Os bancários entram em greve por tempo indeterminado a partir desta terça-feira, 6/10, após rechaçarem em assembleias por todo o Brasil a proposta apresentada pela federação dos bancos (Fenaban) para renovação da Convenção Coletiva de Trabalho da categoria. No Ceará, os bancários estiveram reunidos nesta segunda-feira, 5, na sede do Sindicato para organizar o movimento.
Os bancos ofereceram reajuste de 5,5% nos salários e verbas, ante a inflação de 9,88% no período, o que geraria perda de 4% nos salários. O abono de R$ 2,5 mil também foi rechaçado. A categoria entendeu que, além de ser pago só uma vez, o valor não integraria o salário e, consequentemente, não se incorporaria ao FGTS, à aposentadoria nem ao 13º, gerando perdas enormes também no longo prazo. Fora que sequer seriam esses R$ 2,5 mil, porque sobre eles incidem imposto de renda e INSS.
Cofres cheios – A intolerância da categoria com a proposta não é à toa, afinal os bancos passaram bem longe da tal crise alardeada. Engordaram seus cofres no primeiro semestre lucrando R$ 36,3 bilhões, 27,3% a mais do que o mesmo período do ano passado (resultado de BB, Caixa, Itaú, Bradesco e Santander). De 2013 para cá aumentaram as tarifas 11 vezes mais que a inflação e 9,83 vezes mais do que pagam para os bancários. Só com o que arrecadam com elas, daria para cobrir todas as folhas de pagamento e sobraria muito para contratar mais e atender dignamente a população.
A categoria reivindica 16% de reajuste (reposição da inflação mais 5,7% de aumento real), entre outras pautas, como o fim do assédio moral e das metas abusivas. “Quem está jogando os bancários para a greve é a Fenaban. Nós somos a favor do diálogo e estamos dispostos a negociar, desde que os bancos apresentem proposta que contemple as reivindicações dos trabalhadores. Eles querem usar a desculpa da crise para rebaixar a força do movimento sindical, mas vão se decepcionar. Os trabalhadores unidos mostrarão toda sua força de mobilização na greve”, ressaltou Carlos Eduardo Bezerra, presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará.
A próxima assembleia dos bancários acontece dia 13/10, às 17h. Caso aconteça alguma nova proposta dos bancos, a categoria se reunirá emergencialmente.
Lei de greve – Os bancários estão cumprindo rigorosamente o que diz a lei de greve (lei nº 7.783/89). Realizando a maioria das assembleias no dia 1º/10, a categoria esperou o prazo previsto na lei, de no mínimo 72 horas, para deflagração da greve que inicia às 00h desta terça-feira. Da mesma forma, a categoria está observando o que determina o artigo 10 da lei de greve que versa sobre a obrigatoriedade do funcionamento de serviços essenciais, no caso dos bancos, somente o setor de compensação bancária.
Por outro lado, o artigo 6º, parágrafo 2º, afirma que “é vedado às empresas adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho”. Por isso, o Sindicato orienta a categoria para denunciar qualquer tipo de pressão nesse sentido.
Direito do Consumidor – Com o início da greve, os consumidores devem ficar atentos ao pagamento de faturas, boletos bancários e outros tipos de cobrança. De acordo com o Procon, embora a greve não afaste a obrigação do consumidor de pagar as obrigações, a empresa credora tem que oferecer outras formas e locais para que os pagamentos sejam efetuados. Para não ser cobrado de encargos (juros e multa) e ter o nome enviado a serviços de proteção ao crédito, a recomendação é que o consumidor entre em contato com a empresa e peça opções de formas e locais para pagamento, como internet, a sede da empresa, casas lotéricas, código de barras para pagamento em caixas eletrônicos, dentre outros.
Reclamações e denúncias devem ser feitas no Procon: Rua Major Facundo, 869 – Centro, telefone: 85 3105-1138 ou pelo app disponível para Android e IOS: http://applink.com.br/procon.fortaleza .
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