganhando muito no Brasil e isso não é de hoje, vem de décadas. Ou seja, passou da hora de os bancos devolverem à sociedade o tanto que ganham com ela”, cobra a dirigente.
PLR – Os bancários querem alterar a fórmula da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), para torná-la mais clara e aumentar os ganhos dos trabalhadores, com o pagamento de três salários mais R$ 7.246,82 de parcela fixa adicional.
A Fenaban, no entanto, afirmou ter intenção de manter a regra atual, prevendo que muitos bancos terão lucros menores. “Não é o que vem se desenhando até agora. O lucro do setor cresceu muito e a PLR dos bancários precisa aumentar proporcionalmente”, cobra a dirigente. “O montante distribuído tem de subir, queremos garantir isso.”
14º salário – Para a reivindicação do 14º salário, a Fenaban afirma que não acha bom criar mais uma remuneração fixa, consideram que a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) tem muitas amarras e que é necessário o mínimo de liberdade para as instituições. O Comando insistiu, ressaltando que essa seria uma importante conquista para os trabalhadores e o setor, com os altos ganhos que tem, pode pagar.
Piso – Os bancários defenderam o piso da categoria com base no sala´rio mínimo do Dieese (R$ 3.299,66), como o necessário para a sobrevivência de uma família. Para os bancos, o valor atual de R$ 1.796,45 está em um patamar adequado, e os bancários, ao fazer carreira, ganham mais.
O Comando lembrou que o piso é a base dos salários e que, mesmo somado com valores como VA e VR, ele ainda fica 15% menor que o calculado pelo Dieese. “Hoje, o piso da categoria não provê as necessidade dos bancários. Além disso, quando se aposenta, ele não leva os vales refeição e alimentação. Ou seja, são valores que não podem ser considerados nessa conta”, afirma Juvandia.
Outra reivindicação apresentada foi o piso para os empregados de tecnologia da informação (TI), uma nova e crescente função dentro dos bancos. O valor seria o mesmo do primeiro gerente: R$ 7.424,24. Para portaria, o valor reivindicado é de R$ 3.299,66; para caixas, R$4.454,54 e para o primeiro comissionado, R$ 5.609,42.
Salário do substituto – Quando um empregado substitui outro, é legal que ganhe o salário correspondente à função que está exercendo. Mas a Fenaban não vê assim. Para ela, o fato de colocar alguém por um curto prazo em um cargo superior serve para testar uma promoção, tratam como estímulo e acham que bancário ficara “frustrado” com o pagamento a mais que depois será retirado. Na vida real, não é bem assim. Muitas vezes os bancários ficam cobrindo funções superiores às suas, sem qualquer promoção, em desvio de função. Por isso o Comando quer regrar a substituição.
Parcelamento de férias – A Fenaban vai levar aos bancos a reivindicação de parcelamento do adiantamento de férias, praticado já em algumas instituições. O Comando lembrou que, na volta ao trabalho, muita gente não consegue arcar com as contas e acaba entrando no cheque especial. Parcelar o adiantamento pode ajudar muito os trabalhadores e é perfeitamente factível para os bancos.
Vales alimentação e refeição – O Comando lembrou que a inflação de alimentos é maior que a geral (este ano já chegou a 10,56%) para justificar a reivindicação de valorização para os vales e para a 13ª cesta-alimentação. A Fenaban disse que responderá depois. Quanto à 13ª cesta-refeição, acham “inviável” porque é difícil convencer os bancos de que as pessoas “comem duas vezes” em dezembro. “Em muitos anos passados, antes de 2004, os trabalhadores tiveram reajustes abaixo da inflação e isso ao longo do tempo compromete o valor dos vales. Essa valorização é importante”, reforça Juvandia.
Auxílio-creche/babá – O valor de R$ 788 para o auxílio-creche/babá foi rechaçado pela Fenaban sob o argumento de que são “subsídios”. O Comando cobrou que levem a reivindicação aos bancos e reforçou a importância da demanda, lembrando que as pessoas precisam ter onde deixar os filhos para poder trabalhar.
Auxílio-educação – Os bancários querem bolsa para todos os trabalhadores dos bancos. As grandes instituições, exceto o Bradesco, já pagam para uma parcela dos seus empregados. A Fenaban reafirmou que essa é uma política de cada banco e não há consenso sobre como tratar em Convenção Coletiva de Trabalho. O Comando continua cobrando.
15 minutos – Os 15 minutos de pausa para mulheres antecedendo a jornada extraordinária foi debatido, sem se chegar a um consenso. Como está previsto em lei, qualquer acordo feito deve se subordinar a ela. A discussão será retomada para tentar chegar a uma proposta.
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